O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

João Maria e Zé Rufino?


 

Em carta escrita pelo padre Renato Galvão no dia 4 de outubro de 1954 endereçada ao deputado João da Costa Pinto Dantas, encontramos o curioso dia em que João Maria de Oliveira, adversário político do padre naquela ocasião, quase precisou se entender com o famoso matador de cangaceiros, o tenente José Osório de Farias, conhecido com Zé Rufino.

Para entender o contexto, é preciso lembrar que naquele ano (1954) o cangaço já havia acabado e Zé Rufino gozava de enorme prestígio pelos seus feitos durante os tempos do combate ao banditismo. Naquela data, acontecia a eleição para prefeito de Cícero Dantas, pleito vencido por João Batista de Andrade Souza, da UDN com 1374 votos, e a seção eleitoral de Fátima, que funcionava no atual Colégio Estadual N. S de Fátima, era famosa pelas confusões entre os grupos políticos rivais.

Sabendo disso, o Padre Renato buscou se precaver e solicitou junto às autoridades a presença de ninguém menos que Zé Rufino, a fim de garantir que os trabalhos corressem dentro da normalidade.

Acontece que o famoso oficial, por alguma razão, não atendeu ao chamado do Padre e a problemática seção eleitoral ficou sem a autoridade policial desejada pelo vigário.

O que se segue, de acordo com o relato do religioso na dita carta é um caos promovido pelo então soldado João Maria e um certo subdelegado João Neves. Ainda de acordo com o relato da carta, Dona Ludi era a presidente da mesa e João Maria teria usado isso em seu favor, coagindo eleitores adversários e espalhando boatos de pânico provocado o retorno antecipado de eleitores que não votaram. Eram 600 votantes naquela seção que, devido aos contratempos provocados por João Maria e o Subdelegado, tiveram apenas três horas para concluírem a votação em cédula da época o que, naturalmente, provocou alta abstenção em uma seção que tinha muito mais votos para o candidato do Padre. Diante disso, O vigário finaliza a carta pedindo a intervenção do deputado no sentido de anular a votação e realizar novo pleito.

O fato a ser registrado aqui é um quase encontro entre a mais famosa liderança política de Fátima e um personagem importante da história do cangaço. Encontro que só não aconteceu (ao menos não dessa vez) pela ausência de Zé Rufino.

Obviamente esse texto não visa atacar a imagem de nenhum dos personagens envolvidos nessa história, o que busco, tão somente, é trazer o relato aos leitores do blog e deixar o registro de mais um episódio da nossa história.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Folheto Comemorativo dos 50 anos de sacerdócio do Monsenhor Renato Galvão.


 

O folheto em questão foi enviado pelo amigo Jonielton Dantas, como ele mesmo diz, é mais um tesouro do baú de seu pai, Zé de Silvério. Desse mesmo baú, já saiu o folheto criado pelo próprio padre Renato em comemoração aos 100 anos de nascimento do Padre Vicente Martins (1956), o que gerou uma publicação aqui no Blog História de Fátima de 19 de agosto de 2021.

            Hoje recebemos mais esse importante documento histórico. Trata-se de um recorte comemorativo dos 50 anos de sacerdócio do Padre Renato. Com uma história detalhada de toda a sua vida dedicada à igreja Católica.


Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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sexta-feira, 24 de junho de 2022

Transição: De Vicente Martins a José de Magalhães e Souza.


 

Em agosto de 1930 o Padre Vicente Martins, com 74 anos, adoecido, convida o Monsenhor José Magalhães e Souza, pároco de Jeremoabo, para auxiliar nos trabalhos da paróquia de Bom Conselho;

O português José de Magalhães e Souza foi, inicialmente, nomeado vigário cooperador e assume as funções e desobrigas. Na ocasião, afirma em suas anotações que buscou manter uma postura branda para não desagradar o velho vigário titular.

