Moisés Reis
Marcelo Souza Reis
RESUMO:
Nos meses que antecederam a
deflagração da Guerra de Canudos, Antônio Conselheiro e seus seguidores
perambulavam pelo sertão da Bahia construindo e restaurando igrejas, capelas e
cemitérios, além de pregações proféticas e moralistas. Na Vila de Bom Conselho
e povoamentos vizinhos, essa interação foi registrada antes e durante o
conflito. As relações de compadrio que davam suporte aos conselheiristas,
aparentemente eram tão importantes que até mesmo a segurança do peregrino era
relegada a segundo plano. Em uma terra de diversos desafios e perigos que
espreitavam nas estreitas curvas das estradas sertanejas do final do século
XIX, o beato e seus seguidores viajaram até o Bom Conselho para participar de
batizados, cerimônias realizadas pelo vigário da Vila de Bom Conselho, Vicente
Martins, mesmo após a devassa feita na ocasião da primeira expedição à Canudos
empreendida pelas forças legais.
ABSTRACT:
In the months before the outbreak of
the Canudos War, Antônio Conselheiro and his followers roamed the backlands of
Bahia, building and restoring churches, chapels and cemeteries, in addition to
prophetic and moralistic sermons. In the Vila do Bom Conselho and neighboring
settlements, this interaction was recorded before and during the conflict. The
relationships of patronage that provived support the followers were apparently
so important that even the pilgrim's safety was relegated to the background. In
a land of diverse challenges and dangers that lurked in the narrow bends of the
backcountry roads at the end of the 19th century, the blessed and his followers
traveled to Bom Conselho to participate in baptisms, ceremonies conducted by
the vicar of Vila de Bom Conselho, Vicente Martins, even after the
investigation conducted during the first expedition to Canudos undertaken by
the legal forces
PALAVRAS-CHAVE:
Canudos – Antônio Conselheiro –
Batistério – Guerra – Bom Conselho.
ALGUMAS QUESTÕES INICIAIS:
Pouco ou quase nada se discute acerca
da relação de Antônio Vicente Mendes Maciel com a vila do Bom Conselho antes e
durante a famigerada Guerra de Canudos, o pouco que fora registrado em
eventuais trabalhos locais, obras memorialistas, basearam-se em relatos
superficiais, e carecem, sob nossa ótica, de rigor e metodologia acadêmica, e
consequente aprofundamento. Essa assertiva, contudo, não busca afirmar que
trabalhos como a obra Reminiscências do Bom Conselho, livro de Gildo
Dantas de Souza, lançada em 2007 pelo programa Cultura da Gente, uma
iniciativa do Banco do Nordeste, não têm valor histórico e até científico, se
trata, isto sim, de pontuar que uma obra memorialista e um texto
historiográfico são volumes diferentes dentro do campo da história e atendem a
propósitos distintos.
Isso posto, acreditamos ser
importante pontuar essas questões em virtude dos movimentos de sequestro da
memória empreendidos recentemente aos fatos históricos mais relevantes pela
ascendente extrema direita nacional. Assim como o regime militar, o cangaço e
tantas outras passagens históricas importantes para o Brasil, o movimento de
Canudos também tem sido alvo de algumas interpretações que visam um
revisionismo totalmente desprovido dos rigores científicos que devem estar
presentes no fazer histórico.
Para discorrer sobre as
manifestações intrínsecas ao movimento de Canudos, pensamos em pontuar algumas
questões problemáticas que cercam o tema. A começar pelo famoso episódio da
destruição das tábuas dos impostos, ocorrida em 1893, que é contestado por
alguns estudiosos se, de fato, teria ocorrido em Bom Conselho (Cícero Dantas).
Isso porque, para alguns, há indícios de que o fato possa ter ocorrido na Vila
de Natuba, atual Nova Soure. Um desses estudiosos, o professor José Calazans
Brandão da Silva, vai além e discorre sobre o trecho de “Os Sertões”.
Em abril, quando os municípios iniciaram
a cobrança dos impostos estabelecidos pela lei da organização municipal, em
algumas localidades do nordeste baiano, grupos populares, em grande algazarra,
quebraram as tabuletas afixadas nos prédios das intendências. O primeiro local
foi Natuba, hoje Soure. Euclides da Cunha, equivocadamente, escreveu Bom
Conselho e o erro vem sendo repetido. O grupo conselheirista ocupou Bom
Conselho, praticando, aliás, as mesmas violências, dois anos após o episódio do
Soure. (CALAZANS, 1997).
