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Mostrando postagens de dezembro, 2019

Esse cangaceiro atuou na região de Fátima

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Saracura após cumprir pena em Salvador Benício Alves dos Santos, o Saracura, é natural de patrocínio do Coité (atual Paripiranga). A sua entrada no bando de Ângelo Roque, o Labareda, provavelmente se deu no início dos anos 1930. Como toda história de adesão de cangaceiros, a história de Saracura é brutal. Segundo entrevista que concedeu ao escritor Joel Silveira em 1950, quando cumpria pena com Ângelo Roque, Volta Seca, Cacheado e Arvoredo (companheiros de cangaço) na penitenciária de Salvador, sua entrada no bando deu-se após a invasão do sítio da sua família em Paripiranga. Segundo relata, a volante, liderada pelo famoso Odilon Flor, queria informação sobre o paradeiro dos cangaceiros por acreditar que o seu pai, André Paulo do Nascimento, tinha tal informação. Saracura afirma que “o velho não sabia de nada” e por não fornecer a informação desejada, foi torturado pelos soldados. Ainda segundo Saracura, arrancaram fio por fio da sua barba e o mesmo aconteceu com as unhas. ...

Estrutura da ferrovia Salgado/Paulo Afonso (leste) construída nos anos 1950

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Esta estrutura foi construída pelos trabalhadores da ferrovia Salgado/Paulo Afonso por volta dos anos 1950 na fazenda que hoje pertence a Almir Correia.

Foto de 1987 mostra a pavimentação da Avenida N.S. de Fátima

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Mais uma foto do jornal “Tribuna da Chapada”. Na imagem é possível visualizar parte da principal avenida da cidade sendo pavimentada 33 anos atrás. A foto foi tirada nas imediações do supermercado “Bom Preço” na direção do CELEM, o caminhão ao fundo está saindo da esquina do “Bar 14”. Mais um registro cedido pelo amigo Nelson Fontes para a preservação da memória de Fátima.

Foto de 1987 mostra a construção da praça da igreja de Fátima

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A imagem, mais uma publicada pelo jornal “Tribuna da Chapada”, registra a construção da praça da igreja matriz de Fátima. Da direita para a esquerda vemos o então prefeito, João Maria, os ex-prefeitos Eduardo Pires e José Idelfonso (Nego) e o ex-prefeito de Antas, Aguinaldo. Ao fundo, é possível ver a igreja quando ainda tinha telhado, bem diferente da aparência atual. https://historiadefatimaba.blogspot.com

Foto de 1987 mostra as primeiras casas de Fátima

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A foto em questão é um flagrante da praça Ângelo Lagoa feita pela equipe de reportem do jornal “Tribuna da Chapada” no ano de 1987. A obra é da primeira gestão de Fátima enquanto município, gestão de João Maria de Oliveira, cedido pelo amigo Nelson Fontes. O círculo preto no centro da foto foi um destaque da equipe de jornalismo para ressaltar a primeira casa da cidade, construída pelo seu fundador Ângelo Lagoa. Nesta mesma casa, hoje, mora Cidinho de Zelitão.

Conexões: Do Barão de Jeremoabo a Fátima

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De acordo com Álvaro Pinto Dantas de Carvalho Júnior, trineto de Cícero Dantas Martins (o Barão de Jeremoabo) as terras onde hoje situa-se a cidade de Fátima pertenceram ao avô do Barão, o Capitão-mor João Dantas dos Imperiais, que comprou essas terras em 1832 da já decadente Casa da Torre, nome dado aos descendentes de Antônio Garcia D’ávila. Ainda segundo o mesmo autor, o avô do Barão também comprou outros inúmeros sítios e fazendas na região, tornando-se o substituto dos D’Ávila no sertão. Embora tenha nascido na fazenda Caritá, no município de Jeremoabo, Cícero desenvolve uma simpatia considerável pela freguesia do Bom Conselho (atua cidade de Cícero Dantas), onde o Frei Apolônio de Todi tinha erguido, com o consentimento do seu avô, uma capela, em torno da qual havia se formado uma pequena vila ainda no século XVIII. O apreço dele pela freguesia do Bom Conselho era tal que pediu a sua família para lá o enterrarem e que, se sua morte fosse distante daquela localidade, levas...

Foto de 1987 mostra primeiras obras de pavimentação de ruas Fatimenses

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João Maria de Oliveira (ao centro de camisa clara) e Eduardo Pires (ao centro com camisa mais escura) e trabalhadores da prefeitura de Fátima. 1987. Fonte: Tribuna da Chapada. A histórica foto é mais uma das diversas imagens publicadas pelo jornal Tribuna da Chapada em 1987 na recém emancipada cidade de Fátima, cedidas pelo amigo Nélson Fontes.             Segundo relatos do próprio João Maria (primeiro prefeito), que aparece na foto ao lado de Eduardo Pires, à época, oficial de gabinete, foi aquele um período complexo para a administração pois, devido aos trâmites do desmembramento do novo município junto à Cícero Dantas, as verbas federais demoraram mais de cinco meses para chegar ao cofres de Fátima, causando inúmeros problemas àquela primeira administração.             A foto mostra a pavimentação da atual Rua João Maria de Oliveira, foi tirada ao lado do famoso “B...

Fátima na zona ativa do cangaço

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Todo fatimense que se interessa minimamente por história já ouviu de familiares e pessoas próximas, histórias de cangaceiros e do medo provocado por estes personagens icônicos atuando por essa região entre os anos vinte e trinta do século passado.             Entretanto, o que poucas pessoas sabem é que tais histórias têm forte embasamento na literatura especializada, colocando a cidade de Fátima na zona de atividades intensas de grupos de cangaceiros.             Conforme já relatado no texto “Lampião esteve em Fátima?”, que publiquei aqui no blog no último dia cinco de dezembro, não é uma tarefa fácil localizar a ação do próprio rei do cangaço aqui em decorrência principalmente da prática comum entre chefes de subgrupos de se apresentarem falsamente como o próprio Lampião.             O fato de o capitão Virgulin...

A intrigante história dos trabalhadores enterrados em Fátima

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Desde os primeiros passos em busca das revelações da história do entorno da ferrovia Salgado/Paulo Afonso, conhecida pelos fatimenses como “Leste”, uma história me chamou a atenção já no início. Informações davam conta de que, nos anos 1950, quando as obras da ferrovia impactavam a vida do povo desta terra, alguns trabalhadores que morreram durante a obra teriam sido sepultados de forma precária nas imediações do canteiro, sobretudo na região   da Lagoa da Volta, em Fátima-BA. Pessoas com quem conversei e que trabalharam nas obras ou são descendentes de trabalhadores informaram que diversas mortes ocorreram no percurso da construção da ferrovia. De mortes por esgotamento físico, passando por doenças misteriosas a assassinatos. São relatados por aqueles que de alguma forma foram envolvidos no projeto da ferrovia tocado pela empresa Leste em meados do século passado.             A história toda ganha um tom de sobren...

O caminhão que assustou Fatimenses nos anos 1950

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Segundo Souza (2008), no final dos anos 1940, na cidade de Cícero Dantas, o comerciante local Isaac de Souza Gouveia adquiriu um caminhão da marca KB-11, de fabricação americana. Com o investimento, ele pretendia abastecer a cidade de gêneros alimentícios que à época era feito por tropas de burros. De acordo com o autor, o veículo, primeiro adquirido na região, revolucionou o abastecimento da cidade de Cícero Dantas e distritos vizinhos, Fátima, inclusive. Uma história curioso, que provavelmente está liga a este mesmo veículo, me foi relatada por mais de uma vez por meu sogro, Zelito Amaral. De acordo com ele, sua família residia no atual povoado Surjoa em meados dos anos 1950. Certo dia, ainda de acordo com seu relato, sua mãe o deu a tarefa de comprar alguns itens em uma Bodega próxima à casa onde viviam. Ele, à época uma criança com menos de dez anos, atendeu ao pedido e ao retornar foi surpreendido por um som estrondoso e desconhecido que vinha do alto da serra em sua direç...

Jornal dos anos oitenta é uma relíquia guardada por Fatimense

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O trabalho do historiador assemelha-se, em grande medida, ao de um detetive. Na busca pelos fatos que compõem a história da cidade de Fátima, tive várias e agradáveis surpresas e poucas delas, até o presente momento, foram tão enriquecedora quanto a experiência a mim proporcionada pelo amigo Nelson Fontes que tem em mãos uma relíquia que certamente vai contribuir e muito para esta empreitada de contar a história deste município.             Com muito cuidado, dentro de uma pasta, Nelson guarda uma edição de 1987 do jornal Tribuna da Chapada. A edição de 1º de Fevereiro dedica generoso espaço para a cobertura do primeiro ano de mandato do primeiro prefeito de Fátima, João Maria de Oliveira, na época com 65 anos.             Sem poupar elogios ao prefeito (O que nos leva a supor que a reportagem tenha sido encomendada e paga pelo próprio João Maria), o Jornalista busca pa...

