O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

quarta-feira, 30 de março de 2022

Jornal da Bahia noticia a festa de inauguração da Bomba em 1959.


 

            Na edição de 6 de outubro de 1959, o Jornal da Bahia publica ampla reportagem sobre a inauguração do serviço de água de Fátima realizado pelo DONOCS.

            A cerimônia foi abordada aqui no Blog História de Fátima a partir do relato deixado pelo Padre Renato Galvão a próprio punho no livro de tomba da igreja de Cícero Dantas, hoje, trago a reportagem completa do periódico com novos detalhes sobre o acontecimento.

            A imagem também é parte dos registros do Padre Renato na Igreja de Cícero Dantas, é um recorte da pagina da edição anexado ao livro onde duas fotos do evento compõem esse importante documento da história da nossa cidade.


terça-feira, 29 de março de 2022

Primeira missa do Padre Renato Galvão em Fátima, escolha do padroeiro e uma má impressão.


 

 

            Não resta dúvidas sobre os trabalhos deixados pelo padre Renato Galvão ao povo de Fátima. Ao longo dos seus 19 anos como pároco de Cícero Dantas o vigário deixou como legado para o fatimense a Bomba, o Açougue municipal e diversas outras obras.

            A primeira missa celebrada pelo padre Renato por aqui, contudo, não deixou boa impressão do povo de Fátima. Embora tenha, naquela ocasião, realizado a escolha do padroeiro do vilarejo, naquele 2 de maio de 1945 o padre tece duras críticas aos hábitos dos habitantes locais.

            Era aquele o primeiro ano dele como pároco oficial de Cícero Dantas e nos primeiros meses se dedicou a visitar as capelas espalhadas pelo imenso território do município. Assim, foi à Antas no dia 08 de abril, Caxias em 30 de maio e Montalegre no dia 02 do mesmo mês.

            Na página 56 do livro de tombo escreve o padre:

 

Montalegre, 02 de maio de 1945.

 

            Talvez o povo de índole mais atrasada e costume pouco cristão. Usei de energia. O vício da embriagues toma proporções tristes, até mesmo as moças da chamada boa estirpe. O remédio foi a fundação do catecismo e a introdução do mês de maio. A devoção à Nossa Senhora converterá aquela gente que tem boa vontade. Foi escolhido o padroeiro, São Francisco de Assis.

            A assistência mostrou-se comovida e interessada com a história e vida do novo padroeiro somado ao sermão.

 

            Como se vê nas palavras do padre, os habitantes do lugarejo batizado dez anos antes pelo Monsenhor José Magalhães de Montalegre eram “pouco cristãos” e de hábitos (ao seu ver) inadequados. A despeito da dureza com que descreveu o povo inicialmente, o vigário foi aparentemente mudando de opinião com o passar do tempo e em registros posteriores faz elogios ao mesmo povo que naquele ano chamou de “aquela gente”.

 

Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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Capela de Montalegre (Fátima) é reformada.

 

Imagem ilustrativa.

No dia 12 de julho de 1944 o Monsenhor José de Magalhães e Souza (Português que comandava a paróquia de Jeremoabo) registra missa e reforma na capela que, mais tarde, daria origem à atual igreja Matriz de Fátima.

Na ocasião escreveu o vigário:

 

Dia 12 viajei, para celebrar dia 13 em Montalegre e animar o povo a rebocar e melhorar a capela.

 

Como já abordado aqui no Blog História de Fátima, a capela que deu origem à atual Matriz de São Francisco De Assis provavelmente foi erguida ainda em 1938. Em 1935, contudo, o mesmo José Magalhães registra celebração por aqui em casa de populares, na oportunidade o religioso batizou o vilarejo de Montalegre.

Naquele 13 de maio de 1944, contudo, na opinião do padre, a capela já necessitava de reparos e ainda estava parcialmente sem reboco.

 

Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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Os nomes das praças e avenidas de Fátima.

 

O ano é 1987 e Fátima dá seus primeiros passos como município autônomo. Naquele ano, o prefeito João Maria de Oliveira e os vereadores eleitos tomavam as primeiras medidas para fazer o novo município “andar com as próprias pernas”.

            Umas dessas ações se deu no dia 23 de setembro de 1987. Nesse dia, a Câmara Municipal de Vereadores votou o projeto de lei N° 14 que autorizava o executivo a nomear as Praças, Ruas e Avenidas da jovem cidade. Era uma medida administrativa que, como dito, visava fazer a máquina pública funcionar.