Essa interação entre o Conselheiro e
Bom Conselho, contudo, tem outras nuances que vão além da História Oral.
Existem fontes robustas que corroboram com a informação de que o beato cearense
interagiu com as pessoas desta terra antes e durante a Guerra de Canudos,
estabelecendo relações de ajuda mútua entre a gente pobre do sertão.
Ao
longo desse estudo, nos dedicaremos a buscar elementos que nos ajudem a dar
sustentação a essa tese com base na literatura especializada, documentação
primária (cartas, registros de batismos e livros de tombo) e na história oral.
Essas serão as fontes nas quais nos apoiaremos a fim de tentar demonstrar ao
leitor que a passagem de Antônio Conselheiro nas terras do Bom Conselho está
bem fundamentada pelas fontes.
Além
disso, nos preocupamos, enquanto construíamos esse trabalho, em fundamentar de
forma robusta as informações aqui constantes, além de buscar a confrontação das
diferentes fontes utilizadas na pesquisa a fim de dar mais robustez ao trabalho
em questão.
OS REGISTROS
No premiado livro Canudos, cartas ao Barão, a historiadora
Consuelo Novais aborda o conflito a partir de cartas trocadas entre Cícero
Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo e diversos outros conterrâneos, nas quais
tratam, entre outras temáticas, da Guerra de Canudos. É um ponto de vista
inovador, pois busca retratar como pessoas comuns, sertanejos que trocavam
correspondência com o Barão, residentes nas cidades e vilas vizinhas ao
conflito, interagiam com as notícias da guerra e com episódios pavorosos como,
por exemplo, a chegada de soldados arrasados pelas batalhas e pela dureza do
sertão baiano aos povoados após os conflitos, ou mesmo os corpos mutilados de
sertanejos e militares deixados nas margens das estradas onde ocorreram as
batalhas entre conselheiristas e forças legais.
Antes de prosseguirmos com essa
abordagem, é necessário que se construa um adendo a fim de informar ao leitor
menos inteirado das correspondências do Barão de Jeremoabo e a sua relação com
os sertanejos que, direta ou indiretamente, estavam sob sua zona de influência
no final do XIX.
Antes de mais nada, é necessário
saber que, Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo, é famoso por ter sido
um entusiasta das cartas como meio de comunicação, Álvaro Pinto Dantas de
Carvalho Júnior, um descendente direto do fidalgo que escreveu o livro O
Barão de Jeremoabo e a Política do seu Tempo, estimou na referida obra que
Jeremoabo escreveu cerca de 44 mil cartas, ao longo dos seus 65 anos de vida.
Isto posto, é imperativo que se considere também o público com o qual o Barão
se correspondia. Nesse sentido, e analisando suas missivas, o referido autor,
assim como a já citada Consuelo Novais, apuraram que as cartas escritas e
recebidas por Jeremoabo eram oriundas de, obviamente, pessoas de posses,
políticos, senhores de engenhos, médicos e advogados, como era de se esperar de
um homem de negócios da envergadura de Cícero Dantas Martins, contudo, uma
informação importante e, do nosso ponto de vista, enriquecedora acerca da visão
produzida por essas cartas, reside no fato de o Barão também ter se
correspondido com pessoas comuns, homens e mulheres que não pertenciam à camada
“superior” da hierarquia social, sendo esses pequenos comerciantes, pequenos
proprietários de terras e criadores de gado, rendeiros e até mesmo os vaqueiros
de suas fazendas que dominavam a arte da leitura e da escrita.
Em
uma dessas cartas, datada de 2 de janeiro de 1896, Reginaldo Alves de Melo, que
na época ocupava o cargo de Juiz em Itapicuru, escreve ao Barão:
[...] Nada de notável que mereça
noticiar-lhe senão os horrores, já sabidos, cometidos no Bom Conselho, pela
gente do Conselheiro.
