Desde
os primeiros passos em busca das revelações da história do entorno da ferrovia
Salgado/Paulo Afonso, conhecida pelos fatimenses como “Leste”, uma história me
chamou a atenção já no início. Informações davam conta de que, nos anos 1950,
quando as obras da ferrovia impactavam a vida do povo desta terra, alguns
trabalhadores que morreram durante a obra teriam sido sepultados de forma
precária nas imediações do canteiro, sobretudo na região da Lagoa
da Volta, em Fátima-BA.
Pessoas com quem conversei e que trabalharam nas obras ou são descendentes de trabalhadores informaram que diversas mortes ocorreram no percurso da construção da ferrovia. De mortes por esgotamento físico, passando por doenças misteriosas a assassinatos. São relatados por aqueles que de alguma forma foram envolvidos no projeto da ferrovia tocado pela empresa Leste em meados do século passado.
Pessoas com quem conversei e que trabalharam nas obras ou são descendentes de trabalhadores informaram que diversas mortes ocorreram no percurso da construção da ferrovia. De mortes por esgotamento físico, passando por doenças misteriosas a assassinatos. São relatados por aqueles que de alguma forma foram envolvidos no projeto da ferrovia tocado pela empresa Leste em meados do século passado.
A história toda ganha um tom de
sobrenatural nas narrativas dos moradores locais. Em alguns casos, essas
pessoas não gostam, sequer de comentar.
Em entrevista, gentil e agradavelmente
concedida pelo senhor, Raimundo Correia, morador da “Volta”, fui surpreendido
por relatos impressionantes acerca do caso. Segundo este, não só uma, mas
várias “covas” de trabalhadores foram visualizadas pelos lavradores locais ao
longo dos anos. Raimundo relatou ainda que, ele mesmo viu diversas sepulturas
ao longo do trajeto da ferrovia que passava pelas terras do seu pai, antes do “beneficiamento”
do terreno que findou por apagar tais registros.
As questões de cunho sobrenatural, oriundas da religiosidade do sertanejo, ganham força ao passo que as pessoas da região cultivam um misticismo quanto ao local específico
das obras e das sepulturas adjacentes, pois moradores da região, com quem tive
a oportunidade de conversar, relatam casos de aparições e sensações misteriosas
ao cruzarem com aquela área em suas atividades cotidianas.
Esta peculiaridade nos remete à
construção da muralha da China, onde trabalhadores foram sepultados no canteiro
de obras no qual laboravam. No caso da “Leste”, os sepultamentos precários provavelmente
aconteceram em virtude da magnitude da obra e da dificuldade de logística do
traslado dos corpos daqueles que sucumbiram ao estafante trabalho de abrir caminho
entre a vegetação causticada da caatinga para a passagem da ferrovia. Exemplo disso
é o fato de trabalhadores de estados como Pernambuco terem ficado na região e constituído
família após o término das obras.
O relato de Raimundo Correia, a despeito
da simpatia com que nos recebeu, não deixa de ser impactante. São seres humanos
que deixaram suas famílias em busca de trabalho e que jamais retornaram,
sucumbindo às doenças e ao clima rigoroso desta nossa terra.
Infelizmente não existe documentação conhecida da empresa responsável pela obra acerca das sepulturas, acredito que, por razões óbvias, os mandatários tiveram a clara intensão de "esquecer" os acontecimentos. Não temos também nenhum relato de descendentes à procura de algum familiar desaparecido naquele período. O fato é que essa história carece de estudos arqueológicos que venham a trazer luz à este obscuro capítulo da nossa história.
Infelizmente não existe documentação conhecida da empresa responsável pela obra acerca das sepulturas, acredito que, por razões óbvias, os mandatários tiveram a clara intensão de "esquecer" os acontecimentos. Não temos também nenhum relato de descendentes à procura de algum familiar desaparecido naquele período. O fato é que essa história carece de estudos arqueológicos que venham a trazer luz à este obscuro capítulo da nossa história.
Muito curioso esse caso da história dos trabalhadores da derrovia Leste
ResponderExcluirVdd, uma história, no mínimo, curiosa.
ResponderExcluir