O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Você já ouviu falar da Rua do Mela o Bico?





Nas imediações da atual Avenida João Maria de Oliveira, mais precisamente entre o Hotel Pôr do Sol e o Supermercado Bitencourt, funcionava o curral onde se abatiam os animais para o consumo da população.
Naquela parte da cidade, por volta dos anos 1950, via-se as tarefas da lida oriunda desta atividade, costume que, aliás, perdurou até meados dos anos 1980. Algumas mulheres se prestavam ao duro trabalho de limpar as vísceras para serem vendidas no barracão que ficava na atual Praça Ângelo Lagoa.
As mulheres que ganham a vida com esse ofício são, até os dias de hoje, conhecidas como “fateiras”. Atividade de baixíssima remuneração, exige duro labor à beira do fogo de lenha a fim de escaldar as partes menos nobres do boi. Comumente, os locais que desenvolvem tal atividade passam ao observador um aspecto de sujeira e pobreza extrema, o que faz das fateiras pessoas demasiadamente descriminadas na sociedade.
É possível que o nome atribuído à rua sem pavimentação e com casas muito modesta (Mela o Bico) tenha sido uma forma pejorativa de taxar aquela local extremamente desvalorizada da cidade. Quem e porquê criou esse nome é uma informação que não temos. O certo é que aquela área da cidade mudou muito com o passar dos anos, as casas simples viraram comércio, tornando aquele ponto bastante valorizado. Um dos metros quadrados mais caros da cidade atualmente.
A menina que aparece na foto é Valdineide Bispo, Dê de Bispo. Posicionada em frente à atual clínica Clotíldes Batista (à época, residência da sua família), ao fundo, onde vemos uma caminhonete, hoje se encontra a Padaria de Zé Beto, a casa sem reboco à direita fica onde hoje é a Farmácia Mais barato.
Mais um registro bacana da nossa história cedido pela personagem da foto ao pesquisador Juan Kléber que gentilmente cedeu para o Blog HF.

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