Desde a mais tenra infância, ouvi das pessoas
mais velhas, histórias assustadoras do suposto fenômeno paranormal denominado
popularmente de Luzerna.
Em pesquisa no Google, a palavra luzerna
aparece unicamente como menção a um município de Santa Catarina que carrega tal
denominação. De acordo com o dicionário Aurélio Online, a palavra Luzerna
significa clarão, luz intensa.
Seu significado no dicionário diz muito sobre
a representação que o povo fatimense tem desse fenômeno. O imaginário popular
do povo de Fátima e região, dá conta de ser esse um fenômeno ligado à forças
ocultas.
Conversando com pessoas que acreditam
piamente no evento, as explicações vão em direção aos dogmas do catolicismo. Segundo
a tradição popular, a luzerna é uma enorme “bola de fogo” que é avistada em
noites escuras, assustando e perseguindo pessoas nas áreas mais afastadas,
quase sempre na zona rural.
A sua ligação com o catolicismo reside na
explicação popular da ocorrência, segundo a qual, seria este o ingrato destino
de dois indivíduos (compadres ou comadres) que ousem alimentar uma intriga e
percam o contato. O castigo divino para a quebra do “contrato” de batismo
católico seria a transformação de ambos em Luzernas após a morte.
Curiosamente o fenômeno em questão é
relativamente bem documentado pela ciência. Várias teorias científicas levantam
hipóteses que tentam explicar as assustadoras bolas de fogo.
Em artigo enviado a mim pelo amigo João Paulo
Andrade, a luzerna é estudada com a denominação de Relâmpago Globular, que
basicamente significa a mesma coisa.
De acordo com o mesmo, é este um fenômeno
atmosférico muito raro e ainda sem explicação definitiva, provavelmente resultante
do eletromagnetismo. Outras teorias complexas ainda associam a luzerna a queima
do silício vaporizado.
A despeito da complexidade das teorias que
tentam trazer uma explicação sobre a Luzerna, para minha surpresa, existem
diversos registros documentados ao longo da história em diversas partes do
mundo, o que nos leva a concluir que o fenômeno de fato é real, mas que,
provavelmente, não tem nenhuma ligação com o sobrenatural.
Um fato curioso que eu não poderia deixar de
registrar é que durante os meus anos de aluno do ensino fundamental, esse tema
foi abordado em uma aula de ciências na antiga oitava série, hoje nono ano. Na aula
do professor Carlos Iscarias, pai de João Paulo que me indicou o tema da
Luzerna.
Uma outra hipótese foi levantada. De acordo
com a ideia apresentada pelo professor em mais uma de suas aulas extraordinárias,
a luzerna seria resultante da queima do gás metano ao entrar em contato com o
ar atmosférico.
É provável que um dia exista uma explicação
científica definitiva para as Luzernas que povoam o imaginário do fatimense,
contudo, o que é para mim mais importante nesse momento é a oportunidade de
registrar mais uma característica do nosso povo e da nossa história através de
um dado curioso como este.
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