Em 1931, ainda dividindo as funções entre Jeremoabo e Cícero Dantas, passa alguns dias por mês na paróquia de N. S do Bom Conselho atendendo também as comunidades vizinhas. Em agosto de 1932 realiza a festa da padroeira, enquanto o Padre Vicente Segue Doente;

No dia 4 de junho de 1933, em Jeremoabo, José Magalhães recebe a notícia da piora na condição de Saúde do padre Vicente. Ele viaja à Cícero Dantas, inclusive durante toda a noite, chegando na manhã de 5 de junho para receber a notícia de que Vicente Martins havia falecido na manhã do dia anterior, aos 77 anos de idade e sepultado no mesmo dia a tarde no altar da igreja;

Em suas anotações, o religioso registra a sua gratidão pela consideração dos fiéis pelo velho padre:

 

Agradeci a todos o quanto tiveram feito para o seu vigário que o serviu por 50 anos, pois fazia apenas sete dias para completar 50 anos que tinha celebrado nessa terra pela primeira vez. (Livro de Tombo da Igreja de N. S do Bom conselho, p. 8).

 

Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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segunda-feira, 20 de junho de 2022

Saracura, vida após o cangaço.

 

Saracura e sua segunda esposa. Acervo Kiko Monteiro
Foto inédita na literatura do cangaço.


    Benício Alves dos Santos era paripiranguense, entrou para o cangaço após desacertos com a polícia local e foi combater ao lado do notório Labareda. Sua vida durante o cangaço é relativamente bem conhecida. Saracura ficou famoso por aparecer em um famoso documentário onde é descrito por Zé Rufino como um homem destemido e inteligente, capaz de comandar um grupo por conta própria.

          No mesmo documentário Benício aparece já como funcionário público do Instituto Médico Legal. Em uma breve entrevista, entre informações sobre a vida bandoleira, deixa claro que não gostava de falar do cangaço.

          Tudo que foi dito até aqui, não é novidade para quem gosta e pesquisa sobre o cangaceirismo, contudo, recentemente, tive a oportunidade ímpar de entrevistas Silvano Andrade Santos, filho de Benício. A descoberta do contato me foi gentilmente passada pelo pesquisador Kiko Monteiro.

          Por telefone, Silvano me passou as informações que faltavam para compor o perfil de Saracura após o fim do cangaço e finalmente compor a historiografia sobre o tema.

Saracura faleceu ainda jovem, aos 59 anos, contrariando a tradição de longevidade dos cangaceiros sobreviventes ao cangaço. A data exata do seu falecimento é 2 de junho de 1975, morreu de hepatite e foi sepultado em Salvador.

          Benício nasceu no dia 01 de novembro de 1916, se entregou em 1940 em Paripiranga e seguiu para cumprir pena em Salvador. Após cumprir sua sentença, continuou morando na capital, mas, de acordo com Silvano, fez diversas visitas à Paripiranga após o cangaço. Foi na fazenda de um amigo, Ramiro Vieira de Andrade, que conheceu a mulher com quem viveria pelo resto de seus dias.

          A filha do fazendeiro que encantou Saracura foi Josefa Vieira de Andrade Santos, ainda viva, com 83 anos, residente em Itaberaba, a 288 Km de Salvador. Foi dela que Silvano retirou a maior parte das informações a mim passadas para a composição desse artigo, uma vez que ele tinha apenas 11 meses de idade quando Saracura faleceu.

          Sua vida cotidiana era dedicada ao trabalho e à família, tornou-se um cidadão tranquilo, ordeiro, casado, pai de quatro filhos, três biológicos e um adotivo. Como ele mesmo afirmou no documentário já citado, não gostava de falar do cangaço e pode estar aí o motivo de sua vida civil não ter sido documentada até agora. Não temos informações acerca da sua relação na vida civil com o outrora chefe Ângelo Roque. Sabe-se, contudo, que chegou a contar algumas histórias para a esposa em momentos de descontração.

          A família permanece unida, Silvano é casado, pai de três filhos, um deles, o caçula, leva o nome do avô, Benício Andrade. É um nome forte para uma criança que vai crescer com um nome carregado de significados e com uma bela história de lutas.

          Silvano é empresário e pai também de Victória Andrade (26 anos) e Miguel Andrade (21), Valentina Andrade, filha de Simone Andrade, completa o rol de netos do ex-cangaceiro Saracura.

          A esposa de Saracura criou os filhos em Salvador apoiada na pensão de um salário mínimo que recebia como viúva, diante das dificuldades da vida, seu pai chegou a ir busca-la para voltar a viver em Paripiranga, mas ela recusou e preferiu criar os filhos onde acreditava ter melhores condições de dar a eles boa educação, oportunidade que não teve durante a vida. A família optou por Itaberaba, onde vive ainda hoje.