Como o território que constitui a atual cidade de Fátima foi efetivado como parte do estado da Bahia?

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O mapa acima, retirado da obra Entre padres e coronéis: Como as disputas oligárquicas deram forma ao município de Paripiranga, mostra que as ambições de Sergipe quanto ao território fronteiriço com a Bahia, iam além da região da atual Fátima. A área que aparece no mapa de 1918 como “contestada pela Bahia”, referindo-se á área em litígio, compreende uma zona muito grande que se estende para oeste da fronteira, passando pela vila de patrocínio de Coité (atual município de Paripiranga), as terras que hoje compreendem Fátima (em destaque no mapa), pelo município de Bom Concelho, Atual Cícero Dantas, chegando até as imediações do município de Jeremoabo. Segundo Carregosa (2019), em finais do século XIX e início do século XX, houve um fortalecimento dos interesses sergipanos nesta região com a chegada do padre João de Matos Freire de Carvalho, natural do vizinho município sergipano de Simão Dias, à paróquia de Patrocínio de Coité (Paripiranga). As ações do vigário em favor da anexaç...

Antônio Conselheiro esteve em Fátima?

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Já faz 126 anos desde que as tropas do general Artur Oscar de Andrade Guimarães arrasou o arraial de canudos, devastando a maior parte dos combatentes conselheiristas. Conselheiro nasceu em Quixeramobim no Ceará a 13 de março de 1830, perambulou pelos sertões ao longo de duas décadas construindo e reformando igrejas e cemitérios. Monarquista convicto, por causa de divergências como a obrigatoriedade do casamento civil, em detrimento do religioso, como obrigatório para a união matrimonial ser oficializada, angariou muitos seguidores com suas pregações. O sertão nordestino da república velha era uma terra arrasada e faminta sem qualquer intervenção do estado em favor da sua população. Foi nesse cenário que muitos sertanejos decidiram seguir o conselheiro em busca de uma vida melhor do que a que levavam até então. No final do século XIX, período anterior à formação do arraial de Canudos, o governo federal havia decretado a autonomia da cobrança de impostos pelos municípios...

Quem foi Labareda?

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Labareda entre as cabeças de Corisco e Lampião. Fonte: Revista Cruzeiro Segundo o pesquisador e entusiasta do cangaço, Kiko Monteiro, Ângelo Roque, Vulgo Labareda e seu subgrupo de cangaceiros foi o bando mais atuante na região de Fátima, Adustina, Paripiranga e demais cidades vizinhas. Ângelo Roque da Costa nasceu por volta de 1910 em Pernambuco. Assim como a quase totalidade das histórias de cangaceiros, a história de Ângelo Roque foi marcada pela pobreza e pela violência. Segundo entrevistas concedidas por ele mesmo após cumprir pena em Salvador, sua vida delinquente inicia ainda na adolescência quando assassina um soldado que prometera “roubar” sua irmã. À partir de então, o valente pernambucano passa a integrar o bando de Lampião e perambular pela caatinga em sua vida errante. Ainda segundo ele, após dois anos de andanças ao lado do rei do cangaço, seu destaque como homem hábil e valente na luta lhe rendeu o posto de chefe de subgrupo. Em palestra brilhante na Câmara...

Seu sobrenome também é “Reis”? Veja um pouco da história da sua Família.

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Provavelmente, o primeiro REIS a chegar ao Brasil foi Baltazar dos Reis Porto , português, oficial de baixa patente que ficou rico pelas relações políticas que cultivava. Ocupou a função de procurar da Casa da Torre , descendentes de Garcia D’Ávila.             Em 1754, adquire junto aos D’Ávila o sítio do Camuciatá, em Itapicuru. É nesta propriedade que se encontra hoje o famoso sobrado onde viveu o Barão de Jeremoabo.             A compra da propriedade dar-se em um período em que a família D’Ávila tinha diminuído o seu poder e prestígio político. No local, fundou o engenho Santo Antônio do Camuciatá.             Casou-se com Leandra Sanches Leite, essa união foi o início da família Dantas, a genealogia que se tornou notável pela figura de Cícero Dantas Martins , o Barão de Jeremoabo que faleceu em 1903. Seu corp...

