Foto cedida pela família |
No dia 10 de outubro de 2011, uma madrugada de domingo para segunda feira, a cidade acordou com a fatídica notícia. Um acidente nas proximidades do antigo matadouro municipal vitimou dois jovens que retornavam de uma festa na cidade de Cícero Dantas. A moto na qual trafegavam se chocou com um cavalo solto na pista, levando a morte de Totô, aos 26 anos de idade.
Ele nasceu Luciano dos Santos Andrade, mas
para os amigos sempre foi Totô. À um só tempo irreverente e encrenqueiro, fazia
a alegria das pessoas da Praça Ângelo Lagoa. Quando criança, nos anos 1990, os jovens
com um pouco mais de idade se divertiam fazendo os mais novos brigar (coisas de
uma outra época) e Totô sempre fora dos mais afoitos.
Brigava por que gostava. Vez por outra
desafiava dois outros garotos para o duelo na praça, eu mesmo já participei por
diversas vezes dessas batalhas de criança. Por mais estranho que possa parecer aos olhos
da contemporaneidade, essas “brincadeiras” jamais levavam a algo mais sério, no
mesmo dia os brigões esqueciam a intriga e voltavam a jogar futebol ou praticar
outra brincadeira qualquer como se nada houvesse se passado.
As brincadeira daquela turma, diga-se de
passagem, eram, para dizer o mínimo, ortodoxas. Entre as mais famosas estava a
que se chamava “Mãe da Lua”. Consistia em um jogo de paciência e coragem, pois
a punição para quem vacilava era severa. Dois campos eram estabelecidos e
ficavam à cargo de duas equipes rivais. Para derrotar o oponente, era preciso atravessar
o campo “inimigo” e retirar uma bandeira (representada, com frequência, por um
galho de árvore pequeno) que ficava ao fundo, muito bem protegido pelos
jogadores da outra equipe. Quem fosse apanhado dentro do campo adversário
levava murro nas costas até que conseguisse se desvencilhar e voltar ao seu
campo.
Por incontáveis vezes brincamos,
despreocupados e concentrados nas brincadeiras. A Praça Ângelo Lagoa era um
verdadeiro oásis para a garotada que se divertia sem compromissos. Um outro espaço
demasiadamente saudoso para a minha geração é o campo de “Pedão”, que ficava
próximo à torre, onde jogávamos futebol nas tardes de sol com a numerosa turma
de amigos. O zagueiro Totô, com suas pernas cumpridas, era figura cativa,
sempre se fazia presente.
Totô foi protagonista de diversas e hilárias
histórias provocadas por suas peraltices. Certa vez se envolveu em um acidente
com sua famosa bicicleta monark azul e um caminhão. As notícias davam conta que
o menino havia morrido, foi um furdunço até se constatar ser falsa a
informação. Em outra ocasião atirávamos em passarinhos na figueira que ainda
hoje existe na frente da casa de Seu Otávio com um instrumento feito de bexiga
e parte de uma garrafa Pet quando fomos
surpreendidos por seu Zé da Barreira que fez o pobre menino provar do próprio
remédio para dar o exemplo.
Tenho diversas lembranças da sua amizade. Sua
personalidade de menino inocente o acompanhou por toda a vida, jamais agia por
maldade e sempre estava disposto a ajudar. Fomos amigos por longos anos desde o
dia em que minha família foi morar na Praça Ângelo Lagoa em 1992. Por ironia do
destino estive com ele na tarde que antecedeu o acidente. O que fica são as
lembranças de um menino feliz que se foi tão cedo, de forma tão abrupta. Sempre
guardarei boas lembranças do amigo Totô. Hoje, ao passar pelo local do
acidente, lembrei-me dele, parei a moto em frente à capelinha construída em sua
homenagem e decidi fazer essa singela homenagem. Descanse em paz, meu amigo.
Que legal.Obrigada por essa lembraça boa do irmão.
ResponderExcluirNão tem pq agradecer, é apenas uma homenagem a um amigo de infância.
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