            Desse projeto de lei, surgiram vários nomes de ruas, sugeridas pelos próprios membros da gestão. Um exemplo disso foram as sugestões do Ex-prefeito Eduardo Pires, na época chefe de gabinete, que sugeriu os nomes do Largo da Santa Amélia e Largo da Piedade. De acordo com o próprio Eduardo, o Largo da Piedade (em frente à Bomba) foi pensado baseado no sofrimento das mães que penavam ao sol nas longas filas para pegar água na Bomba.

            Outros “batismos” de ruas e avenidas também surgiram naquela ocasião, como: Praça Ângelo Lagoa, Rua Mundo Novo, Rua São Francisco De Assis, Rua Bela Vista, Avenida Tancredo Neves (hoje Av. João Maria de Oliveira), Rua João Lucino (Hoje Rua Liberino Vicente, em homenagem ao ex-volante fatimense), Rua Martinha Gabriel, Rua Lage da Boa Vista, Rua Ludugério Félix (Homenagem ao pai do então prefeito), Avenida Nossa Senhora de Fátima, Avenida Sete de Setembro, Rua Maria Preta, Avenida Castro Alves, Rua Joana Angélica, Praça Rui Barbosa e Avenida dos Borges.

            Esse último, de acordo com Eduardo Pires, gerou certa polêmica. Foi ideia de João Maria o nome Av. Dos Borges, o que incomodou o vereador Carlinhos de Alfredo que desejava batizar a avenida com o nome de alguém da família Borges e não se agradou do nome Av. Dos Borges. Consta que, ao saber da resistência do vereador o prefeito foi bravo até a câmara e, uma vez lá, não encontrou mais qualquer oposição e a avenida foi mesmo batizada com o nome “sugerido” pelo prefeito.  

 



Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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quinta-feira, 24 de março de 2022

Livro 1 da Câmara Municipal de Vereadores de Fátima.

 

Plenário José Bispo de Souza.

Em primeiro de janeiro de 1986 o município de Fátima era instaurado. A sessão inicial teve que ser presidida temporariamente pelo vereador José Bispo de Souza (o mais velho entre os eleitos) pois a primeira eleição para presidente do legislativo ainda estava por ser realizada.

Com o assentamento dos trabalhos, foi eleito o primeiro presidente de fato da Câmara Municipal de Vereadores de Fátima, o senhor João José do Rosário. Confesso que nunca tinha ouvido falar sobre esse parlamentar, mas em conversa rápida com o ex-prefeito Eduardo Pires descobri que João Rosário”, como era conhecido, era um proeminente fazendeiro da região do Farias e já é falecido.

Um detalhe interessante sobre as primeiras sessões é a simplicidade nas práticas dos recém-empossados parlamentares. As atas registram apenas a liturgia das reuniões como apresentação dos presentes, leitura da ata anterior e terminava quase sempre abruptamente sem oradores inscritos e sem a apalavra do presidente. Eduardo me informou que João Rosário era um homem simples, sem muita instrução e, portanto, de poucas palavras.

Mas os trabalhos seguiram, diversos projetos de lei foram votados, inicialmente tais projetos visavam a autorização do legislativo a celebrar convênios com autarquias estaduais e federais como ministério da educação, saúde, INCRA e outros.

Era a formação burocrática do município e “tudo precisava ser criado” como afirmou o prefeito João Maria em entrevista já em 1987 ao jornal tribuna da chapada (reportagem já comentada aqui no Blog).

Uma das criações daquela primeira legislatura foi a própria bandeira municipal, nascida do projeto de lei N° 4 de 3 de abril de 1986, o projeto, de autoria do Vereador Miguel Correia de Andrade, previa a utilização das cores verde, azul, amarelo e branco.

Miguel do Capim Duro, como é conhecido foi reeleito ainda para outras 3 legislaturas, permanecendo no cargo até 2000. De acordo com a família, ele está atualmente com 86 anos e sofre de Alzheimer. Miguel é aliado de longa data de João Maria e foi ativo nos trâmites da emancipação política de Fátima.

O Capim Duro elegeu em 1986 dois vereadores, além de Miguel, Reginaldo Oliveira de Santana também se elegeria vereador naquela primeira legislatura, os dois ainda se reelegeriam e atuariam juntos por diversos anos.  

Talvez por essa influência o projeto de lei N° 13, de 14 de abril de 1986 foi votado e aprovado pela casa, esse projeto autorizava o executivo a construir um açougue municipal no Capim Duro. A obra, entretanto, nunca saiu do papel.

Um outro projeto interessante é o que autoriza o executivo a estabelecer convênio com o Hospital Doutora Maria em Poço Verde. Embora a unidade hospitalar ficasse em outro estado, há uma explicação para esse convênio. De acordo com o próprio João Maria, em entrevista de 1987, naquele primeiro ano não havia verba suficiente para a saúde municipal e a cidade de Poço Verde, cujo prefeito era amigo do gestor fatimense, socorreu a população local. Os veículos de Fátima levam frequentemente pacientes para a cidade sergipana.

