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Mostrando postagens de março, 2020

Raimundo Oleiro ajudou a construir Fátima

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Raimundo Oleiro. Foto cedida pela família. A Olaria é considerada a mais antiga das indústrias. O oleiro, profissional das olarias, é aquele que confecciona utensílios ou objetos à partir da argila. Ainda no neolítico, os homens primitivos começaram a substituir cabaças, cacos de cocos e demais vasilhames naturais por vasos de cerâmica. Teria início ali a arte de moldar o barro para a produção de objetos que facilitavam a vida das pessoas. Diversos povos indígenas brasileiros faziam uso variado da cerâmica. Aqui mesmo na região nordeste da Bahia os kirirs, que habitavam toda esta área, já faziam uso do barro moldado bem antes da chegada do portugueses. Os exemplos mais eloquentes disso são as urnas funerárias (vasos de cerâmicas onde ossos humanos eram sepultados em rituais fúnebres) encontradas em Paripiranga nos anos 1970 e em Cícero Dantas na construção do estádio municipal. Mas a variação da olaria mais conhecida entre os sertanejos é mesmo as tendas responsáveis pela...

A bodega de Félix Gabriel

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            O poeta paraibano Jessier Quirino narra os icônicos personagens nordestinos personificados nos donos de bodega, os trejeitos e a peculiar impaciência desses senhores, verdadeiros patrimônios da nossa cultura.             Em Fátima temos diversos exemplos desses comerciantes de um tempo em que não existiam especificidades para um comércio. Tudo se encontrava nas bodegas, de pílula cibalena a munição de arma de fogo eram prontamente embalados no papel que se cortava de um grande cilindro e entregues ao freguês comprador.             Esses estabelecimentos sobreviveram até os anos 1990. Na minha infância fui até a bodega de Paulo das Galinhas comprar “linha pau” para costurar bolas de futebol e também na bodega de Elias Pereira comprar “Quitute”.          ...

HQ Histórias do Cangaço.

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Praça Ângelo Lagoa, anos 1980.

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A foto foi tirada entre 1986 e 1988 (não se sabe com exatidão). A garotinha da imagem é Daniela de Joaninha, a professora Dany. Ao fundo é possível ver o Jardim da Independência recém-construído. As bordas que separavam os canteiros eram feitas com formas geométricas muito baixas e os globos que protegiam as lâmpadas muito característicos. Lembro muito bem dessa aparência do jardim, quando minha família mudou-se para a praça em 1992 ele ainda era assim, lembro dos globos cheios de besouros atraídos pelas lâmpadas. Os automóveis ao fundo são duas variants, uma delas estacionada em frente à casa de Zé de Ana. A enorme figueira que ainda hoje existe mostra-se frondosa, em frente à casa de Seu Otávio e Dona Ana. Foto enviada ao Blog HF por Juan K. Menezes

O privilégio de ter sido criança na Praça Ângelo Lagoa dos anos 1990

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Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=y4mkalKPg9U Em meados de 1992 a minha família trocou a casa onde morávamos, na Avenida Nossa Senhora de Fátima, pela velha casa construída nos anos 1930 na Praça Ângelo Lagoa. Me lembro bem do estranhamento que me causou aquela cumprida casa antiga, de telhado baixo e uma fachada com cerca de cinquenta centímetros de espessura. “Feita para suportar tiros de fuzil de cangaceiros!”, era a teoria do meu pai.             Eu não sabia ainda, mas aquela mudança faria toda a diferença nos anos subsequentes da minha infância. Ali fiz bons e numerosos amigos que cultivo até os dias de hoje, à despeito do distanciamento que a vida, as atividades profissionais e o tempo nos impõe.             As brincadeiras daquela geração seriam demasiadamente estranhas às crianças de hoje. Não quero aqui me render à sentimentalismos e nostalg...

Acidente trágico nos tira Totô

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Foto cedida pela família No dia 10 de outubro de 2011, uma madrugada de domingo para segunda feira, a cidade acordou com a fatídica notícia. Um acidente nas proximidades do antigo matadouro municipal vitimou dois jovens que retornavam de uma festa na cidade de Cícero Dantas. A moto na qual trafegavam se chocou com um cavalo solto na pista, levando a morte de Totô, aos 26 anos de idade. Ele nasceu Luciano dos Santos Andrade, mas para os amigos sempre foi Totô. À um só tempo irreverente e encrenqueiro, fazia a alegria das pessoas da Praça Ângelo Lagoa. Quando criança, nos anos 1990, os jovens com um pouco mais de idade se divertiam fazendo os mais novos brigar (coisas de uma outra época) e Totô sempre fora dos mais afoitos. Brigava por que gostava. Vez por outra desafiava dois outros garotos para o duelo na praça, eu mesmo já participei por diversas vezes dessas batalhas de criança.   Por mais estranho que possa parecer aos olhos da contemporaneidade, essas “brincadeiras...