No
post scriptum, da carta enviada pelo
ex-governador da Bahia, José Gonçalves da Silva, leal amigo do Barão, consta o
seguinte relato:
Li a carta do preparador do Bom
Conselho. A entrada ali do Conselheiro é uma coisa muito grave. A Bahia, hoje,
é vítima de todas as desgraças. Bem dizem as pessoas que estas viajam de
tropel. Mas também é certo que do excesso do mal pode vir o remédio.
O cidadão de Tucano de nome Antero
Cerqueira Galo, não era um erudito, nem alcançara alto posto na hierarquia dos
cargos do estado, a bem da verdade, era homem de poucas letras. Eis a sua
versão de um dos combates entre conselheiristas e o exército:
Tucano, 23 de janeiro 97
Faço
ardentes votos pela continuação de sua saúde e da Excelentíssima família, e que
tenha tido boas festas e entrada do recém vindo 97. Hoje 2 horas da madrugada
chegou notícia do nosso Amigo Coronel José Américo e de pessoa fidedigna do
Cumbe que as forças legais no dia 18 e 19 do mês vigente tiveram renhido
combate com os fanáticos do Conselheiro no Combate foram atacados de emboscada
pelos fanáticos, travando-se renhida luta. Os Conselheiristas retrocederam,
depois de uma carnificina extraordinária da parte dos fanáticos. Continuando as
forças legais sua marcha, foram dormir distante de Canudos ½ légua, quando
arrumava a bagagem para seguir foram surpreendido por uma grande força
fanática, travando-se logo uma luta sanguinolenta, que as forças legais
viram-se obrigado a retrocederem pelo número esmagador e pela, fome e sede,
depois de deixar o solo juncado de cadáver de fanáticos, o bravo Major Febrônio
está horrorizado pela forma e coragem com que brigam os fanáticos; vinham pegar
as bocas das carabinas e das peças; já sobe á mais 800 mortos da parte dos
fanáticos, e soldados morreram 9, um tenente gravemente ferido e 40 e tantos
soldados. O Exército conselheirista compõe-se de mais de 5 mil homens capaz de
luta, fora as mulheres que sobem á outro tanto e brigam fanaticamente, nessas
lutas saíram mais de 300 homens. Corpus eletrônico Documentos do Sertão (UEFS).
Outra missiva que cita o Conselheiro
é escrita pelo padre Vicente Martins, que ocupou a função de pároco da Igreja
de Nossa Senhora do Bom Conselho por quase cinquenta anos e foi, inclusive,
sepultado na capela-mor da mesma igreja. No dia 22 de janeiro de 1896, apenas
vinte dias após a carta acima citada, de Reginaldo Alves de Melo. Nela, o
vigário escreveu ao Barão: [...] Quanto a Antônio Conselheiro, aqui esteve e
não pude proceder de outra forma e ainda mesmo quando contasse com elementos,
deixaria de reagir.
Essa carta foi escrita pelo padre em
plena reconstrução da igreja Matriz que foi por ele demolida e em lugar da
antiga, ergueu o novo templo, que conserva ainda hoje grande parte da
arquitetura utilizada naquela data.
Essas três correspondências, com
exceção da carta de Antero Cerqueira Galo,
foram publicadas por Consuelo Novais no livro já citado, mas existem
muitas outras correspondências enviadas ou recebidas pelo Barão, boa parte
delas se encontram disponíveis no Corpus Eletrônico Documentos do Sertão,
plataforma on-line mantida pela UEFS.
Outras fontes documentais, com
efeito, reforçam a tese da passagem do Conselheiro por Cícero Dantas. Ao menos
duas delas estão registradas no livro tombo da Paróquia de Nossa Senhora do
Boqueirão. No livro de 1949, o Padre Renato Galvão faz um apanhado histórico da
Igreja, cujas informações por ele registradas, são creditadas ao sacerdote
capuchinho Frei Caetano de Altamira. Frei Caetano era neto do artista sergipano
João Antônio Cristino dos Santos que, a pedido da Baronesa de Jeremoabo,
entalhou o altar da Igreja Matriz, em trabalho entregue em 1907.
Na página 44 do Livro Tombo da
Igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho, registra-se: “A velha matriz do Bom
Conselho foi demolida em 1893 e iniciada a atual em 1894. Antônio Conselheiro
deu sua ajuda com trabalho em 1895”. (Livro tombo da Paróquia de Nossa Senhora
do Bom Conselho, p. 44)
No mesmo livro e página, lê-se
adiante: “Os homens rudes de Canudos deixaram aqui grande contribuição de
madeira e pedra em 1895”.
