Foto: Juan K. Menezes |
No
dia 19 de Março de 1947 o JORNAL A TARDE noticiava o sofrimento do povo dessa
região em consequência da nefasta seca que assolava toda essa área naquele ano.
A
notícia do periódico está registrada no livro de tombo da igreja de Cícero
Dantas e foi encontrada pelo pesquisador Juan K. Menezes. Um velho recorte de
jornal está ali anexado ao lado de inscrições feitas à mão e são um valioso
relato de como a seca afetava a vida do sertanejo naquela data.
Com
o título “A seca no Nordeste”, o jornal busca noticiar algumas ações
governamentais que visavam amenizar os efeitos da estiagem, bem como relatar a
dificuldades de municípios como Antas, Ribeira do Pombal e Cícero Dantas. As
ações passam pela construção de açudes e a disponibilização de caminhões pipas
para levar água aos rincões dessa árida terra.
A
reportagem dá conta da morte de animais e do colapso das aguadas infestadas de
urubus se alimentando de peixes mortos, um cenário absolutamente desolador que
as gerações atuais, felizmente, não conhecem em sua plenitude.
Os
recursos públicos enviados à região para combater os efeitos da seca estão
cuidadosamente anotados à mão no livro, Monte Alverne, hoje Fátima, teria
recebido 5 mil cruzeiros, conforme anotação. O documento é um mostruário da
importante atuação da diocese junto ao povo mais pobre da época. Cartas e
telegramas demonstram a preocupação de religiosos e o contato com políticos
afim de angariar recursos e obras. O Padre Renato Galvão certamente é um
expoente nesse seguimento, seu nome sempre figura entre os mais empenhados em
combater os efeitos das secas e minorar a terrível penúria que se abatia sobre
o sertanejo a cada período de estiagem, inclusive tomando medidas preventivas
como a inserção da algaroba, planta de origem africana, para servir de ração animal e diversificação
da agricultura familiar.
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