O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 20 de agosto de 2024

Os Britos de Pombal, origens e parentesco com o Barão de Jeremoabo – Antônio Ferreira de Brito.

 

https://reynivaldobrito.blogspot.com/2014/08/ribeira-do-pombal-precisa-preservar-sua.html

Não se sabe ao certo a data de nascimento de Antônio Ferreira de Brito, sabe-se, contudo, que faleceu a 4 de setembro de 1904. Casado com Josefa Soares de Brito, foi chefe político de Ribeira do Pombal, vereador, delegado, Conselheiro Municipal, intendente (equivale a prefeito), foi chefe do partido conservador na cidade durante muitos anos.

Detinha a patente de Ten. Coronel da Guarda Nacional, o que demonstra influência política e alinhamento com a aristocracia rural local. Era parente de Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo, uma vez que Maria Josefa da Conceição (Tia avó do Barão), casou-se com Francisco Ferreira de Brito. Desse casal, descendem os Britos de Pombal. Em carata ao Barão, datada de 1900, afirma que sua família já mandava na vila a mais de cem anos.

No acervo de cartas do Barão, constam ao menos quinze correspondências entre os dois no período de 1891 a 1902, onde tratam de diversos assuntos que versam entre a política, negócios particulares e a Guerra de Canudos.

Um dos assuntos relevantes discutidos entre os dois amigos, é a relação de um dos filhos de Antônio Ferreira de Brito com um importante militar da Guerra do Paraguai (1864-1870). Escreve ao Barão em 23 de março de 1893: “Espero carta do Benigno, sabendo se ainda encontro meu filho que deve seguir para o Rio Grande como voluntário com o capitão Salvador Pires até segunda feira e se me disserem que o encontro vou dar-lhe a última benção”. (Acervo de Cartas do Barão de Jeremoabo).

A Guerra de Canudos, foi também um assunto recorrente nessas missivas. Mesmo antes da deflagração do conflito, um clima pesado era percebido pelos latifundiários de toda a região. Em 10 de fevereiro de 1894, escreve Ferreira de Brito ao Barão:

 

Ontem fomos surpreendidos com a aparição de 17 sicários de Antônio Conselheiro, armados até os dentes. Demoraram pouco e seguiram para os lados daí. Aqui chegando, soube terem dormido na vazia salgada, onde moram meus sobrinhos. Principiam-se as correrias, os roubos e desrespeito a autoridades. E como repeli-los com apenas um praça que tem no Pombal?

          Esse pombalense poderoso foi o construtor do famoso Sobrado dos Britos, um solar suntuoso construído no final do século XIX e que foi demolido nos anos 1970 para dar lugar a atual agência do Banco do Brasil da cidade.

Era genro de Antônio Soares da Fonseca, Coronel Monte Santo. Acerca desse último, se sabe muito pouco, apenas que foi um grande proprietário de terras na região. Sobre seu falecimento, em 26 de julho de 1896, José Gonçalves, amigo do Barão, em carta, noticia: “Faleceu ele (Coronel Monte Santo) e um filho, na Formosa”.

 

É sabido que Antônio Ferreira de Brito teve, ao menos, dois filhos: Francisco Ferreira de Brito, casado com Manuella Francisca do Nascimento. Francisco era Ten. Coronel da Guarda Nacional e ocupou cargos como: Juiz de Paz, intendente de Ribeira do Amparo e intendente do Conselho Municipal da Vila de Pombal.

A outra filha é Ana Ferreira de Brito, que aparece na fotografia abaixo, publicada por Álvaro Pinto Dantas de Carvalho Júnior. A foto foi um presente à família Dantas. Era costume das pessoas até meados do século XX, oferecer fotografias a amigos e parentes.








Ana Ferreira de Brito

 

Antônio Ferreira de Brito era avô de Antônio Ferreira de Oliveira Brito, político influente que ocupou dois ministérios na segunda do século XX e presidiu a CHESF entre 1985 e 1987.





Moisés Reis, Professor há 22 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira pela UNIASSELVI, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista, Fátima: Traços da sua Histórias, O Embaixador da Paz, Maria Preta: Escravismo no sertão baiano, e da HQ Histórias do Cangaço e do documentário Identidade Fatimense.



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