Já faz 126 anos desde que as tropas do general Artur Oscar de
Andrade Guimarães arrasou o arraial de canudos, devastando a maior parte dos
combatentes conselheiristas.
Conselheiro nasceu em Quixeramobim no Ceará a 13 de março de
1830, perambulou pelos sertões ao longo de duas décadas construindo e
reformando igrejas e cemitérios. Monarquista convicto, por causa de
divergências como a obrigatoriedade do casamento civil, em detrimento do
religioso, como obrigatório para a união matrimonial ser oficializada, angariou
muitos seguidores com suas pregações. O sertão nordestino da república velha
era uma terra arrasada e faminta sem qualquer intervenção do estado em favor da
sua população. Foi nesse cenário que muitos sertanejos decidiram seguir o
conselheiro em busca de uma vida melhor do que a que levavam até então.
No final do século XIX, período anterior à formação do
arraial de Canudos, o governo federal havia decretado a autonomia da cobrança
de impostos pelos municípios, dotando as câmaras municipais o poder de
estabelecer autonomamente as regras da cobrança de impostos e fazer a coleta
diretamente junto ao cidadão.
Os fiscais do governo andavam pelas propriedades urbanas e
rurais recolhendo impostos dos raros excedentes da população extremamente
empobrecida desta árida terra, o que levou ao aumento do descontentamento da
população com a recém nascida república.
De passagem pela vila do Bom Conselho (atual Cícero Dantas)
no ano de 1893, de acordo com Souza (2008), o conselheiro e seus seguidores
quebraram as tábuas dos impostos pregadas em um órgão público, demonstrando
assim o seu descontentamento com o regime republicano. Aquela teria sido uma
das primeiras insurgências significativas dos conselheiristas.
Antes disso, contudo, segundo Carvalho Deda (2008), Antônio
Conselheiro e parte do seu grupo tem passagem registrada na vila de Patrocínio
do Coité (Paripiranga) de onde fora expulso pelo vigário local e teria sido
acolhido na casa de populares. Essa passagem é registrada, como dito, por
Carvalho Déda, mas há outras passagens com registro seguro em Lagarto e
Itabaiana.
Á partir deste momento, o que nos resta é a dedução lógica,
isto é, como não há registros sobre haver moradias onde hoje é Fátima no final
do século XIX e sabendo que esta surge a meio caminho das Vilas de Bom Conselho
e Patrocínio do Coité, nos é possível deduzir que os seguidores de Antônio
Conselheiro passaram por essas terras pois são o caminho mais curto entre as
duas localidades supracitadas.
É possível que este território de Fátima abrigasse, já à
época, pequenas fazendas de posseiros, considerando que as terras pertenciam ao
Barão de Jeremoabo, contudo, não restam registros significativos de tais
pessoas e propriedades.
Dessa forma, diante das evidência fornecidas pelas fontes
históricas, acredito ser imprudente qualquer tipo de afirmação neste momento.
Quanto à relação entre os conselheiristas e Fátima, só nos é possível assegurar
que as terras onde a cidade se localiza compõe a região geográfica onde Antônio
Conselheiro fez suas pregações naquele conturbado final do XIX. A informação
dada a mim por seu Faustino na entrevista que me concedeu aos 106 anos, meses
antes de morrer, reforça essa ideia. Segundo ele, a sua mãe chegou a assistir
uma das pregações do conselheiro na sua passagem pelo Bom Conselho.
Este texto teve a importante colaboração do professor Marcos
José de Sousa, estudioso do movimento de Canudos.
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