As duas passagens acima, dão conta
de, pelo menos, duas contribuições de conselheiristas nas obras da referida
igreja em momentos distintos, enquanto os seguidores de Conselheiro e sobretudo
o próprio Antônio Vicente Mendes Maciel, ganhavam fama em todo o Nordeste e já
batiam de frente com o status quo. Na
primeira citação -1893 – ocorreu a queima das tábuas dos impostos na vila de
Natuba, atual cidade de Nova Soure, na segunda – 1895 – o arraial de Canudos já
tinha sido fundado há dois anos e a comunidade já se organizava social,
política e economicamente.
Acerca dessa mesma reforma, escreve o Padre
Vicente ao Barão: “Comunico a V.Exa. que em o dia sábado, 18 do vigente, subiu
com muita animação, já de parte do pobre pastor, já da parte do rebanho, a
cumeeira da capela-mor da Matriz e é bem provável que até sábado seja a mesma
coberta”. (APUD NOVAES. 1999, p. 115).
A ajuda dada por Conselheiro e seus
seguidores na reforma e construção de igrejas e cemitérios não é
necessariamente uma novidade. A prática foi cultivada pelos conselheiristas por
décadas em todo o Nordeste, ainda em 1876, no Ceará, Antônio Conselheiro faz
promessa de construir 25 igrejas pelo sertão, como penitência por ter se
livrado de uma falsa acusação.
Outras fontes de rara importância a
situar Conselheiro e seus seguidores em Bom Conselho, estão em quatro registros
de batismos realizados pelo Padre Vicente Martins entre os anos de 1895 e 1897.
Em todos as cerimônias, crianças foram batizadas tendo como padrinho Antônio
Vicente Mendes Maciel.
Esses batismos, como dito,
reforçavam a rede de compadrio, tão importante para o suprimento de belo monte
da boa vontade e simpatia do sertanejo, mas também tinham o potencial de criar
uma rede de informações nos períodos de guerra e até mesmo de fortalecer as
redes de comércio entre conselheiristas e as vilas sob a zona de influência do
movimento de canudos. Guardadas as devidas ressalvas, condição semelhante se
estabeleceria nas décadas seguintes com outro movimento social nordestino, o
cangaço, movimento sustentado em grande parte, pela rede de compadrio, os
coiteiros, cativados como elementos de grande importância por Lampião e pelos
diversos chefes de subgrupos que agiam no sertão.
O primeiro deles ocorre a dez de
dezembro de 1895, no livro de batismo, registra o vigário:
Aos dez dias do mês de dezembro de
1895, batizo solenemente a Guilherme, nascido a vinte e cinco de abril de 1895,
filho legítimo de Theotônio José de Carvalho e Felismina Francisca de Castro.
PP Antônio Vicente Mendes Maciel e João Damázio de Sant’Ana, sob a proteção de
Nossa Senhora do Bom Conselho. E para constar, fiz este termo que assino.
Vigário Vicente Martins.
Nesse período, Belo Monte já havia
sido fundada e já recebia sertanejos que buscavam na localidade um pouco de esperança.
A cerimônia com a presença de Conselheiro, indica que o beato não se furtava em
sair do arraial e aumentar a sua influência entre os sertanejos.
É um ponto de vista interessante
pensar na figura icônica do Conselheiro perambulando pelo sertão mesmo após
ficar conhecido e odiado pelas elites locais que o classificavam como louco,
fanático e até de impostor. É mais intrigante ainda se pensarmos que o sertão
do final do século XIX era uma terra violenta, suas estradas e entroncamentos
arenosos eram pontos de emboscadas, aventureiros, pistoleiros e até mesmo
protocangaceiros já agiam nas estradas sertanejas assaltando e matando sem
discriminação.