         

 

Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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domingo, 19 de junho de 2022

A chegada do telefone à Fátima.

Imagem ilustrativa.

 

Criada em 1973, a Telebahia era uma estatal baiana ligada ao sistema de telecomunicações brasileiros (TELABRAS). A empresa dominou o mercado em toda a Bahia até a sua privatização em 1998.

               O serviço de telefonia chegou em Fátima provavelmente em 1983, na gestão Fernando Andrade (1983-1988). De acordo com o ex-prefeito Eduardo Pires, o serviço inicial foi viabilizado a partir da instalação de uma única antena posicionada no alto de Zé da Barreira, onde hoje ainda existem as torres de TV e telefonia da cidade.

               A pequena antena ligava-se ao posto telefônico por uma rede de fios que faziam a ligação para um único aparelho telefônico localizado no pequeno posto instalado na residência do senhor Pedro Cardoso, pai da professora Nailda, vizinho ao prédio da atual Câmara de Vereadores.

               Para os mais jovens, acostumados às facilidades da tecnologia, será estranho saber que o serviço de telefonia da cidade se restringia a um único estabelecimento. Quando alguém desejava fazer uma ligação, se dirigia ao posto e solicitava ao funcionário público de plantão a discagem dos números específicos. Quando o inverso era aplicado, ou seja, quando alguém de fora da cidade ligava para o posto com a intenção de falar com algum fatimense, enviava-se um mensageiro até a casa do solicitado para avisar que ele tinha uma ligação para atender.

               Os funcionários listados e enviados para a prefeitura de Fátima durante o processo da emancipação eram: Ester Menezes de Souza, Josefa Fontes de Sena, José Souza Vieira e Antônio Alves de Souza. Todos contratados pela prefeitura de Cícero Dantas, visto que Fátima, no início dos anos 1980, ainda era uma vila pertencente ao referido município.

               Já no período pós emancipação, foi feita uma expansão pela gestão João Maria de Oliveira. Por intermédio do deputado paripiranguense Faustino Dias Lima (que também ajudou na emancipação do município), conseguiu-se expandir a rede e instalar aparelhos de telefone nas residências das famílias em melhores condições financeiras. Foi a primeira vez que o fatimense viu um telefone em uma casa de família.

               Mas o serviço público ainda continuou a ser oferecido. Durante os anos 1990, o posto funcionou próximo à papelaria J. Oscar. Lembro, quando criança, de frequentar o estabelecimento com três cabines telefônicas feitas de madeira com uma abertura de vidro, onde as pessoas entravam para falar com um pouco mais de privacidade. Mesmo com a instalação das cabines, muitas fofocas ainda se espalhavam em virtude do mal hábito de algumas pessoas que escutavam a conversa alheia durante as ligações.

 

Nota: Para compor as informações aqui inseridas, eu conversei com Eduardo Pires, José Bomfim Andrade e Marcos Rogério Morais.


Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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segunda-feira, 6 de junho de 2022

Chiquinho Vieira.

 

Casa de Chiquinho Vieira.

Francisco de Souza Andrade Vieira é o patriarca da família Vieira de Cícero Dantas. Nascido em 1872, Chiquinho Vieira, como ficou conhecido, foi um importante nome da política local durante as primeiras décadas do século XX.

          Habilidoso estrategista, mandava e desmandava na política local. Amigo do Barão de Jeremoabo, trocou cartas com o fidalgo até 1903, ano do falecimento do Barão. Nas cartas tratavam de assuntos que variavam de indicações políticas à favores em nome de parentes e correligionário.

          Chiquinho Vieira é avô do ex-prefeito de Cícero Dantas Hélio Vieira e pai de Accioly, Avelina Vieira de Andrade. Era casado com Anezita Carvalho de Andrade. Formou-se bacharel em ciência políticas e foi prefeito de Cícero Dantas em 1899 e chegou a ocupar o cargo de Juiz da cidade.

          Seu prestígio dava-se em decorrência das alianças políticas que cultivou ao longo da vida, sobretudo a amizade com o Barão de Jeremoabo e, após a morte do Barão, com seu filho deputado João da Costa Pinto Dantas.

