Nascido
em 1917, no atual município de Paripiranga, na fazenda Alagoinha, José Alves de
Matos entrou para o cangaço no dia 25 de dezembro de 1933, com apenas dezesseis
anos. A data do seu ingresso no bando de Corisco, o diabo loiro, serviu para o
seu batismo no mundo do cangaço.
Não há registros de sua atividade no
município de Fátima, contudo, dada a proximidade de Paripiranga, não é possível
descartar que ele, junto ao grupo de Corisco tenha andado por essa região.
No dia 28 de Julho de 1938, escapou
do massacre da grota do angico, onde morreram Lampião, Maria Bonita e mais nove
cangaceiros, por que havia deixado o esconderijo horas antes para buscar
armamentos junto a um coiteiro da região.
Viveu uma vida longeva após depor as
armas e se entregar à polícia em Poço Redondo no estado de Sergipe. Morreu aos 97 anos
em 2014, em Maceió, Alagoas, não sem antes deixar importantes registros do
cangaço em diversas entrevistas para pesquisadores. Foi o último dos
cangaceiros a morrer.
Bem articulado com as palavras,
denunciou em entrevista para Aderbal Nogueira a crueldade das volantes com os
sertanejos nos tempos de perseguição. Segundo ele, o povo pobre do sertão tinha
mais medo da polícia do que dos cangaceiros.
Descreveu com riqueza de detalhes a
vida que os cangaceiros levavam, com destaque para o respeito que os companheiros
tinhas com as mulheres do bando. “A mulher de um cangaceiros era como uma irmã
para os demais”, afirmou.
Quando eu era criança, minha família
era vizinha de “Seu Liberino”, para quem não lembra, esse era o nome através
qual toda a cidade conhecia o ex-volante, Liberino Vicente. Talvez pela
proximidade, as histórias de cangaceiros eram, de certa forma, recorrentes em
nossa casa. Lembro do meu pai atribuir a espessura da parede da fachada da casa
onde morávamos (cerca de 40 cm) ao fato de esta, umas das casas mais antigas da
cidade, ter sido construída com o intuito de suportar os tiros de fuzil de
cangaceiros.
Uma das histórias contadas por meu pai que
mais me marcou e que pude com muita alegria confirmar nas palavras do
cangaceiro Vinte e cinco, foi a que dizia que Lampião andava sempre munido de
uma colher de prata, que supostamente, ao entrar em contato com a comida
envenenada, mudava a coloração, denunciando a tentativa de assassinar o rei do
cangaço. Me lembro nitidamente desta história e lembro que certa vez eu e minha
irmã encontramos no quintal de casa uma colher que supostamente era feita de
prata. Este artefato se perdeu no tempo, há muitos anos não a vejo e nem sei
que fim levou.
Vinte e Cinco é mais uma prova de
que a região de Fátima compunha, nos anos 1920-1930 o chamado “corredor de
cangaceiros”, com intensa atividade de bandos muito bem documentados pela
literatura especializada e pela memória da sua gente.
Corisco e Vinte e Cinco fotografados por Benjamin Abrahão entre os anos de 1936 e 1937. |
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