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A missiva é datada de 9 de
outubro de 1898 e é endereçada à Cícero Dantas Martins, Barão de Jeremoabo. Nela
o fazendeiro, dono da Maria Preta, cujas terras englobavam boa parte do que
hoje é a sede do município de Fátima, queixa-se de questões locais ao Barão,
cita pelejas com Joaquim Borges, ancestral da família Borges, hoje muito
numerosa na cidade e trata de assuntos corriqueiros como a seca e enfermidades.
Como já tratado aqui no blog em outras ocasiões, Severo
Correia é ancestral da também numerosa família Correia e passava por
dificuldades no período posterior à assinatura da Lei Áurea pois o seu plantel
de escravos abandonou a suas terras deixando o fazendeiro em maus lençóis.
Na carta, Severo relata a escavação de manutenção da aguada
do São Domingo que ainda hoje existe e tem o mesmo nome, o serviço de “tirar a
lama” do tanque que nos tempos da escravidão era feito com mão-de-obra cativa, naquela data, contudo, já era executado por trabalhadores assalariados. No dia em que
escrevera a carta, Severo havia ido visitar a obra.
Outro assunto tratado no documento é uma questão de
terras com um certo “Félis”, provavelmente um integrante da família Félix,
questão essa intermediada por Joaquim Borges. A peleja parece girar em torno de
um gado de Félix em terras reivindicadas por Severo. Como muitas questões à
época eram resolvidas à bala, é possível identificar ameaças nesse sentido.
A sede da fazenda Maria Preta provavelmente ficava
localizada onde hoje estão as terras de José Nonato de Oliveira. Pela carta não
é possível concluir que a fazenda São Domingos, hoje povoado de mesmo nome,
tenha sido parte da Maria Preta ou simplesmente uma segunda propriedade
pertencente a Severo Correia.
O documento de 122 anos está disponível no corpus eletrônico documentos do sertão
mantido pela UEFS.
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