Lampião matou uma criança com o seu punhal?

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Lampião segurando o punhal. Disponível em: http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2015/01/ O sertanejo que viveu entre as décadas de vinte e trinta do século passado habituou-se à dureza da vida imposta pelo clima e também pelas inúmeras e graves questões de cunho social. Além da seca que assolava o chão sobre o qual pisava, a violência de cangaceiros e forças policiais imprimiram um povo duro, muitas vezes ríspido e alheio à sentimentalismos. As ações de cangaceiros e volantes criaram inúmeros traumas entre “os paisano”, como eram conhecidas as pessoas que não tomavam partido de um lado ou de outro nas lutas. Esse clima de violência e rivalidades entre policiais e bandidos deu margem ao surgimento de inúmeras lendas envolvendo, sobretudo, os cangaceiros. Como se sabe, Lampião foi o maior expoente do cangaço e, por consequência, a figura mais presente nas lendas. Durante as minhas pesquisas, fiz inúmeras entrevistas com moradores de Fátima e região. Em mais de um caso...

Fátima, anos 1970

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Foto tirada na avenida Nossa Senhora de Fátima, nas imediações do local onde hoje funciona o bar “Oxente”. Os jovens na imagem são José Elício e Maria Olga, Filhos de Tóta André e D. Chiquinha. A avenida, ainda sem calçamento aparece muito diferente do que é hoje. Ao fundo, podemos ver algumas árvores e construções que não existem mais.

Desfile Cívico, anos 1970

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Essa fotografia foi enviada ao Blog HF pelo parceiro e pesquisador Juan k. Menezes. É o registro de um desfile cívico de 1970, na atual Escola Estadual Nossa Senhora de Fátima quando a entrada da escola ainda dava para a avenida de mesmo nome, a foto, entretanto, foi tirada na parte dos fundos da escola e esta se chamava Escola Municipal Monsenhor Galvão.. Nessa época, Fátima ainda era uma vila pertencente ao município de Cícero Dantas. Ao fundo vemos as fachadas das casas da avenida com aparência bastante diferente dos dias atuais. O detalhe do muro muito mais baixo do que hoje se apresenta é interessante pois permitia aos transeuntes acompanhar o desfile da calçada. Vemos a banda de fanfarra ao fundo, bem como, um grupo de jovens alunas em primeiro plano.

Jardim da Independência, Praça Ângelo Lagoa, anos 1980.

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A foto mostra um aspecto bem diferente do atual jardim da Praça Ângelo Lagoa. A praça passou por algumas reformas ao longo dos anos. Já nos anos 2000 o jardim foi totalmente revitalizado e ganhou uma aparência mais moderna. Na imagem em questão, os canteiros da construção eram bastante rasteiros e haviam poucas plantas para enfeitar. As casas ao passaram por poucas modificações com exceção da casa da esquina que foi totalmente demolida e deu lugar a um moderno sobrado. É possível visualizar a antiga prefeitura que funcionou na referida praça ao fundo e ao centro da foto. Quando eu era criança, nos anos 1990, minha família mudou-se para a Praça Ângelo Lagoa onde minha mãe reside até hoje. Me lembro bem de brincar nesse jardim ainda com essa aparência da foto. Alí jogávamos bola e arranhávamos os dedos nos carrinhos de rolimã.

Jornal de Paripiranga noticia a passagem de Lampião pela Região

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Patrocínio do Coité, 23 de dezembro de 1928. Jornal O Paladino. Ano X - N° 9. Na edição de 23 de dezembro de 1928 o jornal O Paladino da então Vila de Patrocínio do Coité noticiava a passagem do rei do cangaço por essa nossa região. Os fatos da reportagem foram narrados à redação do jornal pelo Coronel João Sá que tinha encontrado com Lampião e seu bando no Sítio do Quinto na noite anterior. O Coronel, deputado naquela ocasião, seguia de Jeremoabo (escrito com “G” na época) para Salvador em seu automóvel Ford na companhia do seu pai e de um aliado político, um dos trajetos da viagem era seguir de Jeremoabo para Salgado onde pegaria o trem em direção à capital baiana. Na altura do atual município de Sítio do Quinto o coronel e seus companheiros de viagem foram surpreendidos pelos cangaceiros. A conversa foi amistosa, Lampião pediu dinheiro para o político e foi prontamente atendido. Na verdade, nascia ali uma longa amizade que traria benefícios para João Sá, mas também problem...