Um exemplo disso é o antigo
cemitério da Cacunéia, uma área que ficava onde hoje está situada a Igreja
Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho, a mesma que foi reformada pelo Padre
Vicente em 1895. Ali, em 1812, o Frei Apolônio de Todi, classificado por
Euclides da Cunha como o Apóstolo do Sertão, ergueu a capela primordial que
daria origem a atual igreja, de acordo com Santos 2021:
Já
em 1812, cumprindo determinação do Arcebispo da Bahia, frei Apolônio de Toddi
foi incumbido de prestar assistência religiosa e espiritual a essa gente, a fim
de minorar aquelas delinquências e também de manter a presença da igreja no
interior. Tão logo aportou à região, feri Apolônio fez contato com dona
Cacunéa, antiga moradora, e, imediatamente, onde havia o velho cemitério,
erigiu uma cruz e celebrou a sua primeira missa, assistida pelos moradores
locais e da circunvizinhança, como também por muitos indígenas. Sem perda de
tempo, com a ajuda de todos os moradores, deu-se início à construção de uma
capela, cujo Orago, mandado esculpir na capital, foi entronizado com o nome de
Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes do Boqueirão, denominação oficializada
através do alvará de 21 de julho de 1817. O povoado, de início sem expressão,
foi vagarosamente se desenvolvendo graças ao trabalho constante e pertinaz da
catequese, imprimido com afinco e fé pelos religiosos, o que proporcionou maior
fixação do homem à terra, pois as vias de comunicação começaram a se expandir e
o fluxo de pessoas na região passou a ser mais significativo.
O trecho acima, foi retirado de um
relato de cronistas, documento de posse da Igreja de Nossa Senhora do Bom
Conselho, as “delinquências” das quais o cronista trata, fazem referência ao
alto número de assaltos e latrocínios ocorridos naquela área. Conhecida por ser
um entroncamento entre os caminhos do boi vindos do São Francisco, atual região
de Paulo Afonso-Ba que se dirigiam para Salvador e os boiadeiros que faziam a
mesma rota, mas em direção ao litoral sergipano, a área que hoje é o centro da
cidade de Cícero Dantas era movimentada e por isso, lugar de emboscadas de
assaltantes que não hesitavam em matar e enterras suas vítimas sem qualquer
liturgia no dito cemitério.
Essa zona, com efeito, continuou
violenta com o passar dos anos, no final daqueel século e nas primeiras décadas
do século XX, foi uma área de temor por parte dos viajantes. Para fundamentar
isso, basta dizer que foi essa uma área de atuação constante de cangaceiros até
1940, quando os últimos bandos se entregaram ou foram dizimados pela polícia.
Mas voltando a falar dos batismos e
das viagens do conselheiro pelas estradas sertanejas, chegamos ao segundo
registro de batismos, onde lê-se:
Aos doze dias do mês de dezembro de
mil oitocentos e noventa e cinco, batizo solenemente a Anna, nascida a três de
dezembro de 1895, filha legítima de Fulgêncio Dantas Manoel e Francisca
Magdalena. PP Antônio Vicente Mendes Maciel e Maria Ribeiro da Silva, sob a
proteção de Nossa Senhora do Bom Conselho. E para constar, fiz este termo que
assino.
Vigário Vicente Martins.
Essa cerimônia foi realizada apenas
dois dias após a segunda, indicando que o conselheiro permaneceu nas terras do Bom
Conselho por alguns dias.
O terceiro batismo se dá seis meses
depois, já em novembro de 1896, onde lê-se:
Aos seis dias do mês de novembro de
1896, batizei solenemente a Maria, nascida a treze de setembro de 1869, filha
legítima de Pedro da Paz Oliveira e Joaquina Alves de Jesus. PP Antônio Vicente
Mendes Maciel e (palavra desconhecida) do Espírito Santo Loreto. E para
constar, fiz este termo que assino.
Aquele ano de 1896 foi o que entrou
para a história como o ano no qual se iniciou a Guerra de Canudos, pois foi
nesse período que os conselheiristas encomendaram a madeira para a igreja de
Bom Jesus em Juazeiro e o atraso na entrega e o consequente surgimento do boato
de que Conselheiro e seus seguidores invadiriam a cidade, provocou a convocação
das tropas estaduais pelas autoridades locais.
Seguindo a cronologia, o quarto e
último batismo ocorre já em 1897, conforme transcrito abaixo:
Aos dez dias do mês de janeiro de
1897, batizei solenemente a Domingos, nascido a quinze de setembro de 1896,
filho legítimo de Antônio Souza do Nascimento e Laurinda Maria de Jesus. PP.
Antônio Vicente Mendes Maciel e Alcebíades Fontes. E para constar, fiz este
termo que assino.
