O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Quem foi Labareda?

Labareda entre as cabeças de Corisco e Lampião. Fonte: Revista Cruzeiro

Segundo o pesquisador e entusiasta do cangaço, Kiko Monteiro, Ângelo Roque, Vulgo Labareda e seu subgrupo de cangaceiros foi o bando mais atuante na região de Fátima, Adustina, Paripiranga e demais cidades vizinhas.
Ângelo Roque da Costa nasceu por volta de 1910 em Pernambuco. Assim como a quase totalidade das histórias de cangaceiros, a história de Ângelo Roque foi marcada pela pobreza e pela violência. Segundo entrevistas concedidas por ele mesmo após cumprir pena em Salvador, sua vida delinquente inicia ainda na adolescência quando assassina um soldado que prometera “roubar” sua irmã.
À partir de então, o valente pernambucano passa a integrar o bando de Lampião e perambular pela caatinga em sua vida errante. Ainda segundo ele, após dois anos de andanças ao lado do rei do cangaço, seu destaque como homem hábil e valente na luta lhe rendeu o posto de chefe de subgrupo.
Em palestra brilhante na Câmara de Vereadores de Fátima, Kiko Monteiro lembrou que, dada a grande extensão da área de atuação dos cangaceiros, era comum o bando originário do Capitão Virgulino dar origem a subgrupos. As áreas de atuação eram demarcadas entre os chefes que vez por outra juntavam-se para discutir estratégias ou mesmo para festejar. Entretanto, era consenso a divisão hierárquica, onde todos os subgrupos respondiam ao comando de Lampião. Os casos de subgrupos famosos, além do de Labareda, foram os de Corisco, Zé Baiano e Zé Sereno.
A atuação do bando de Labareda por esta região resultou na adesão de Benício Alves dos Santos (Saracura) para o bando. Benício nasceu em Paripiranga e assim como os demais companheiros de armas entrou para o cangaço em um contexto de extrema violência.




O bando de Labareda fez história nesta região. Kiko Monteiro me relatou alguns casos de ação do grupo na área. Para citar como exemplo, em um combate na fronteira entre Adustina e Coronel João Sá, entre o bando e a volante de Odilon Flor, foram mortos a companheira de Labareda, Mariquinha e mais dois cabras.
Ainda segundo as pesquisas de Kiko, dentre os chefes de subgrupo, Ângelo Roque era o mais benevolente (embora tenha cometido atrocidades), por muitas ocasiões o cangaceiro preferiu seguir em frente sem tirar vidas, fato que não acontecia com frequência nas visitas de Lampião ou mesmo de Corisco, notórios pela sua crueldade.




Cabeças dos cangaceiros mortos no Angico

Após a morte de Lampião no Angico, ficou claro que os dias de banditismo daqueles homens e mulheres chegava ao fim. Em 1940, dois anos depois, Labareda e seu bando se entregam à polícia em Paripiranga de onde foram transferidos para Salvador a fim de cumprirem pena pelos seus crimes.

Grupo de Labareda se entrega em Paripiranga (1940)



Prisioneiro disciplinado, Ângelo Roque passou dez anos na prisão. Após sua saída, contratado como assistente do professor Estácio de Lima, o antes temido chefe de subgrupo termina seus dias como um pacato funcionário público na capital baiana.




Julgamento em Salvador







6 comentários:

  1. Muito obrigado meu caro amigo Moisés por mais esta preciosidade,cresci na cidade de Fátima ouvindo historias do temido lampião,destas,algumas falam da possivel passagem do seu bando em nossa região. Claro que em nossas cabeças tudo isso não passava de um conto.
    O resto era só fantasia.

    Claudio Nascimento

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  2. Angelo Roque (Labareda) o último chefe de grupo do cangaço.
    OBS:
    Corisco era apenas fugitivo com sua esposa Dadá.
    Enquanto Labareda liderava um grupo.

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  3. Em que ano morreu Angelo Roque o labareda?

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  4. Em que ano Labareda morreu?

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