O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Liberino Vicente, o volante fatimense.



Nascido a 12 de outubro de 1907, “Seu Liberino”, como era conhecido entre os fatimenses compôs a volante (grupo de soldados destinado a combater cangaceiros) do temido tenente Zé Rufino, responsável por inúmeras mortes de cangaceiros, inclusive a de Corisco, o diabo loiro.
Segundo um de seus filhos, Liberato, ele entra na volante como contratado sendo efetivado como soldado da polícia baiana posteriormente. Borges (2009) dedica algumas páginas a contar a história deste soldado fatimense. Narra algumas aventuras dele acompanhado de sua esposa em expedições do grupamento policial. Em uma delas, afirma:

Os filhos de Liberino conheceram Dadá, mulher de Corisco. Quando este morreu, os soldados levaram-na à Jeremoabo, sua terra Natal. Com uma perna amputada em razão das lutas travadas e abalada com a morte do companheiro, Dadá chegou a pôr no colo as filhas do soldado. (p. 135)

Tais informações estão carregadas de contradições. A primeira delas é que Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá, não era natural de Jeremoabo, mas sim de Belém de São Francisco, Pernambuco.
Uma outra informação sem qualquer sustentação empírica é a que diz que os soldados levaram Dadá para Jeremoabo após o confronto com a volante de Zé Rufino que acabou com a Morte de Corisco no município de Barra do Mendes, Bahia em 1940. É sabido que, na ocasião, Corisco foi sepultado naquela cidade e Dadá foi enviada à Salvador para cumprir pena, onde ficou dois anos presa e após a libertação passou a viver na capital baiana sem nunca ter regressado à Jeremoabo. Também não vejo razão para uma cangaceira embalar no colo a filha de um soldado, sendo esses inimigos mortais.
Mas voltando a falar de Liberino, ele viveu o resto dos seus dias em Fátima, vindo a falecer em 1993 em sua casa, na Praça Ângelo Lagoa aos 86 anos.
A foto onde aparece ao lado de uma criança desconhecida foi tirada em 1982 e me foi enviada pelo amigo Carlos Augusto. É possível observar que o Jardim da referida praça ainda não tinha sido construído e seu aspecto é muito diferente do atual, o que é perfeitamente natural, visto que essa foto já tem 38 anos.   


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