Vigário Vicente Martins.
Nessa data, a expedição do tenente
Miguel da Silva Pires Ferreira, a primeira expedição, já havia sido emboscada
em Uauá quando fora obrigada a retornar para Juazeiro após duro conflito com os
conselheiristas.
Em outras palavras, quando a criança
de nome Domingos, recebeu como padrinho Antônio Conselheiro em terras do Bom
Conselho, a Guerra de Canudos já havia começado.
Dessa forma, o batismo realizado a
seis de novembro de 1896, ocorreu no mesmo mês da primeira expedição emboscada
em Uauá e em meio à movimentação de tropas, conforme vê-se na carta de
Marcelino Pereira de Miranda ao Barão, datada de 27 novembro de 1896.
Marcelino, que morava na Vila de Tucano escreve:
“Notícias do Conselheiro horrorosas.
Além da batalha havida em Uauá, onde morreram (por diversas contas) 112
conselheiristas e 9 praças do governo” [...] seguiu nova força, passou na
Serrinha para cima, é de supor já esteja reunida. O conselheiro está procedendo
secretamente para engrossar o seu exército (NOVAES. p. 122).
Considerando que o Conselheiro
esteve presente nos referidos sacramentos, pela ausência do registro de
procuração por terceiros nas referidas cerimônias, é interessante imaginar que
os conselheiristas e seu líder, mesmo estando envoltos em uma situação grave de
beligerância sentiam-se seguros em sair do arraial para fortalecer os laços de
compadrio que sedimentavam a influência de Conselheiro entre o povo do sertão, contando,
imagina-se, com o espirito alimentado pelo líder messiânico e a presença de
armamento, estando, portanto, livres de qualquer temor.
Padre Vicente, o vigário de Bom
Conselho, era partidário do Barão, portanto, opositor do movimento de Canudos,
mas mesmo assim celebrou as cerimônias de batismo. Isso pode demonstrar tanto
um temor pela força que Antônio Conselheiro adquirira naquele momento ou que o
vigário não se opunha tanto quanto o fidalgo àquele movimento. De toda sorte,
os batismos registrados pelo Padre, são documentos importantes para analisarmos
a interação de Conselheiro com os habitantes do Bom Conselho.
Essa
documentação primária, aliada ao que a literatura já abordou sobre a temática,
com efeito, nos traz uma importante e muito pouco considerada perspectiva sobre
o conflito ocorrido em Belo Monte, leia-se a passagem dos conselheiristas pela
Vila de Bom Conselho.
Quando abordamos as fontes orais,
através de relatos de testemunhas oculares recolhidos em entrevistas, podemos
sedimentar essa ideia. Um desses oradores que se propuseram a falar sobre Conselheiro
no Bom Conselho, foi o juiz preparador Pedro Batista do
Espírito Santo, auxiliar de Arlindo Leoni (1869-1936). Que faz o seguinte
relato, publicado no jornal soteropolitano Diário da Bahia, em 18 de dezembro
de 1895:
Às dez horas do referido dia 5 de
dezembro, a nossa expectativa foi muito além do que imaginamos. O som áspero de
uma música marcial, o estrugir de foguetes que de espaço em espaço fende os
ares, a vozeria descompassada de mais de mil bocas que em som cavernoso
repercutia pelas quebradas das montanhas o ecoar de "Viva o Bom Jesus!
Viva o nosso Conselheiro! Viva a Monarquia”, anunciavam o momento de sua
entrada triunfante nesta nova Jerusalém. [...].
Ele prossegue:
De súbito surgiu, envolta em densa
nuvem de poeira, a primeira ala, composta de 12 homens vestidos de camisola
azul, no centro dos quais destacava-se um velho magro de cor macilenta, barba
longa e grisalha, cabelos compridos e esparsos em desalinho pelos ombros.
Vestindo uma túnica branca e segurando um bastão, que lhe servia de arrimo aos
vacilantes passos. O vulto que assim se diferenciava dos outros era Antônio
Conselheiro.
Esta carta, traz a luz, de forma
impactante a entrada triunfante dos conselheiristas na vila, o texto fora
divulgado entre a elite social sertaneja e soteropolitana, causando indignação
e assombro. Mas a riqueza de detalhes apresentada, dota o documento, de um
valor inestimável, havendo outro trecho em que o magistrado retrata os aliados fiéis
do Conselheiro.