          Foi Chiquinho Vieira que, nos anos 1930, ajudou Ângelo Lagoa a fundar a feira e o barracão na atual Praça Ângelo Lagoa. A feira, como se sabe, ajudaria a pequena localidade do Mocó a se desenvolver e se tornar a Fátima que conhecemos.

          Chiquinho Vieira faleceu no dia 17 de julho de 1949, as 13h em sua residência na cidade de Cícero Dantas, conforme relato do Padre Renato em seu livro de notas. Ainda de acordo com os registros do dito padre, contava na ocasião com 77 anos de idade. A casa do Coronel afamado ainda hoje mantem a fachada original (imagem de capa).


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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Fotografia com o Barão de Jeremoabo e o Padre Vicente.


 

A imagem é parte do acervo do museu do sertão, em Itapicuru, e data do início do século XX, pouco tempo entes do falecimento do Barão em 1902.

Na fotografia, desgastada pelos mais de 100 anos, é possível ver ao centro o Barão de Jeremoabo, marcado pelo algarismo 1, e o Padre Vicente ao lado da igreja de Cícero Dantas após uma missa.

Percebam que ao fundo, é possível ver a parte da cidade hoje conhecida como alto dos Vieiras ainda sem construções, muito diferente do aspecto atual.


terça-feira, 12 de abril de 2022

A torre de Fátima.

 


                Fátima hoje conta com mais de uma torre de telefonia ou para veicular o sinal da Tv aberta. Os monolitos de metal se erguem na antiga Serra do Mocó, que é assim chamada desde, pelo menos, 1916. Essas torres são parte da paisagem da cidade e comunidades vizinhas há anos.

            Por muito tempo, entretanto, apenas uma única torre solitária ficava ali instalada. O monumento, erguido para proporcionar ao fatimense sintonizar a TV Bahia (sim, por anos, só era possível assistir a esse canal especifico) infelizmente protagonizou episódios terríveis quando algumas pessoas decidiram saltar para a morte dos vários metros de altura da estrutura.

            A história dessa primeira torre tem início a 7 de março de 1990, na gestão de Osvaldo Ribeiro, quando a Câmara Municipal de Vereadores que funcionava ao lado do atual PSF da avenida Nossa Senhora de Fátima (Exatamente na casa da professora aposentada Gerinalda dos Anjos) autorizou o executivo municipal, através do projeto de lei N° 68, a comprar de 702 metros quadrados nas terras do senhor José Ferreira Sobrinho (Zé da Barreira) a fim de ali construir a estação parabólica Tv Bahia.

            De acordo com o ex-prefeito Eduardo Pires, que na época era o presidente da Câmara, o deputado Zé Lourenço adquiriu o equipamento necessário e doou ao município. Na época, uma única torre, como dito, foi erguida e tinha a função específica de viabilizar o sinal da Tv Bahia para o fatimense. Já nos anos 2000 outras torres foram sendo erguidas e outros canais puderam ser sintonizados. Mais recentemente as operadoras de telefonia também ergueram outras estruturas.

Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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quarta-feira, 6 de abril de 2022

A Construção da barragem de Abel.

Barragem de Abel - Google earth.


Se você já trafegou entre a sede do município de Fátima e os povoados de Panelas, Araçás, Paus Pretos e outros, certamente já atravessou a estreita estrada formada pela barragem do proprietário de terras Abel Borges. Hoje vamos contar a história de como surgiu aquela estrutura.

Era o ano de 1987 e a câmara de vereadores se via diante de um impasse. De acordo com o ex-prefeito Eduardo Pires, a estreita rodagem que ligava o povoado Cantos aos povoados acima citados, passava por trás da propriedade de Abel Borges e de seu sogro (sr. Bilau). a entrada era um pouco acima da atual, um caminho carroçável que ficava intransitável em tempos de chuvas. Nessas épocas, o riacho que corta a propriedade ficava cheio e impossibilitava a passagem, o que forçava os transeuntes a cortar caminho por dentro da propriedade onde hoje fica a dita barragem.

Naquele período, a passagem de pessoas, carroças e automóveis por dentro da propriedade incomodou os proprietários. Abel, homem influente na política, primo do então vice-prefeito Augusto Borges, protestou contra a situação e um projeto de lei foi parar na câmara com o intuito de desapropriar parte das terras a fim de ali criar uma estrada pública, o que causou protestos por parte do possuidor das terras.

