O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Padre Renato Galvão se queixa da atuação de João Maria em eleições de Fátima


Em carta de 1954, o vigário líder político local e, posteriormente, candidato a prefeito de Cícero Dantas, relata as movimentações políticas locais ao deputado estadual João da Costa Pinto Dantas Jr, neto do Barão de Jeremoabo, líder político regional.
Naquele período, Fátima, que ainda se chamava Monte Alverne e pertencia à Cícero Dantas, era o maior povoado do município e importante colégio eleitoral para o candidato Renato Galvão. Na correspondência, o padre fala sobre a total desorganização dos trabalhos na localidade de Monte Alverne, citando inclusive a suposta incompetência dos responsáveis, o que nos dá uma ideia de como os pleitos eram realizados por aqui na época:

Em Monte Alverne, nosso reduto, não houve praticamente eleições. Já o previa e assim é que forneci cópias ao delegado do partido em termo de responsabilidade ao presidente. Escolheram para dirigir pessoas incapazes. Os trabalhos estiveram paralisados até as 15 horas, os presidentes não sabiam abrir e dirigir os trabalhos

Na sequência, o vigário fala da atuação de João Maria e um certo João Neves:

O delegado João Neves e o soldado João Maria só deixaram votar quem mostrasse as chapas, isso dentro do recinto, suspenderam os trabalhos pela manhã e espalharam notícias falsas que causaram o pânico.

O texto nos mostra as acirradas disputas eleitorais em nossa região. Regada a um certo primitivismo e a inapropriada malícia de manipular os resultados, o que produzia um ambiente caótico de intrigas e resultados fraudulentos.
É esse mais um retrato das disputas políticas em nossa região na década de 1950, são práticas políticas que, infelizmente, ainda não foram de todo extirpadas em nossa cidade.


O documento necessário para esse artigo nos foi enviado pelo amigo Fernando Pires

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