No dia 10 de maio de 1949, o Padre Renato registrou a doação de um sino para a Capela de Montalverne. À época, o sacerdote, então pároco da Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho, anotou o gesto generoso do engenheiro Lauro Farani de Freitas, que visitava a região — provavelmente em razão das obras da ferrovia Salgado–Paulo Afonso, cuja construção seria iniciada poucos meses depois.
O engenheiro, que por acaso passava pelo arraial de Mont’Alverne naquela ocasião, é o mesmo que mais tarde daria nome à atual cidade baiana de Lauro de Freitas.
Segundo o registro paroquial, o engenheiro também doou os sinos das capelas de Antas e Mirandela. O vigário encerra a nota com uma mensagem de gratidão:
“Muitas bênçãos para o benfeitor e sua digníssima família.”
Nascido em 15 de abril de 1902, na cidade de Alagoinhas (BA), Lauro Farani de Freitas era filho de Graciliano Pereira de Freitas e Mariana Farani Pedreira. Casou-se em 1928 com Maria Alvira Pena Pedreira, com quem teve cinco filhos.
Formou-se em Engenharia Civil em 26 de março de 1922, atuou como professor do Ginásio da Bahia e exerceu diversos cargos públicos ao longo de sua carreira.
Ainda em 1922, ingressou na Viação Férrea Leste Brasileira, empresa responsável pela construção da ferrovia que cruzaria o atual território de Fátima na década de 1950.
Quem desejar conhecer mais sobre essa obra — cujos vestígios ainda marcam o território de Fátima e dos municípios vizinhos — pode acessar o texto completo em:
Durante o Estado Novo, Lauro de Freitas ocupou o cargo de diretor da Viação Leste e, em 1945, foi eleito deputado federal pelo PSD. Em 1950, candidatou-se ao governo da Bahia, mas sua trajetória foi tragicamente interrompida em pleno sertão.
No dia 11 de setembro de 1950, o avião em que viajava, acompanhado de um piloto e de um deputado, caiu nas imediações do município de Monte Santo.
O acidente, ocorrido em meio à campanha eleitoral, gerou fortes comoções e alimentou diversas teorias conspiratórias, entre elas a de que inimigos políticos teriam adulterado o combustível da aeronave com açúcar.
A morte de Lauro de Freitas encerrou precocemente a trajetória de um político promissor, cuja memória foi perpetuada quando o governo baiano emancipou o distrito de Santo Amaro de Ipatinga, nomeando-o Lauro de Freitas, denominação que conserva até hoje.
Moisés Santos Reis Amaral
Professor do Município de Fátima há 20 anos
Licenciado em História pela UniAGES
Especialista em História e Cultura Afro-brasileira
Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço
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