O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Zequinha da Farmácia

Foto cedida pela família


José Antônio de Souza, conhecido entre a população como Zequinha da farmácia, escreveu alguns capítulos da história desse município. Durante longos anos em que o poder público negligenciou a saúde do nosso povo, foi na farmácia de seu Zequinha que o fatimense buscou refúgio nas horas de desespero.
            Assim, realizou diversos procedimentos médicos entre a população, muitos fatimenses que ainda vivem devem isso à intervenção do médico de Fátima. Zequinha nunca estudou medicina, profissão à época reservada aos filhos da aristocracia, passou parte da juventude em São Paulo, ao retornar à Fátima, virou sócio de uma pequena farmácia em Novo Amparo (atual Heliópolis) com um primo. Este, habilidoso na fabricação de prótese dentária e no trato com medicamentos, o incentivou a iniciar as atividades de farmacêutico leigo.
            É importante lembrar que nos anos 1970,1980 e em menor medida, nos anos 1990, eram raros os momentos em que haviam médicos plantonistas, por isso, algumas pessoas, como ele, precisavam dar conta de tarefas para as quais não tinham formação. Por longos anos, realizou procedimentos como extração dentária, imobilização de membros fraturados, pequenas cirurgias, receitou medicamentos, até mesmo partos foram realizados por Zequinha.
Quando eu era criança, nos anos 1990, lembro que as pessoas da cidade o encaravam como um médico e, de fato, o era. Um médico leigo que aprendeu com a experiência a tratar os seus conterrâneos e com a coragem de solucionar problemas demasiadamente complexos. Lembro de que quando alguém ficava doente ou sofria um acidente, não hesitava-se em procurar sua farmácia.
            Muitas são as histórias de pacientes salvos pelas habilidades de Zequinha da Farmácia. As pessoas ficavam gratas pelos serviços prestados nas horas de aflição e o presenteavam com a simplicidade do povo do interior e seus agrados: Um capão, um cozido de feijão de corda, um carneiro e outras lembranças simples, mas sinceros do fatimense grato.
Zequinha nasceu no dia 30 de maio de 1933, teve sete filhos de dois relacionamentos distintos. Faleceu no dia nove de março de 2017. Seu funeral foi acompanhado por uma multidão, que acompanhou o médico de tantos anos e tantos socorros na sua última caminhada. É comum encontrar em qualquer roda de conversa, histórias de procedimentos por ele realizados que salvaram vidas e ofereceram socorro sem jamais se furtar à missão a ele dada pelo destino. “O médico de Fátima”.

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