O trabalho do historiador assemelha-se,
em grande medida, ao de um detetive. Na busca pelos fatos que compõem a
história da cidade de Fátima, tive várias e agradáveis surpresas e poucas
delas, até o presente momento, foram tão enriquecedora quanto a experiência a
mim proporcionada pelo amigo Nelson
Fontes que tem em mãos uma relíquia que certamente vai contribuir e muito
para esta empreitada de contar a história deste município.
Com muito cuidado, dentro de uma
pasta, Nelson guarda uma edição de 1987 do jornal Tribuna da Chapada. A edição
de 1º de Fevereiro dedica generoso espaço para a cobertura do primeiro ano de
mandato do primeiro prefeito de Fátima, João Maria de Oliveira, na época com 65
anos.
Sem poupar elogios ao prefeito (O que
nos leva a supor que a reportagem tenha sido encomendada e paga pelo próprio
João Maria), o Jornalista busca passar ao leitor a imagem de um prefeito
lutador e preocupado com o bem estar da população.
É neste tom que a reportagem trata
de diversos assuntos que serão abordados em textos posteriores. Hoje,
entretanto, eu quero me dedicar a analisar um tema em especial da referida
reportagem que me chamou bastante atenção por ser um raro registro da história
da emancipação política do município narrado, segundo o jornal, pelo próprio
João Maria de Oliveira.
Com trechos entre aspas, indicando
serem aquelas palavras escritas proferidas pelo próprio prefeito, a reportagem
narra toda a “luta” do líder político para separar a Vila de Fátima do
município de Cícero Dantas.
De acordo com a reportagem, João
Maria teria datado o início da jornada pela emancipação no ano de 1953 quando os
deputados estaduais Oliveira Brito e Dantas Júnior, este último, neto do Barão
de Jeremoabo, tentaram sem sucesso a emancipação dos distritos de São João da
Fortaleza e Caxias, ambas, assim como Fátima, pertencentes ao município de
Cícero Dantas.
João Maria então aproveita o
precedente aberto pelos parlamentares para pleitear junto a um aliado político,
o Desembargado Antônio Herculano de Carvalho, a emancipação da Vila de Fátima. Ao
que parece, as tentativas do desembargador e do chefe político local, foram
sendo enfraquecidas ao longo do tempo e levou o golpe de misericórdia com a
chegada dos militares ao poder em 1964 e o impedimento da criação de novos
municípios.
Ainda de acordo com a reportagem, em
1970, atendendo a pedido de João Maria, o Deputado José Lourenço (Português naturalizado
brasileiro, era influente político carlista, faleceu em 2018 aos 85 anos em
Salvador) chegou a dar início a um novo processo de emancipação política de Fátima
que mais uma vez fracassou. Daí em diante, houve ao menos mais uma tentativa
fracassada, pleiteada por outro deputado, o Mdebista Raimundo Cafezeiro.
Demonstrando ter sido irredutível na
ideia de conquistar a emancipação de Fátima, João Maria alcançaria o objetivo
em primeiro de abril de 1985 com o apoio do Deputado, filho de Paripiranga,
Faustino Dias Lima (PDS).
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