Os
jovens têm sempre a necessidade de se divertir. Em cada época, a juventude cria
as suas formas de diversão de acordo com as possibilidades econômicas e os
costumes típicos de cada período e lugar.
Nos anos 1970, muitos jovens
fatimenses, sobretudo homens, precisavam viajar em busca de trabalho e
oportunidades que a pequena Vila de Fátima não tinha para oferecer. O destino
era quase sempre a pujante cidade de São Paulo. No auge do processo industrial,
entre as décadas de 1950 e 1970, nordestinos de todos os estados precisavam
realizar esse êxodo rural em direção aos grandes centros urbanos fugindo da
seca, da pobreza e desemprego.
Mesmo longe da sua terra natal havia
sempre a esperança de voltar, mesmo que fosse por um curto período para rever
os parente e amigos.
As viagens de férias, com frequência,
eram oportunidades perfeitas para festejar. Um costume bastante peculiar, que
não pertencia somente à Fátima, era trazer uma radiola portátil, que funcionava
com pilhas para embalar as festas nas casas de alguns moradores.
O poeta Jessier Quirino afirma que
as radiolas eram instrumentos de conquista e essa informação foi confirmada a
mim pelo fatimense Joselito Amaral, segundo o qual, chegar de São Paulo sem portar
uma radiola era quase motivo de vergonha para os regressos.
Ao chegar em casa, feitas as devidas
confraternizações com a família mais próxima, o costume era pegar a radiola,
comprar pilhas, colocar os discos de vinil embaixo do braço e sair em direção a
casa de algum conhecido para iniciar o baile.
As festividades duravam quase sempre
a noite inteira, os jovens bebiam e dançavam ao som dos cantores que faziam
sucesso na época, as paqueras e os namoros eram uma consequência. A festa só
chegava ao fim quando as pilhas começavam falhar e distorcer as vozes dos
cantores, era o sinal de que a festa estava acabando.
Contar o costume de trazer radiolas
cultivado pelos fatimenses nos anos 1970 foi uma forma que encontrei de
capturar esse momento peculiar da história da nossa gente.
Radiola portátil |
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