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Mostrando postagens de 2020

Severo Correia escreve ao Barão de Jeremoabo

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Corpus eletrônico Documentos do Sertão A missiva é datada de 9 de outubro de 1898 e é endereçada à Cícero Dantas Martins, Barão de Jeremoabo. Nela o fazendeiro, dono da Maria Preta, cujas terras englobavam boa parte do que hoje é a sede do município de Fátima, queixa-se de questões locais ao Barão, cita pelejas com Joaquim Borges, ancestral da família Borges, hoje muito numerosa na cidade e trata de assuntos corriqueiros como a seca e enfermidades.             Como já tratado aqui no blog em outras ocasiões, Severo Correia é ancestral da também numerosa família Correia e passava por dificuldades no período posterior à assinatura da Lei Áurea pois o seu plantel de escravos abandonou a suas terras deixando o fazendeiro em maus lençóis.             Na carta, Severo relata a escavação de manutenção da aguada do São Domingo que ainda hoje existe e tem o mesmo nome, o serviço de “tira...

Monte Alverne sofre com a seca

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  Foto: Juan K. Menezes No dia 19 de Março de 1947 o JORNAL A TARDE noticiava o sofrimento do povo dessa região em consequência da nefasta seca que assolava toda essa área naquele ano. A notícia do periódico está registrada no livro de tombo da igreja de Cícero Dantas e foi encontrada pelo pesquisador Juan K. Menezes. Um velho recorte de jornal está ali anexado ao lado de inscrições feitas à mão e são um valioso relato de como a seca afetava a vida do sertanejo naquela data. Com o título “A seca no Nordeste”, o jornal busca noticiar algumas ações governamentais que visavam amenizar os efeitos da estiagem, bem como relatar a dificuldades de municípios como Antas, Ribeira do Pombal e Cícero Dantas. As ações passam pela construção de açudes e a disponibilização de caminhões pipas para levar água aos rincões dessa árida terra. A reportagem dá conta da morte de animais e do colapso das aguadas infestadas de urubus se alimentando de peixes mortos, um cenário absolutamente desolador...

Padre Renato Galvão pede socorro a Deputado Estadual em nome dos moradores de Monte Alverne (Fátima).

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 A carta de 7 de setembro de 1955 é endereçada ao então deputado federal João da Costa Pinto Dantas Júnior e escrita pelo vigário e político a partir da cidade de Cícero Dantas. O documento é parte do acervo on-line “Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão” que passou por uma recente atualização. A missiva, uma das centenas escritas por Renato Galvão ao político, traz um apelo feito pelo padre para que o deputado tome medidas que combatam os terríveis efeitos da seca e cita a situação calamitosa na pequena localidade de Monte Alverne, cinco anos antes de esta ser alçada à Vila de Fátima . As cartas do padre endereçadas aos chefes políticos locais, com frequência demonstravam a preocupação do religioso com os nefastos efeitos das secas em nossa região. Vale lembrar que, à época, uma precária estrutura estatal buscava amenizar tais efeitos sobre a população e isso aparentemente era motivo de grande preocupação para o Padre Renato, como era conhecido. Dessa forma, pedid...

Fátima, do gerador a diesel à energia elétrica.

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Decreto de junho de 1964.             A gestão do Padre Renato Galvão junto à prefeitura de Cícero Dantas de fato foi um período de melhorias para a então Vila de Fátima. Diversas obras e benfeitorias foram realizadas em benefício do povo fatimense.             No dia 15 de junho de 1964, um a mês antes de autorizar a construção do Mercado Municipal, o prefeito assina decreto liberando a aquisição do sistema de força de luz para Vila de Fátima que, de acordo com o decreto da mesma data, consistia na aquisição de postes, cabos e uma usina “termoelétrica”. Tudo isso com um orçamento limite de dois milhões de cruzeiros.             O termo utilizado para definir a usina de força que traria energia elétrica para Fátima contém um erro de definição. Uma usina termoelétrica consiste em uma instalação na qual a energia el...

A Prefeitura municipal de Cícero Dantas publica o decreto de construção do Mercado Público Municipal na então Vila de Fátima.

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Decreto de 17 de julho de 1964 Naquele fatídico ano de 1964, que ficaria marcado para a história nacional como o ano do golpe militar que instauraria uma sombria ditadura de 21 anos no país, na pequena cidade de Cícero Dantas, da qual Fátima fazia parte, estava em vigor o mandato do Padre Renato Galvão, mandato que durou de 1962 a 1965 em decorrência da renúncia do vigário alegando problemas de saúde.             Na câmara municipal, havia um representante da então Vila de Fátima. Seu nome era João Maria de Oliveira e tinha sido eleito vereador do município de Cícero Dantas pela primeira vez.             Se você, caro leitor fatimense, fosse contemporâneo daquele legislatura, é quase certo que cultivaria um sentimento de esperança de novos e melhores tempos para a pequena Vila de Fátima na dita conjuntura. Mas isso não seria por acaso, afinal, a Vila agora tinha um ...

O soldado fatimense que participou do último combate do cangaço

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Liberino Vicente, Fátima, 1982.             No dia 25 de maio de 1940 acontecia o último combate entre cangaceiros e volantes na cidade baiana de Barra do Mendes. Tratou-se do embate em que Corisco, o diabo loiro, foi morto e sua companheira, Dadá, perdeu uma das pernas em consequência de um tiro de fuzil.             Durante os anos de auge do cangaceirismo no nordeste, Corisco era considerado o segundo homem nas trincheiras do banditismo, abaixo apenas de Lampião. Notório pela sua crueldade, cometeu atos tão hediondos que rivaliza com as ações do próprio Virgulino. Por esse motivo, adquiriu a alcunha de Diabo Loiro.             Em 1940, contudo, o cangaço dava seus últimos suspiros. Após a morte de Lampião em 28 de julho de 1938, o cangaceirismo passou a sofrer um forte processo de decadência, seja pela própria simbologia da morte do seu...

Rara foto da igreja de Fátima é encontrada no computador da paróquia.

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A foto foi encontrada no acervo fotográfico da paróquia de Fátima por frequentadores. A rara imagem mostra a igreja com dimensões bem menores que as atuais. É possível observar diversos fiéis na parte da frente. Ainda não havia sido construída a praça da matriz e as construções ao redor se mostram bastante diferente do atual aspecto. Infelizmente as informações sobre a imagem em questão são escassas. A foto foi enviada ao Blog HISTÓRIA DE FÁTIMA pelo colaborador Juan K. Menezes e, infelizmente, não é possível saber qual o ano retratado e quem é o fotógrafo. Esperamos que algum leitor possa nos fornecer informações adicionais.

A influência do Padre Renato Galvão junto ao deputado Dantas Jr muito ajudou Cícero Dantas e Fátima.

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João da Costa Pinto Dantas era neto de Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo. Nascido em 1859, formou-se em direito aos 20 anos e aos 23 já era deputado estadual (1921). Por ser membro de uma das famílias mais influentes do nordeste, passou a vida alternando entre os cargos públicos ligados ao direito e os mandatos de deputado, tendo ocupado também o cargo de Presidente da Caixa Econômica da Bahia. Integrante do auto escalão da política baiana, tinha o seu distrito eleitoral nessa parte do sertão, onde suas raízes familiares o conferiam grande prestígio. Por essa razão, cultivava amizades com lideranças políticas locais com quem, à exemplo do avô, trocava correspondências com enorme frequência. Esses laços de amizade, claro, era uma eficiente forma de manter os seus votos. Uma dessas amizades era o vigário da paróquia de Cícero Dantas, Renato Galvão. Em uma série de cartas disponíveis no “corpus eletrônico Documentos do Sertão”, entre os anos de 1945 e 1959, o religios...

Carta de 1812 descreve a construção da igreja o do cemitério de Cícero Dantas.

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            A missiva é escrita pelo Frei Apolônio de Toddi, endereçada ao imperador. Nela o frei italiano, conhecido como o beato dos sertões, fornece informações sobre a construção de uma igreja no local onde ficava o antigo cemitério da cacunéa, na atual praça da igreja matriz de Cícero Dantas.             O relato do religioso é rico em detalhes: Nesse tempo o povo dos tabuleiros, que fica longe doze léguas, fez requerimento de fazer uma capela no antiquíssimo cemitério da cacunéa e pediu de eu manda-lo fazer. O excelentíssimo arcebispo despachou que sim, que eu fosse e fizesse a caridade. O trecho da carta do frei, nos mostra uma prática comum no Brasil colonial. Não havia a separação entre igreja e estado e a igreja católica tinha liberdade de transitar livremente pela colônia. Os padres e freis percorriam esses sertões evangelizando os caboclos e os indíge...

Padre Renato Galvão se queixa da atuação de João Maria em eleições de Fátima

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Em carta de 1954, o vigário líder político local e, posteriormente, candidato a prefeito de Cícero Dantas, relata as movimentações políticas locais ao deputado estadual João da Costa Pinto Dantas Jr, neto do Barão de Jeremoabo, líder político regional. Naquele período, Fátima, que ainda se chamava Monte Alverne e pertencia à Cícero Dantas, era o maior povoado do município e importante colégio eleitoral para o candidato Renato Galvão. Na correspondência, o padre fala sobre a total desorganização dos trabalhos na localidade de Monte Alverne, citando inclusive a suposta incompetência dos responsáveis, o que nos dá uma ideia de como os pleitos eram realizados por aqui na época: Em Monte Alverne, nosso reduto, não houve praticamente eleições. Já o previa e assim é que forneci cópias ao delegado do partido em termo de responsabilidade ao presidente. Escolheram para dirigir pessoas incapazes. Os trabalhos estiveram paralisados até as 15 horas, os presidentes não sabiam abrir e dirig...

A data da proclamação da república era comemorada em nossa região no final do século XIX e início do século XX.

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As circunstâncias da proclamação da república brasileira levaram a população, de um modo geral, a dar muito pouca importância ao 15 de novembro. Assim, nomes importantes do republicanismo nacional como Floriano Peixoto, Quintino Bocaiúva e Benjamim Constant não figuram no imaginário do grande público no país. De acordo com a maioria dos historiadores, essa falta de interesse pelo evento da proclamação da república se dá, em grande medida, pela falta de participação popular na mudança de regime. A república fora proclamada através de um golpe de estado dado pelos militares com o apoio das elites políticas e econômicas. Ficando o povo totalmente à margem de todo o processo e, a rigor, do planejamento daquilo o que viria a ser o Brasil republicano. Por conta disso, o feriado de 15 de novembro passa quase que em branco em todo o país. Boa parte dos brasileiros nem sabe do que se trata a data. Para além disso, poucas são as homenagens feitas pelo país ao acontecimento daquele contur...

Carta do Padre Renato Galvão revela aspectos dos pleitos eleitorais em Fátima.

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A missiva é endereçada ao neto do Barão de Jeremoabo, João da Costa Pinto Dantas Júnior, o Dr. Dantas, e trata das movimentações políticas entre os poderes de Cícero Dantas quando Fátima ainda se chamava Monte Alverne.             Na correspondência, o vigário da paróquia da cidade de Cícero Dantas fala sobre a situação em torno do pleito eleitoral no qual concorria ao cargo de prefeito da cidade. Deputado estadual na ocasião, Dr. Dantas era parte da linhagem do Barão de Jeremoabo, seu avô, falecido em 1903 e sepultado na igreja da cidade que carrega seu nome, Cícero Dantas.             Corria o ano de 1954 e o padre candidato assim escreve ao chefe político em tom de prestação de contas: Acabo de regressar de Monte Alverne onde realizei na tarde de hoje grande comício no qual seu nome foi delirantemente aplaudido. Lembrei ao povo a memória do saudoso coronel Chiqui...

Documentação do arquivo público da Bahia revela aspectos da história de Fátima.

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Através de documentação acessada junto ao acervo do arquivo público da Bahia e publicada por Santana (2008), tivemos acesso a um registro histórico de casamentos comunitários ocorridos na Serradinha em 1912 e outras informações relevantes para montar o quebra-cabeças que compõe a história de Fátima.   O documento em questão faz parte do levantamento feito em 1949 pelo município de Bom Conselho a fim de dirimir dúvidas quanto a posse das terras limítrofes com Paripiranga. Aparentemente foi criada uma comissão para solucionar a disputa de terras entre os dois municípios citados. Vale lembrar que a pequena povoação que mais tarde originaria Fátima ainda não havia sido alçada ao status de Vila, o que só viria a acontecer em 1960. Parte dos trabalhos da comissão era colher informações sobre a posse das terras em litígio. Boa parte do que hoje é o município de Fátima como Lagoa da Volta, Formigueiro, Serradinha e São Domingos, por exemplo, era disputada pelos dois município...

Como Fátima e municípios vizinhos surgiram dentro das terras do Barão de Jeremoabo?

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Disponível em:  https://www.facebook.com/prefeituradefatimabahia/posts/1910284022614762/ O primeiro ponto a ser destacado na pergunta que nos serve aqui de problema balizador é como essas terras chegaram à família Dantas, linhagem de Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo.             A família D’ávila, da Casa da Torre, foi a responsável pela colonização de toda essa região com a expansão da pecuária bovina ainda nos anos 1700, embora o patriarca da casa da torre, Garcia de Sousa D’ávila tenha chegado ao Brasil ainda antes, nos anos 1500.             A família Ávila ostentou por séculos, durante quase todo o período colonial, o maior latifúndio de que se tem notícia na história do Brasil. Contudo, com a proclamação da república e seus desdobramentos políticos, a Casa da Torre inicia o seu processo de decadência. É nesse período que o Capitão-mor João Dantas...