O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Monte Alverne sofre com a seca

 

Foto: Juan K. Menezes

No dia 19 de Março de 1947 o JORNAL A TARDE noticiava o sofrimento do povo dessa região em consequência da nefasta seca que assolava toda essa área naquele ano.

A notícia do periódico está registrada no livro de tombo da igreja de Cícero Dantas e foi encontrada pelo pesquisador Juan K. Menezes. Um velho recorte de jornal está ali anexado ao lado de inscrições feitas à mão e são um valioso relato de como a seca afetava a vida do sertanejo naquela data.

Com o título “A seca no Nordeste”, o jornal busca noticiar algumas ações governamentais que visavam amenizar os efeitos da estiagem, bem como relatar a dificuldades de municípios como Antas, Ribeira do Pombal e Cícero Dantas. As ações passam pela construção de açudes e a disponibilização de caminhões pipas para levar água aos rincões dessa árida terra.

A reportagem dá conta da morte de animais e do colapso das aguadas infestadas de urubus se alimentando de peixes mortos, um cenário absolutamente desolador que as gerações atuais, felizmente, não conhecem em sua plenitude.

Os recursos públicos enviados à região para combater os efeitos da seca estão cuidadosamente anotados à mão no livro, Monte Alverne, hoje Fátima, teria recebido 5 mil cruzeiros, conforme anotação. O documento é um mostruário da importante atuação da diocese junto ao povo mais pobre da época. Cartas e telegramas demonstram a preocupação de religiosos e o contato com políticos afim de angariar recursos e obras. O Padre Renato Galvão certamente é um expoente nesse seguimento, seu nome sempre figura entre os mais empenhados em combater os efeitos das secas e minorar a terrível penúria que se abatia sobre o sertanejo a cada período de estiagem, inclusive tomando medidas preventivas como a inserção da algaroba, planta de origem africana,  para servir de ração animal e diversificação da agricultura familiar.


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