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O processo de colonização que os portugueses
implantaram no Brasil era demasiadamente dependente da mão-de-obra escrava. Foi
o braço de africanos trazidos da sua terra natal para a América Portuguesa
(Brasil) que construiu a pátria que conhecemos hoje.
A escravidão brasileira não carece de romantização.
As histórias que contam de uma relação pacífica entre escravos e senhores de
escravos é exceção e, com efeito, visam suavizar as condições brutais às quais
os negros eram submetidos durante os mais de três séculos de regime escravista
no Brasil.
Homens, mulheres e crianças eram submetidos,
para ficar em alguns poucos e espaços exemplos, aos mais diversos castigos
físicos e psicológicos como: Marcação à ferro, chicotadas, ficavam confinados
em espaços impróprios e desconfortáveis, abusos sexuais e tantos outros abusos.
Uma das principais formas de resistência, não
a única, empreendida por aquelas pessoas era a fuga. Sempre que havia a
possibilidade, os escravizados buscavam escapar em busca de uma vida um pouco
mais digna. Muitos procuravam fazendas onde os escravos eram menos judiados e
imploravam asilo para os senhores, outros, contudo, preferiam viver no meio do
mato nos chamados quilombos.
Na região de Fátima e municípios vizinhos não
há registro de quilombos formados à partir de escravos foragidos. Temos, em
Fátima, uma comunidade quilombola, a Serradinha, que foi formada por
descendentes de escravos vindos da região de fronteira com Sergipe. (Sobre a Serradinha,
aliás, abordaremos esse tema específico em outro artigo aqui no Blog HF em
outra oportunidade, citando um belo trabalho de acadêmicos do curso de história
da Unit feito junto à referida comunidade).
Isso não significa, sobremaneira, que não
houveram inúmeras e notórias fugas de escravos aqui na região. Isaura Borges,
bisneta de dono de escravos, relatou em entrevista concedida aos professores
Maria São Pedro e José Domingos, as fugas dos escravos do dono da fazenda Maria
Preta, Severo Correia. Diversos moradores mais antigos da cidade lembram da
crueldade com que Severo tratava o seu plantel.
Segundo relatos, havia, até pouco tempo, nas
proximidades da região do Pisa-Macio, uma árvore (pé de caixão, como é conhecida
a espécie entre os populares) que servia de tronco para os castigos dos
escravos do fazendeiro que não hesitava em mandar castigar os seus negros por
muito pouca coisa.
A consequência mais natural dos maus tratos
de Severo eram as fugas dos seus escravos. Ainda segundo relatos, ele precisou
ir por diversas vezes à Jeremoabo para resolver na justiça (Fátima, Cícero
Dantas, Adustina, Paripiranga e demais municípios vizinhos compunham a comarca
de Jeremoabo na época) para resolver questões de escravos fugidos e capturados
por outros fazendeiros.
As fugas eram brutalmente combatidas. Com frequência,
os fujões eram severamente castigados para que servissem de exemplo para os
demais. Além disso, os negros fugidos eram frequentemente caçados com violência
pelos capitães do mato.
Como não poderia deixar de ser, essa nossa
região também tem registrada em sua história as fugas de escravos tão comuns em
toda a colônia. Onda há opressão sempre haverá resistência.
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