Conexões: Da ditadura civil militar a Fátima

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No dia primeiro de abril de 1964 o presidente João Goulart era deposto do cargo e a presidência fora decretada vaga pelo congresso nacional. Os militares assumiram o poder alegando questões de segurança nacional enquanto a população assistia atônita aos movimentos de tropas com tanques e blindados nas capitais e nas principais cidades do país. Era o golpe militar de 1964. Aquele foi o dia que durou vinte e um anos. Apoiados pelos EUA, os militares se revezaram no poder durante esse período, sem eleições e com o arrocho da censura, opositores do regime foram presos, torturados, mortos ou exiliados. Muitos desapareceram nos porões da ditadura e até hoje seus restos mortais são procurados pelos familiares. Nos grandes centros urbanos do país, a despeito de toda a nação viver sob o mesmo comando, haviam dois grupos basilares com percepções distintas acerca dos acontecimentos políticos. De um lado haviam aqueles que não se interessavam por política e preferiam levar as suas ativida...

Fátima, anos 1980

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O personagem principal dessa foto, ao centro, de óculos escuro e cabelos longos, é José Renato, conhecido como Zé Renato Seresteiro. Zé Renato é um dos precursores da música em Fátima, artista de voz imponente, fez enorme sucesso por longos anos. Hoje, parece ter perdido o entusiasmo pela música mas ainda conserva a voz que o fez famoso entre os fatimenses.

Santinho, o sanguinário tenente que combateu Labareda em Fátima

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Disponível em: https://lampiaoaceso.blogspot.com/search?q=Ladislau Ladislau Reis de Souza ficou conhecido no sertão baiano como o “Tenente Santinho”. De acordo com texto postado no blog “Lampião Aceso” do pesquisador Kiko Monteiro, o tenente santinho tinha fama e atitude de um homem extremamente duro, para não dizer cruel, com os cangaceiros. Sua fama de homem implacável no combate ao cangaço ecoou pelos quatro contos em toda essa região. Muitos cangaceiros pereceram sob o fuzil do tente Ladislau, alguns com requintes de crueldade como o caso do cangaceiro Baliza, brutalmente torturado, pendurado de cabeça para baixo em uma árvore e queimado vivo pelo cruel Tenente. Na obra “O mundo estranho dos cangaceiros”, do renomado escritor Estácio de Lima, Ângelo Roque, o Labareda, narra com detalhes as suas andanças pelos sertões enquanto combatia nas frentes do cangaço. Labareda relata a chegada do seu grupo no lugar chamado Monte Alegre, onde foi surpreendido pela volante do ...

Cícero Dantas, 1940

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Rara foto da praça da Igreja de Cícero Dantas de 1940. Aparentemente a foto foi tirada da escadaria que leva ao cemitério local e mostra um aspecto bem diferente do atual. É perceptível que a cidade mudou muito nesses 80 anos. Na época Fátima já existia na forma de poucas casas na Praça Ângelo Lagoa.

Zequinha da Farmácia

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Foto cedida pela família José Antônio de Souza, conhecido entre a população como Zequinha da farmácia, escreveu alguns capítulos da história desse município. Durante longos anos em que o poder público negligenciou a saúde do nosso povo, foi na farmácia de seu Zequinha que o fatimense buscou refúgio nas horas de desespero.             Assim, realizou diversos procedimentos médicos entre a população, muitos fatimenses que ainda vivem devem isso à intervenção do médico de Fátima. Zequinha nunca estudou medicina, profissão à época reservada aos filhos da aristocracia, passou parte da juventude em São Paulo, ao retornar à Fátima, virou sócio de uma pequena farmácia em Novo Amparo (atual Heliópolis) com um primo. Este, habilidoso na fabricação de prótese dentária e no trato com medicamentos, o incentivou a iniciar as atividades de farmacêutico leigo.             É importa...

