O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

sábado, 4 de julho de 2020

Fátima, do gerador a diesel à energia elétrica.

Decreto de junho de 1964.


            A gestão do Padre Renato Galvão junto à prefeitura de Cícero Dantas de fato foi um período de melhorias para a então Vila de Fátima. Diversas obras e benfeitorias foram realizadas em benefício do povo fatimense.
            No dia 15 de junho de 1964, um a mês antes de autorizar a construção do Mercado Municipal, o prefeito assina decreto liberando a aquisição do sistema de força de luz para Vila de Fátima que, de acordo com o decreto da mesma data, consistia na aquisição de postes, cabos e uma usina “termoelétrica”. Tudo isso com um orçamento limite de dois milhões de cruzeiros.
            O termo utilizado para definir a usina de força que traria energia elétrica para Fátima contém um erro de definição. Uma usina termoelétrica consiste em uma instalação na qual a energia elétrica é gerada a partir da queima de combustíveis como carvão, Biomassa, Diesel, etc. dentro de uma caldeira. Tal instalação jamais existiu em Fátima, tratando-se, como dito, apenas de um erro de definição.
            A “usina” que foi instalada no Poço Municipal, na “Bomba”, como é popularmente conhecida, tratava-se de um gerador movido a diesel com capacidade para gerar a energia de que necessitava a pequena localidade.
            De acordo com Joselito Amaral, o equipamento era operado pelo fatimense João Mota, o mesmo cuidador do Poço Municipal. A energia fluía enquanto o gerador estava ligado e isso não acontecia nas vinte e quatro horas do dia. Como lembra Joselito, o serviço só funcionava até as oito horas da noite. Segundo ele, para alertar os moradores, João Mota dava “três sinais” que consistiam em três apagões em intervalos regulares. Era a deixa para que todos voltassem para as suas casa pois, após o último sinal, o gerador era desligado e toda a Vila voltava à escuridão noturna.
            A energia elétrica oriunda de uma usina hidroelétrica, como temos hoje, só chegaria à Fátima em 1971, na gestão de Abelardo Vieira.
            Mas as ações do Padre/Prefeito em favor de Vila de Fátima não parariam por aí. Meses mais tarde, no dia 30 de outubro do mesmo ano (1964) ele assinaria mais dois decretos. Um que liberava um milhão e duzentos mil cruzeiros para a instalação do serviço de limpeza pública e outro de quinhentos mil cruzeiros para ampliação do prédio escolar, atual Colégio Estadual Nossa Senhora de Fátima e mais quinhentos mil para indenização de terrenos desapropriados para a ampliação.
            Sem dúvidas, a gestão do Padre Renato foi um período de grandes melhorias para Fátima.

·         A documentação necessária para a elaboração desse artigo nos foi enviada pelo pesquisador Juan K. Menezes.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

A Prefeitura municipal de Cícero Dantas publica o decreto de construção do Mercado Público Municipal na então Vila de Fátima.

Decreto de 17 de julho de 1964


Naquele fatídico ano de 1964, que ficaria marcado para a história nacional como o ano do golpe militar que instauraria uma sombria ditadura de 21 anos no país, na pequena cidade de Cícero Dantas, da qual Fátima fazia parte, estava em vigor o mandato do Padre Renato Galvão, mandato que durou de 1962 a 1965 em decorrência da renúncia do vigário alegando problemas de saúde.
            Na câmara municipal, havia um representante da então Vila de Fátima. Seu nome era João Maria de Oliveira e tinha sido eleito vereador do município de Cícero Dantas pela primeira vez.
            Se você, caro leitor fatimense, fosse contemporâneo daquele legislatura, é quase certo que cultivaria um sentimento de esperança de novos e melhores tempos para a pequena Vila de Fátima na dita conjuntura. Mas isso não seria por acaso, afinal, a Vila agora tinha um representante, filho da terra, no poder legislativo (João Maria) e um notório simpatizante no executivo municipal, o então prefeito, Renato Galvão.
            Ao que tudo indica, o Padre Renato era um homem de grande espírito público, as suas correspondências com o deputado estadual e líder local João da Costa Pinto Dantas, revelam uma preocupação com o município digna de alguém que realmente estava disposto a ajudar.
            Assim, dadas as condições políticas favoráveis, no dia 17 de julho de 1964 o padre/prefeito assina o decreto da construção do Mercado Público Municipal para a Vila de Fátima, à época, o maior povoado do município de Cícero Dantas.
            Não está claro qual a participação do então vereador João Maria na aquisição da obra, o fato é que, dadas as circunstâncias, tudo nos leva a crer que o político que ainda teria uma longa história política em Fátima, não só tinha interesse na obra como buscou pelo recurso.
            Em caráter de urgência e com um orçamento inicial de três milhões de cruzeiros, o povo fatimense foi contemplado com uma obra que, de certo, veio a melhorar a vida dos munícipes. 
Por ocasião da construção do mercado, também conhecido pelos fatimenses como Açougue Municipal, o comércio alimentício que funcionava na Praça Ângelo Lagoa, onde outrora funcionava a feirinha e o barracão, para a assim chamada "Rua Nova" que mais tarde daria origem à atual Avenida Nossa Senhora de Fátima, a maior da cidade. A construção da década de 1960 ainda hoje existe na atual avenida Nossa Senhora de Fátima e nos dias atuais abriga o Banco do Brasil e um almoxarifado da prefeitura.

·         A documentação para a construção desse artigo nos foi enviada pelo pesquisador Juan Kléber Menezes.