O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

O “Bar São Paulo”



Ponto de encontro da juventude fatimense entre os anos 1980 e 1990, o Bar São Paulo foi ícone de ambas as gerações, embora tenha atingido o seu auge em meados dos anos 90. Criado por um torcedor ferrenho do São Paulo (Milton), o espaço consistia em um pequeno bar na parte da frente e um salão ao fundo onde os frequentadores iam para dançar. Era todo ele decorado com as cores do time de futebol que lhe empresta o nome e com figuras diversas com uma tinta que reagia à luz negra do ambiente.
O Bar São Paulo passou posteriormente para Adelmo, corintiano ferrenho que, a despeito da rivalidade futebolística, manteve o nome tradicional. Rígido com os horários, Adelmo fazia rondas no salão convidando os menores à saírem do espaço assim que chegava as dezoito horas. Sempre com a mesma abordagem, batia no ombro daqueles com aparência mais jovem e dizia: “Vamos lá?”, todos já sabiam que não poderiam mais ficar pois o horário noturno só era permitido por lei para os adultos.
Para a juventude atual, pode parecer estranho, mas era essa a rotina de todas as quartas, sábados e domingos nos anos 1990. Diversos ritmos musicais ecoavam ali. Pagode, Axé, forró, Reggae e outros. Pontualmente as dezoito horas ouvia-se as “músicas lentas” (românticas), geralmente ritmos internacionais que embalavam os casais dançando juntinhos. Muitas paqueras, namoros e casamentos tiveram início ali, naquele salão do Bar São Paulo.
Algumas lendas não deixaram de ser criadas pela imaginação do fatimense. Em virtude das tradições religiosas, dizia-se que quem olhasse por baixo das próprias pernas dentro do salão viria “O cão”, o capeta, o cramulhão. Também por isso, muitos pais não queriam que seus filhos menores frequentassem o local, mas quem nunca quebrou as regras e entrou escondido no Bar São Paulo?
Com o passar do tempo, as novas gerações não se interessavam mais pela danceteria, o espaço foi ficando cada vez mais vazio e acabou fechando, deixando saudade e muitas histórias daqueles frequentadores que, como eu, esperavam ansiosamente o domingo para ir ao Bar São Paulo com a “roupa de domingo”, dançar, ver os amigos e paquerar como todo e qualquer jovem.

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