Zé de Aninha, o ferreiro fatimense

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Foto cedida pela família. Os primeiros ferreiros provavelmente surgiram no limiar das sociedades humanas, isto é, desde que os primeiros seres humanos aderiram ao sedentarismo e dominaram as técnicas agrícolas. Daí para o desenvolvimento das primeiras ferramentas de metal foi um salto relativamente curto. Há registros de ferramentas encontradas em todas as grandes sociedades humanas da antiguidade a nos mostrar que os ferreiros já desenvolviam suas técnicas há milhares de anos. Uma particularidade da profissão é o seu grau de abrangência. Os ferreiros prestavam serviços a reis e nobres mas também a soldados, cavaleiros e agricultores. Esses profissionais fabricavam uma infinidade de ferramentas como facas, espadas, adagas e escudos para a guerra, mas também utensílios agrícolas e domésticos como colheres, ferraduras, foices e enxadas. Foram extremamente importantes para o desenvolvimento da humanidade. Para ficar em um único exemplo, a invenção do arado de ferro puxado por tra...

Seu Faustino, o alfaiate fatimense.

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Foto cedida pela família. A profissão de alfaiate é demasiadamente antiga, data do século XIII. Na Europa medieval, quando vestir-se deixou de ser uma mera necessidade de adaptar-se ao clima, os nobres costumavam receber em suas casas os alfaiates. Essa prática não era barata e apenas os mais ricos podiam bancar o luxo de ter alguém para construir as suas roupas sob medida e em domicílio, já que não haviam fábricas para a produção em massa que conhecemos hoje.             Durante a idade média, contudo, a vaidade era altamente combatida pela igreja. Com a ascensão do renascimento e valorização das formas do corpo humano, a alfaiataria ganhou corpo e fama.             Os primeiros alfaiates a chegarem ao Brasil desembarcaram com a corte portuguesa em 1808. Seu trabalho foi amplamente utilizado pela elite colonial e seus conhecimentos foram sendo disseminados por geraçõ...

Conexões: Da guerra das Malvinas à Fátima

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Em 1982 Inglaterra e Argentina se envolviam em um conflito bélico de grandes proporções. A guerra das Malvinas (um pequeno arquipélago no oceano Atlântico) deixou saldo de quase mil soldados mortos e enormes prejuízos aos dois lados. O governo Militar argentino visava recuperar o prestígio entre a população, criando um clima de beligerância que unisse a população em torno de um inimigo em comum. Assim, no dia 2 de Abril de 1982 o ditador argentino Leopoldo Galtieri , ordena a invasão das ilhas dominadas pelos ingleses desde 1883. Os argentinos, contudo, não contavam com a reação enérgica daquela que ficaria conhecida como “A Dama de Ferro”. A Chanceler britânica Margaret Thatcher não poupou esforços para recuperar o território perdido. Enviou uma tropa de 28 mil soldados, diversos navios de guerra (porta aviões inclusive) e uma esquadra aérea poderosa. As forças argentinas resistiram por quase dois meses, mas o país sul-americano foi obrigado a assinar a rendição no dia 14 d...

O Rio Velho, o rio fatimense

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Os rios são fontes de vida para as populações humanas desde os primórdios da civilização. Não faltam exemplos de povos que se estabeleceram às margens de grandes rios e prosperaram, tais como: Egípcios (Rio Nilo), povos mesopotâmicos (Rios Tigre e Eufrates), Chineses (Rio Amarelo) e tantos outros. Embora não tenhamos grandes cursos d’água em nosso território, fazemos parte da bacia hidrográfica de dois rios importantes, o Vaza Barris e, em menor escala, do Rio Real. O Rio Velho, que passa pelo território de Fátima, é um afluente do Vaza Barris. Ele nasce, conforme imagens, próximo à sede do município vizinho de Cícero Dantas, alimenta o açude da Queima Grande, o principal reservatório do município, segue para o Açude de Adustina e vai se encontrar com o Vaza Barris na divisa com Paripiranga. O Rio Velho é um rio Intermitente, isto é, fica quase que completamente seco nos períodos de estiagem. Isso ocorre por que o lençol freático fica abaixo do leito do rio interrompendo sua ...

Novas fotografias dos bailes no Clube de Zé de Bilu

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As imagens são mais uma contribuição do pesquisador Juan K. Menezes para o Blog HF. Nelas é possível visualizar novos flagrantes dos momentos de diversão das famílias fatimenses que frequentavam o clube de Zé de Bilu nos anos 1970. Na época o clube ficava onde hoje é o supermercado Nossa Senhora de Fátima.