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A atividade da caça é, com frequência,
envolta por um misticismo muito forte. A despeito de ser, hoje, uma prática
proibida. No passado, muitas pessoas sustentaram suas famílias através da caça.
Atualmente, com o avanço inclemente do
desmatamento sobre toda a região do semiárido baiano e sergipano, para ficar
somente neste exemplo, os animais que costumavam ser abatidos para o sustento
humano estão cada vez mais raros. Um contraste com a abundância de outrora
narrada pelos antigos caçadores.
A caça é, por via de regra, praticada por
pessoas de hábitos simples e de pouca instrução. Seus adeptos eram pessoas
religiosas que desenvolviam verdadeiros rituais supersticiosos antes e durante
as caçadas. Certas palavras e gestos eram proibidos no meio do mato, “sinais”
da natureza eram interpretados e carregados de significados. Avisos do espectro
sobrenatural.
Dentre as entidades do mato, o mais famoso
entre a nossa gente foi a caipora. Sua origem é a mitologia tupi-guarani. Oriunda
das sociedades indígenas antigas, é esta uma entidade visceralmente ligada à
caça. Segundo a tradição indígena que perdura até os dias de hoje, a caipora
(ou “O” caipora, como é citada em outras regiões) é um ser cujo corpo é coberto
de pelos que habita as matas. Protetor dos animais, costuma pregar peças em
caçadores que abatem mais animais do que precisam para sobreviver. Dá pistas
falsas e costuma “ariar” (desorientar) as pessoas deixando-os perdidos no meio
do mato.
O mito da caipora é uma tradição muito antiga
que perdura no imaginário popular do sertanejo até os dias de hoje, provocando
medo entre a gente simples e, ao mesmo tempo, servindo como uma conexão entre
os habitantes originais dessas terras e a contemporaneidade.
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