No dia 6 de abril de 1987, foram à câmara de vereadores, conforme registro no livro da casa, Abel Borges e João Maria para tratar de um acordo costurado pelo então prefeito. Na sessão da mesma data, ficou acordado que o projeto de lei que previa a desapropriação das terras seria abandonado, em seu lugar, lavraria-se em ata um acordo onde a prefeitura se comprometeria a construir um paredão de pedra e cascalho na propriedade particular de Abel, sobre o qual seria criada uma estrada pública.

O paredão formaria ali uma aguada que seria a contrapartida da prefeitura para o dono da terra que se comprometeu naquela mesma ocasião a não instalar cancelas que impedisse a livre passagem dos munícipes.

Assim foi feito e desde então a situação foi resolvida. Hoje, mais de 35 anos depois o acordo continua sendo honrado, a barragem continua de grande serventia para Abel Borges e vizinhos e a estrada ainda serve a todos que dela necessitam.

 

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Sino da Igreja de Fátima, 1949.


 

No dia 10 de maio de 1949 o Padre Renato faz o registro da doação do sino para a capela de Montalverne. Na oportunidade, o religioso, pároco da Matriz de Bom Conselho, Registra a doação feita pelo engenheiro Lauro Farani de Freitas, diretor da Viação Férrea Leste Brasileira.

Se o leitor for atento, vai lembrar que essa foi a empresa responsável pela obra da ferrovia que cortaria diversas localidades do município de Fátima, como Serra Velha, Jurema e Lagoa da Volta.

O engenheiro benfeitor do arraial de Montalverne é o mesmo que dá nome à cidade baiana de Lauro de Freitas. Por uma infeliz coincidência, ele viria a falecer no ano seguinte, em um acidente aérea na cidade de Bom Jesus da Lapa.

A presença do engenheiro por essa região provavelmente se deu em virtude dos estudos que a empresa que presidia fazia na área para as obras da ferrovia que começaria um ano após a doação do sino da atual igreja matriz de Fátima. De acordo com os registros, Lauro de Freitas ainda doou os sinos das capelas de Antas e Mirandela. O vigário termina o relato com um agradecimento:

 

“Muitas bençãos para o benfeitor e sua digníssima família”

 

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quarta-feira, 30 de março de 2022

Jornal da Bahia noticia a festa de inauguração da Bomba em 1959.


 

            Na edição de 6 de outubro de 1959, o Jornal da Bahia publica ampla reportagem sobre a inauguração do serviço de água de Fátima realizado pelo DONOCS.

            A cerimônia foi abordada aqui no Blog História de Fátima a partir do relato deixado pelo Padre Renato Galvão a próprio punho no livro de tomba da igreja de Cícero Dantas, hoje, trago a reportagem completa do periódico com novos detalhes sobre o acontecimento.

            A imagem também é parte dos registros do Padre Renato na Igreja de Cícero Dantas, é um recorte da pagina da edição anexado ao livro onde duas fotos do evento compõem esse importante documento da história da nossa cidade.


terça-feira, 29 de março de 2022

Primeira missa do Padre Renato Galvão em Fátima, escolha do padroeiro e uma má impressão.


 

 

            Não resta dúvidas sobre os trabalhos deixados pelo padre Renato Galvão ao povo de Fátima. Ao longo dos seus 19 anos como pároco de Cícero Dantas o vigário deixou como legado para o fatimense a Bomba, o Açougue municipal e diversas outras obras.

            A primeira missa celebrada pelo padre Renato por aqui, contudo, não deixou boa impressão do povo de Fátima. Embora tenha, naquela ocasião, realizado a escolha do padroeiro do vilarejo, naquele 2 de maio de 1945 o padre tece duras críticas aos hábitos dos habitantes locais.

            Era aquele o primeiro ano dele como pároco oficial de Cícero Dantas e nos primeiros meses se dedicou a visitar as capelas espalhadas pelo imenso território do município. Assim, foi à Antas no dia 08 de abril, Caxias em 30 de maio e Montalegre no dia 02 do mesmo mês.

            Na página 56 do livro de tombo escreve o padre:

 

Montalegre, 02 de maio de 1945.

