O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

A Caipora e os segredos da caatinga

Disponível em: https://www.artstation.com/artwork/e2VBD


A atividade da caça é, com frequência, envolta por um misticismo muito forte. A despeito de ser, hoje, uma prática proibida. No passado, muitas pessoas sustentaram suas famílias através da caça.
Atualmente, com o avanço inclemente do desmatamento sobre toda a região do semiárido baiano e sergipano, para ficar somente neste exemplo, os animais que costumavam ser abatidos para o sustento humano estão cada vez mais raros. Um contraste com a abundância de outrora narrada pelos antigos caçadores.
A caça é, por via de regra, praticada por pessoas de hábitos simples e de pouca instrução. Seus adeptos eram pessoas religiosas que desenvolviam verdadeiros rituais supersticiosos antes e durante as caçadas. Certas palavras e gestos eram proibidos no meio do mato, “sinais” da natureza eram interpretados e carregados de significados. Avisos do espectro sobrenatural.
Dentre as entidades do mato, o mais famoso entre a nossa gente foi a caipora. Sua origem é a mitologia tupi-guarani. Oriunda das sociedades indígenas antigas, é esta uma entidade visceralmente ligada à caça. Segundo a tradição indígena que perdura até os dias de hoje, a caipora (ou “O” caipora, como é citada em outras regiões) é um ser cujo corpo é coberto de pelos que habita as matas. Protetor dos animais, costuma pregar peças em caçadores que abatem mais animais do que precisam para sobreviver. Dá pistas falsas e costuma “ariar” (desorientar) as pessoas deixando-os perdidos no meio do mato.
O mito da caipora é uma tradição muito antiga que perdura no imaginário popular do sertanejo até os dias de hoje, provocando medo entre a gente simples e, ao mesmo tempo, servindo como uma conexão entre os habitantes originais dessas terras e a contemporaneidade.

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