Festa de Outubro de 1973 no Clube de Zé de Bilu. |
Ainda
na primeira metade do século XX, vigorava em toda a região nordeste o costume
de manter clubes recreativos destinados aos bailes do setor mais rico da
sociedade. A prática parece ter sido herdada ainda dos tempos imperiais, onde a
alta sociedade dos grandes centros urbanos reunia-se em festas pomposas nas residências
dos mais ricos.
Os bailes do século XX também aconteciam
em residências, contudo, decidiu-se construir espaços específicos, contando com
estrutura necessárias para a realização dos bailes. Assim, eram erguidos
galpões com palcos a fim de receber as atrações musicais. Isso ocorria tanto
nos grandes centros urbanos como nas pequenas localidades interioranas.
De acordo com Souza (2008), na então
cidade de Cícero Dantas, que passou a assim chamar-se em 1915, o costume de
reunir a alta sociedade em clubes despontou à partir de 1955, quando da construção
do primeiro clube da cidade denominado Clube Recreativo Caimbés (CRC) que já
contava com estatuto próprio a fim de reger a convivência entre seus membros. Já
em 1962, ainda de acordo com o mesmo autor, foi organizada a Associação
Recreativa Bonconselhense (ARB), que existiu até os anos 1990 com cede própria
próximo ao Banco do Brasil.
A ARB reunia os mais abastados do
município e foi construída por iniciativa dos funcionários do Banco do
Nordeste. Realizava eventos fechados e cumpria o ritual de separar pobres e
ricos. Os bailes dos mais pobres realizavam-se nas praças ou residências,
frequentemente ao som do forró e do pagode tocados por radiolas portáteis. Nos clubes,
os eventos contavam com bandas que faziam sucesso regional, no caso da ARB
apresentaram-se conjuntos musicais como Los Mexicanos, Orquestra Guanabara com
Agnaldo Timóteo cantando e outros.
Em Paripiranga, cuja composição
aristocrática era mais complexa e antiga que a de Cícero Dantas, grandes clubes
foram organizados. Já na década de 1940, a sociedade paripiranguense contava
com seus clubes recreativos que serviam aos mais ricos e tinham também o
objetivo segregacionistas.
Na vila de Fátima, o primeiro clube
é datado dos anos 1960. Embora mais modesto, o Clube de Zé de Bilu, que
permaneceu funcionando satisfatoriamente até os fins dos anos 1990, reunia as
famílias mais abastadas. As festas eram fechadas ao grande público. Existiu em três
espaços diferentes. O primeiro onde hoje se localiza o supermercado Nossa
Senhora de Fátima, depois onde hoje é o supermercado Bitencourth e, mais
recentemente, nos fundos desse.
De acordo com Dona Brinco, em
entrevista concedida à Juan K. Menezes, as festas contavam com bandas como Los
Guaranis e outras de atuação regional. Pelo que consta, a cantora Diana foi a
atração mais famosa a se apresentar no Clube. Mulheres só entravam acompanhadas
dos pais ou dos maridos, de modo que as moças de hábitos em desacordo com a
sociedade patriarcalista e conservadora eram sumariamente barradas.
As festas de rua na vila de Fátima
eram raras, acontecendo somente nas festividades do natal. A diversão do grande
público ficava à cargo das radiolas de pilha que embalavam as festas da
juventude fatimense. Outra tendência que passou a vigorar entre os fatimenses
foram as discotecas. Mais democráticas e abertas à toda a sociedade, as discotecas,
por via de regra, não contavam com a apresentação de bandas, mas possuíam um
sistema de som para animar os frequentadores.
Em Fátima, tivemos a discoteca de
Temir, chamava-se Dancin Days e
funcionava onde hoje é a Farmácia São Lázaro e o famoso bar São Paulo.
Festa no Clube de Zé de Bilu. |
Fachada da discoteca de Temir, onde hoje é a farmácia São Lázaro. |
Obs: Esse artigo tem como coautor Juan K. Menezes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário