Padre Renato Galvão pede socorro a Deputado Estadual em nome dos moradores de Monte Alverne (Fátima).


 A carta de 7 de setembro de 1955 é endereçada ao então deputado federal João da Costa Pinto Dantas Júnior e escrita pelo vigário e político a partir da cidade de Cícero Dantas. O documento é parte do acervo on-line “Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão” que passou por uma recente atualização.

A missiva, uma das centenas escritas por Renato Galvão ao político, traz um apelo feito pelo padre para que o deputado tome medidas que combatam os terríveis efeitos da seca e cita a situação calamitosa na pequena localidade de Monte Alverne, cinco anos antes de esta ser alçada à Vila de Fátima.

As cartas do padre endereçadas aos chefes políticos locais, com frequência demonstravam a preocupação do religioso com os nefastos efeitos das secas em nossa região. Vale lembrar que, à época, uma precária estrutura estatal buscava amenizar tais efeitos sobre a população e isso aparentemente era motivo de grande preocupação para o Padre Renato, como era conhecido. Dessa forma, pedidos de construção de açudes, barragens e de verbas para o combate às estiagens eram assuntos frequentemente tratado entre o padre e o deputado.

Na carta a qual nos referimos, o religioso solicita a construção de um açude na lagoa do Ouricuri, obra esta já em fase de inspeção por parte do Departamento de Secas, um antecessor do DNOCS. De acordo com o Padre, essa barragem daria sustentação hídrica a cede do município de Cícero Dantas aproveitando a vazão do rio Kingomes que atualmente serve de divisa entre aquele município e Fátima.

Curioso é que o prefeito de Cícero Dantas na época era João Batista de Andrade (precursor da tradicional família Andrade na cidade), mas foi o vigário o remetente da carta e quem “entregou” a obra nas mãos do chefe político.

Quanto a Monte Alverne, os relatos do Padre Renato dão conta de uma situação absolutamente calamitosa. O vigário pede para que o deputado interceda diretamente junto ao então governador do estado Luiz Viana Filho em nome da pequena localidade onde os moradores não dispunham  mais de água e se alimentavam de bró e um farelo obtido a partir do tronco do ouricurizeiro.

O padre cita ainda o uso político da situação de seca por políticos locais aos quais nomeia simplesmente de “Nosso adversários” confirmando que, por essas bandas, a indústria da seca já é secular e a miséria do povo mais pobre serviu e, em grande medida, ainda serve de palanque para os maus políticos.


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