 

            Talvez o povo de índole mais atrasada e costume pouco cristão. Usei de energia. O vício da embriagues toma proporções tristes, até mesmo as moças da chamada boa estirpe. O remédio foi a fundação do catecismo e a introdução do mês de maio. A devoção à Nossa Senhora converterá aquela gente que tem boa vontade. Foi escolhido o padroeiro, São Francisco de Assis.

            A assistência mostrou-se comovida e interessada com a história e vida do novo padroeiro somado ao sermão.

 

            Como se vê nas palavras do padre, os habitantes do lugarejo batizado dez anos antes pelo Monsenhor José Magalhães de Montalegre eram “pouco cristãos” e de hábitos (ao seu ver) inadequados. A despeito da dureza com que descreveu o povo inicialmente, o vigário foi aparentemente mudando de opinião com o passar do tempo e em registros posteriores faz elogios ao mesmo povo que naquele ano chamou de “aquela gente”.

 

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Capela de Montalegre (Fátima) é reformada.

 

Imagem ilustrativa.

No dia 12 de julho de 1944 o Monsenhor José de Magalhães e Souza (Português que comandava a paróquia de Jeremoabo) registra missa e reforma na capela que, mais tarde, daria origem à atual igreja Matriz de Fátima.

Na ocasião escreveu o vigário:

 

Dia 12 viajei, para celebrar dia 13 em Montalegre e animar o povo a rebocar e melhorar a capela.

 

Como já abordado aqui no Blog História de Fátima, a capela que deu origem à atual Matriz de São Francisco De Assis provavelmente foi erguida ainda em 1938. Em 1935, contudo, o mesmo José Magalhães registra celebração por aqui em casa de populares, na oportunidade o religioso batizou o vilarejo de Montalegre.

Naquele 13 de maio de 1944, contudo, na opinião do padre, a capela já necessitava de reparos e ainda estava parcialmente sem reboco.

 

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Os nomes das praças e avenidas de Fátima.

 

O ano é 1987 e Fátima dá seus primeiros passos como município autônomo. Naquele ano, o prefeito João Maria de Oliveira e os vereadores eleitos tomavam as primeiras medidas para fazer o novo município “andar com as próprias pernas”.

            Umas dessas ações se deu no dia 23 de setembro de 1987. Nesse dia, a Câmara Municipal de Vereadores votou o projeto de lei N° 14 que autorizava o executivo a nomear as Praças, Ruas e Avenidas da jovem cidade. Era uma medida administrativa que, como dito, visava fazer a máquina pública funcionar.

            Desse projeto de lei, surgiram vários nomes de ruas, sugeridas pelos próprios membros da gestão. Um exemplo disso foram as sugestões do Ex-prefeito Eduardo Pires, na época chefe de gabinete, que sugeriu os nomes do Largo da Santa Amélia e Largo da Piedade. De acordo com o próprio Eduardo, o Largo da Piedade (em frente à Bomba) foi pensado baseado no sofrimento das mães que penavam ao sol nas longas filas para pegar água na Bomba.

            Outros “batismos” de ruas e avenidas também surgiram naquela ocasião, como: Praça Ângelo Lagoa, Rua Mundo Novo, Rua São Francisco De Assis, Rua Bela Vista, Avenida Tancredo Neves (hoje Av. João Maria de Oliveira), Rua João Lucino (Hoje Rua Liberino Vicente, em homenagem ao ex-volante fatimense), Rua Martinha Gabriel, Rua Lage da Boa Vista, Rua Ludugério Félix (Homenagem ao pai do então prefeito), Avenida Nossa Senhora de Fátima, Avenida Sete de Setembro, Rua Maria Preta, Avenida Castro Alves, Rua Joana Angélica, Praça Rui Barbosa e Avenida dos Borges.

            Esse último, de acordo com Eduardo Pires, gerou certa polêmica. Foi ideia de João Maria o nome Av. Dos Borges, o que incomodou o vereador Carlinhos de Alfredo que desejava batizar a avenida com o nome de alguém da família Borges e não se agradou do nome Av. Dos Borges. Consta que, ao saber da resistência do vereador o prefeito foi bravo até a câmara e, uma vez lá, não encontrou mais qualquer oposição e a avenida foi mesmo batizada com o nome “sugerido” pelo prefeito.  

 



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