Em carta de 1954, o vigário líder político local e, posteriormente, candidato a
prefeito de Cícero Dantas, relata as movimentações políticas locais ao deputado
estadual João da Costa Pinto Dantas Jr, neto do Barão de Jeremoabo, líder político
regional.
Naquele período, Fátima, que ainda se chamava
Monte Alverne e pertencia à Cícero Dantas, era o maior povoado do município e
importante colégio eleitoral para o candidato Renato Galvão. Na correspondência,
o padre fala sobre a total desorganização dos trabalhos na localidade de Monte
Alverne, citando inclusive a suposta incompetência dos responsáveis, o que nos
dá uma ideia de como os pleitos eram realizados por aqui na época:
Em Monte Alverne, nosso
reduto, não houve praticamente eleições. Já o previa e assim é que forneci
cópias ao delegado do partido em termo de responsabilidade ao presidente. Escolheram
para dirigir pessoas incapazes. Os trabalhos estiveram paralisados até as 15
horas, os presidentes não sabiam abrir e dirigir os trabalhos
Na sequência, o vigário fala da atuação de
João Maria e um certo João Neves:
O delegado João Neves e o
soldado João Maria só deixaram votar quem mostrasse as chapas, isso dentro do
recinto, suspenderam os trabalhos pela manhã e espalharam notícias falsas que
causaram o pânico.
O texto nos mostra as acirradas disputas
eleitorais em nossa região. Regada a um certo primitivismo e a inapropriada
malícia de manipular os resultados, o que produzia um ambiente caótico de
intrigas e resultados fraudulentos.
É esse mais um retrato das disputas políticas
em nossa região na década de 1950, são práticas políticas que, infelizmente,
ainda não foram de todo extirpadas em nossa cidade.
O documento necessário para esse artigo nos foi enviado pelo amigo Fernando Pires
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