Todo
fatimense que se interessa minimamente por história já ouviu de familiares e
pessoas próximas, histórias de cangaceiros e do medo provocado por estes
personagens icônicos atuando por essa região entre os anos vinte e trinta do
século passado.
Entretanto, o que poucas pessoas
sabem é que tais histórias têm forte embasamento na literatura especializada,
colocando a cidade de Fátima na zona de atividades intensas de grupos de
cangaceiros.
Conforme já relatado no texto “Lampião
esteve em Fátima?”, que publiquei aqui no blog no último dia cinco de dezembro,
não é uma tarefa fácil localizar a ação do próprio rei do cangaço aqui em decorrência
principalmente da prática comum entre chefes de subgrupos de se apresentarem
falsamente como o próprio Lampião.
O fato de o capitão Virgulino
Ferreira da Silva ter estado em Fátima ou não é irrelevante para o que busco
tratar nesse texto, isto é, a presença ou ausência deste personagem não minora
a intensa ação de grupos de cangaceiros nessa região, o que pode facilmente ser
provado, como já dito, pela literatura especializada.
Só para ficar em alguns exemplos
mais eloquentes, Oleone Coelho fontes, no livro “Lampião na Bahia” de 1988,
narra diversos passagens do grupo de Lampião na área vizinha ao que hoje é a
nossa cidade, como aparições muito bem documentadas em Pombal, em seis de janeiro
de 1928, nas Vilas do Bom Conselho (atual Cícero Dantas) e Sítio do Quinto no
mesmo ano, combates com mortes na zona rural de Bom Conselho, vilas de
Massacará, Buracos e São João da Fortaleza, combate com mortes em Novo Amparo
(atual Heliópolis) onde policiais foram mortos pela bando, extorsão do Coronel
Nilo (Avô do atual deputado estadual Marcelo Nilo) em Antas, o ataque de
Lampião ao arraial do Guloso (atual Novo Triunfo), assim como o fato de o
cangaceiro Volta-Seca ter morado por alguns anos no Guloso, passagem por
Patrocínio do Coité (atual Paripiranga) e em Queimadas (atual Adustina) só para
ficar nas ações do bando principal.
Quanto aos demais bandos, há
registros da atuação na região dos bandos de Zé Sereno, Corisco e o mais atuante
nessa área, o bando de Labareda que contava com dois cangaceiros nascidos em
Paripiranga, Saracura e Vinte e cinco.
Do lado oposto, o dos policiais que
perseguiam cangaceiros, diversos desses homens também eram da região. Em Fátima,
tivemos dois soldados combatentes da volante de Zé Rufino (o maior matador de cangaceiros
de que se tem registro), Liberino Vicente, pai do ex-delegado da cidade,
Liberato, e Antônio de Tito.
Todos esses fatos no levam a
concluir que a região de Fátima e adjacências fez parte daquilo o que alguns
pesquisadores do cangaço denominam de “Corredor de cangaceiros”, uma área de
intensa atuação destes bandos.
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