 

Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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segunda-feira, 21 de março de 2022

A família Correia de Fátima (2).


 

                É difícil encontrar registros históricos consistentes das famílias fatimenses. Poucas sãos as pessoas que se interessam (ou se interessaram) pelos registros históricos familiares e as informações dos membros mais antigos de um tronco familiar acabam caindo no esquecimento.

            Esse não parece ser o caso da numerosa família Correia de Fátima. No passado, muitos indivíduos dessa família se destacaram como fazendeiros, até mesmo com numeroso plantel de escravos, como foi o caso de Severo Correia. Essa característica, com efeito, levou a muitos registros dos Correias em títulos de terras, entrevistas, inventários, etc.

            Uma outra característica da linhagem Correia foi a proximidade com o Barão de Jeremoabo, um incansável arquivista dos fatos familiares e de amigos próximos. O Barão, que era irmão de Levina, esposa de Pedro Correia (Avô de Correinha da Zabumba) deixou um formidável acervo histórico que hoje nos ajuda a contar a história dessa parte do Brasil.

            Recentemente, o pesquisador cicerodantense Marcelo Souza Reis, me enviou alguns arquivos encontrados no Museu da família Dantas e Itapicuru, entre os quais, encontramos importantes registros da família Correia fatimense.

            Entre os escritos, é importante registrar as informações de Levina, irmã do Barão e avó de Correinha. Levina nasceu em 18 de abril de 1852 e veio a falecer de parto em 4 de fevereiro de 1895. O casal, Levina e Pedro Correia de Souza, tentente coronel da guarda nacional, teve numerosa prole.

            São filhos do casal: ANA FRANCISCA DE SOUSA, casada com Francisco Xavier de Souza; MARIA FRANCISCA DE SOUZA, casada com João Correia de Andrade, ANTÔNIO CORREIA DE SOUZA; PEDRO CORREIA DE SOUZA FILHO (Pai de Correinha); FRANCISCA MARIA DE SOUZA, JOSEFA FRANCISCA DE SOUZA e mais três membros, dos quais, só conhecemos o primeiro nome. São eles: JOÃO, LEVINA E JOSÉ.

            Esses são registros muito antigos não só da família Correia, mas de outros troncos familiares que nos mostram como as famílias dos fatimenses atuais foram se montando ao longo dos anos com a mistura entre diferentes linhagens.

 

Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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segunda-feira, 14 de março de 2022

Severo Correia


 

            A primeira referência ao antigo morador de Fátima, Severo Correia, que tive acesso veio de uma entrevista concedida por Isaura Borges no final dos anos 90. Desde então, fiquei atento aos detalhes da vida desse curioso personagem da nossa história que já nos rendeu alguns textos aqui no Blog.

            Assim, descobri que Severo Correia de Souza era tenente coronel da guarda nacional e que se correspondia com frequência com o Barão de Jeremoabo. Em uma das cartas enviada por severo ao Barão, tratam de questões de terras e negócios, a missiva, inclusive, foi publicada no livro “Cartas ao Barão”, de Consuelo Novais.

            Mais recentemente, o pesquisador cicerodantense Marcelo Souza Reis me enviou algumas anotações colhidas por ele no Museu do Sertão, em Itapicuru, nas quais novos detalhes da vida do antigo fatimense vieram à tona.

            Através dos dados colhidos do enorme acervo deixado pela Barão, descobrimos que Severo se casou no dia 30 de setembro de 1849 com Líbia, da qual o sobrenome desconhecemos. Líbia não tinha completado ainda os 12 anos quando se casou, pois sua data de nascimento é 11 de dezembro de 1849.

            O casal teve dois filhos, João Severo de Souza, nascido em 14 de julho de 1869 e Francisca de Souza, nascida em 21 de setembro de 1890. A idade de Líbia é um tema curioso. Tinha, como dito, menos de 12 anos quando se casou e foi mãe do primeiro filho aos 20 anos.

            Outro dado importante das anotações que recebi é o caso de Manoel Lins Barreto, morador da fazenda São Domingos, hoje um povoado de mesmo nome pertencente ao município de Fátima. Manoel era vaqueiro da família Dantas, o São Domingos, inclusive, era uma das propriedades da família. Manoel Nasceu em 20 de setembro de 1800 e faleceu em 11 de fevereiro de 1884. A sua linha do tempo nos dá uma ideia do quão antiga é aquela fazenda. Em 1857 ela está registrada em nome de João Dantas dos Reis.

 

Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 20 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço.

 

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