As
circunstâncias da proclamação da república brasileira levaram a população, de
um modo geral, a dar muito pouca importância ao 15 de novembro. Assim, nomes
importantes do republicanismo nacional como Floriano Peixoto, Quintino Bocaiúva
e Benjamim Constant não figuram no imaginário do grande público no país.
De
acordo com a maioria dos historiadores, essa falta de interesse pelo evento da
proclamação da república se dá, em grande medida, pela falta de participação
popular na mudança de regime. A república fora proclamada através de um golpe
de estado dado pelos militares com o apoio das elites políticas e econômicas. Ficando o povo totalmente à margem de todo o processo e, a rigor, do planejamento
daquilo o que viria a ser o Brasil republicano.
Por
conta disso, o feriado de 15 de novembro passa quase que em branco em todo o
país. Boa parte dos brasileiros nem sabe do que se trata a data. Para além disso,
poucas são as homenagens feitas pelo país ao acontecimento daquele conturbado
ano de 1889.
Em
nossa região, contudo, existem alguns indícios de que essa apatia referente à
data da proclamação da república tenha sido diferente nos primeiros anos do
novo regime. É provável que a recém proclamada república carecesse de liga
entre o nosso povo, por isso, os primeiros governos empenharam-se em criar um
sentimento patriótico em torna da república, sobretudo nessa distante região.
Em
carta à Cícero Dantas Martins, Barão de Jeremoabo, um cidadão da então Vila de
Tucano, de nome, Antero Cerqueira Gallo, fala a respeito das comemorações do 15
de novembro. O simples fato de tal comemoração ser citada em carta ao Barão nos
diz muita coisa. É importante lembrar que o Cícero Dantas Martins tinha grande
prestígio político, era uma liderança venerada entre os seus conterrâneos e, considerando
que esse tema fora citado em mais de uma carta do mesmo Antero Gallo em correspondências
com o Barão, nos é possível deduzir que, de fato, era este um feriado
importante e apreciado pela população.
Uma
das cartas data de 23 de novembro de 1898, apenas nove anos após a proclamação.
É demasiadamente importante lembrar que naquele ano, do envio da correspondência, a Guerra de Canudos, um movimento abertamente monarquista na figura do
seu líder Antônio Conselheiro, um antirrepublicano convicto, tinha sido encerrado há muito pouco tempo (1897) e suas marcas ainda estavam muito vivas no imaginário popular.
Nesse
momento, nos é franqueada a liberdade de imaginar o quão importante era para
aquela elite política local, fazer com que o sentimento republicano fosse
absorvido pela população em geral. Aliás, um duro dever aquele de inserir na
cabeça dos mais pobres a bondade de um regime que simplesmente não os
enxergava.
Fonte:
Corpus eletrônico de documentos do sertão - UEFS
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