Saracura após cumprir pena em Salvador |
Benício
Alves dos Santos, o Saracura, é natural de patrocínio do Coité (atual
Paripiranga). A sua entrada no bando de Ângelo Roque, o Labareda, provavelmente
se deu no início dos anos 1930. Como toda história de adesão de cangaceiros, a
história de Saracura é brutal.
Segundo
entrevista que concedeu ao escritor Joel Silveira em 1950, quando cumpria pena
com Ângelo Roque, Volta Seca, Cacheado e Arvoredo (companheiros de cangaço) na
penitenciária de Salvador, sua entrada no bando deu-se após a invasão do sítio
da sua família em Paripiranga. Segundo relata, a volante, liderada pelo famoso
Odilon Flor, queria informação sobre o paradeiro dos cangaceiros por acreditar
que o seu pai, André Paulo do Nascimento, tinha tal informação.
Saracura
afirma que “o velho não sabia de nada” e por não fornecer a informação desejada,
foi torturado pelos soldados. Ainda segundo Saracura, arrancaram fio por fio da
sua barba e o mesmo aconteceu com as unhas.
Esse
acontecimento nos leva a refletir sobre a constante narrativa entre os
pesquisadores e testemunhas do cangaço a darem conta de que as volantes, grupos
de policiais efetivos e contratados destacados para combater o cangaço,
frequentemente agiam com violência maior do que os próprios bandidos a quem
perseguiam. Não se trata aqui de fazer julgamento acerca da atuação daqueles
homens, trata-se, isto sim, de buscar um relato o mais fidedigno possível de
sua atuação, esta permeada por relatos de estupros, assassinatos e apropriação
de bens de pequenos sitiantes que viviam atormentados com a presença de
cangaceiros e policiais.
Mas
voltando a falar de Saracura, sua atuação no grupo de Ângelo Roque durou cerca
de seis ou sete anos (ele não soube precisar), período que perambulou por toda
essa região, sendo bastante provável que tenha agido nas terras que hoje compõe
o município de Fátima.
Nos
anos 1930, apogeu do cangaço, Fátima era apenas uma pequena vila composta por
uma dezena de casas no que hoje é a sua sede e pequenos sítios espalhados pelas
redondezas. Pobre e sem muito a oferecer aos grupos que buscavam por riquezas,
seu nome não figura entre os locais famosos no universo do cangaço por não ter
acontecido aqui grandes confrontos com tiroteios e mortes a exemplo dos fatos
registrados em Heliópolis, Cícero Dantas e Paripiranga.
É
sabido, contudo, que Saracura e o bando de Labareda atuou fortemente por esta
região, sendo provável que tenha sido este o grupo responsável pelos ataques
relatados por Borges (2008) nas localidades do Mundo Novo, Cantos e Lagoa da
Volta.
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