Conexões: De Getúlio Vargas a Fátima

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Getúlio Dornelles Vargas nasceu em 19 de Abril de 1882 em São Borja no Rio Grande do Sul. Em 1900 ingressa na carreira militar onde chegou ao posto de segundo sargento. Ao sair do exército cursa direito e abre um escritório de advocacia e em 1909 é eleito deputado estadual. Durante o governo de Washington Luís (1926-1930), a alternância de poder entre as oligarquias paulista e mineira foi quebrada, dando início a revolução de 1930. Aliado aos descontentes com a chamada República do Café com Leite, Vargas assume o posto de chefe do governo provisório que tinha deposto o sucessor de Washington Luís, Júlio Prestes. Em 1932, a oligarquia paulista que tinha perdido parte dos privilégios com a Ascenção de Vargas lidera o movimento intitulado de Revolução Constitucionalista. Na ocasião, o Estado de São Paulo se levanta contra o governo dando início a uma guerra civil. Para combater os paulistas, o governo busca apoio entre os governadores de estado. Na Bahia, o governador Juracy Maga...

A Fila da Bomba

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Foto cedida pelo pesquisador Juan Kléber

Conexões: De Olga Benário a Fátima

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Olga Gutmann Benário Prestes  nasceu na Alemanha em 12 de Fevereiro de 1908. De família abastada, a jovem sai de casa aos 16 anos para se engajar na luta política. Comunista por convicção, Olga milita pelos direitos trabalhistas na Alemanha dos anos 1920 e é obrigada a se refugiar na Rússia após ser acusada de alta traição. Em Moscou conhece o revolucionário brasileiro Luis Carlos Preste com quem se casa e vem para o Brasil. Antes de conhecer Olga, Prestes protagonizou um dos maiores feitos da história do Brasil. Ao lado de Miguel Costa, liderou a coluna Prestes, que percorreu cerca de 25 mil quilômetros pelo interior do Brasil entre 1925 e 1927. Com o objetivo de se opor ao governo nacional, os revoltosos marcharam pelo país espalhando a mensagem do comunismo e expondo seus ideais revolucionários. Os poderosos da época empreenderam grande oposição ao movimento, espalhando boatos de que esses homens estupravam e matavam por onde passavam. Em meados de 1926, espalhou-se o ...

Uma das ilustrações do Manual Didático HISTÓRIA LOCAL E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

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Ilustração: Mateus Queiroz Este manuel foi concebido para ser uma ferramente de auxílio ao professor de história para trabalhar a História Local na sala de aula. A história de Fátima exemplifica as sequencias didáticas.

A estrada real

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Os primeiros desbravadores da atual região de Fátima, aqueles que tomaram a terra dos indígenas, foram os vaqueiros. Sua chegada é datada em princípios do século XVIII e provavelmente se deu através das margens do rio Vasa Barris a serviço da família da Casa da Torre, descendentes de Garcia D’ávila.             Posteriormente, estradas precárias foram sendo abertas ligando o sertão, como era conhecida toda a área interiorana da colônia, ao litoral onde ficavam os grandes engenhos de açúcar e a maior parte da população. As estradas serviam para que mercadorias do litoral como cosméticos e artigos manufaturadas, geralmente vindos da Europa e sobretudo Inglaterra, chegassem ao sertão, mas por elas também transitavam os produtos sertanejos como o fumo, a farinha, o feijão, o milho e o algodão em direção às zonas de consumo no litoral.             Na atual cidade de Fátima, m...

Fátima e o trem que nunca veio

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A história da ferrovia que ligaria as terras do atual município de Fátima ao litoral sergipano, se desenrola em dois momentos distintos. O primeiro projeto documentado é pensado ainda no período imperial. Foi neste contexto que políticos sergipanos idealizaram uma ferrovia que ligaria Sergipe à região que hoje consiste ao agreste baiano, onde Fátima se localiza. Segundo Itamar Freitas, a ideia era estabelecer uma conexão com uma significativa porção de terras da província vizinha (a Bahia). A intensão sergipana era astuta, visava usar a conexão resultante da instalação da ferrovia, que ligaria o estado a uma região ampla e abandonada pela Bahia de forma econômica e política com o intuito de servir de argumento para uma contestação de terras junto ao poder imperial com vistas a anexação desta área ao pequeno estado de Sergipe. A estratégia, bem como a ferrovia, foram sumariamente barradas por influentes políticos baianos junto ao governo. A Bahia, na ocasião, gozava de ampla influê...