Os 12 homens de camisola azul, atada
à cinta por um grosso e comprido cordão, arrematado por duas bolas, tendo sobre
a cabeça um gorro da mesma cor, são os de sua maior confiança e por isso tem a denominação
de Apóstolos, e como taes são tidos e respeitados. Em seguida, uma Segunda ala
de cerca de vinte homens bem armados e uniformizados, e como esta mais cinco ou
seis, iam sucessivamente mostrando-se aos olhos dos espectadores. Após esta
coluna de mais de 100 homens, o grosso do exército em ordem de quatro a quatro
formava em contínuo e lento movimento uma extensa linha de mais de 100 metros.
[...].
Segundo (ESPÍRITO SANTO, 1895), o
juiz em exercício da comarca, o Dr. Arlindo Batista Leoni, estava na Fazenda
Vitória, do coronel e ex-deputado Aristides da Costa Borges, com a descrição de
que a vila estava em estado de sítio, não podendo retornar. Este mesmo juiz,
seria transferido para a Comarca de Juazeiro, sendo o próprio, o responsável
pela solicitação da expedição de Pires Ferreira, segue:
O Dr. Juiz de direito está fora da
villa, na fazenda Vitória do coronel Aristides Borges, donde não pode voltar à
vila, porque está em perfeito estado de sítio, só nela entrando e della sahindo
aquellas pessoas, que os sentinelas postados nas estradas entendem não serem
suspeitas ao seu summo pontífice.
O detalhado relato do magistrado,
além de ser uma amostragem histórica muito importante de como se organizavam os
conselheiristas, nos revela o clima construído na vila de Bom Conselho com a
chegada dos seguidores de Conselheiro, além de relatar a suposta
impossibilidade do retorno do Juiz titular Arlindo Leoni ao Bom Conselho durante
o período de permanência dos conselheiristas, inclusive citando o local exato
onde se encontrava. A fazenda de Aristides Borges era uma propriedade que
utilizou mão de obra escrava e ficava nas imediações da Vila, o proprietário, inclusive,
era pessoa de destaque na sociedade, um político, membro da aristocracia local.
OS RELATOS ORAIS:
Essas
visitas dos canudenses ao Bom Conselho, evidentemente, geraram grande repercussão
na sociedade local. Tanto é que as lembranças desses acontecimentos ficaram na
memória de moradores e seus descendentes por muitos anos, sendo resgatadas
posteriormente por pesquisadores interessados nas narrativas geradas a partir
de experiência ocular ou de descendentes diretos de pessoas que estiveram cara
a cara com Antônio Conselheiro e seu povo na pequena vila que mais tarde, 1905,
receberia o nome de batismo do Barão de Jeremoabo, sepultado no altar mor da
igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes do Boqueirão. A
cidade de Cícero Dantas herda também a história e a arquitetura daquele
conturbado fim do século XIX, de acontecimentos tão significativos de
repercussão nacional.
Em
2023, o pesquisador Marcelo Reis entrevistou o senhor José dos Santos Souza,
com 78 anos, residente no distrito de Trindade (Cícero Dantas-BA). Na
oportunidade, o entrevistado relatou, baseado no que ouviu dos seus ancestrais,
que, em sua passagem célebre pelo Bom Conselho, em dezembro de 1895, quando
prestes a deixar a vila, em retorno ao Belo Monte, o próprio Antônio
Conselheiro, teria anunciado o desejo de hospedar sua gente na Fazenda
Cajazeira, de propriedade de João Sacerdote do Nascimento, vulgo João
Cajazeiras. Estando este presente na multidão, a apresentação foi realizada, havendo
consentimento positivo, para a estadia. O entrevistado, preserva em sua
memória, o relato, transpassado pelo seio familiar, sendo o mesmo trineto do
citado João Cajazeiras.
A
fazenda cajazeiras, ficava nas imediações da vila do Bom Conselho e guarda
histórias que transpassam o movimento de Canudos e seus desdobramentos. No dia
9 de outubro de 1874, uma sobrinha do próprio João Sacerdote fora brutalmente
assassinada no mesmo lugar que já tinha a denominação de fazenda cajazeiras.
Naquela manhã Anna de tal, como é identificada a jovem nos autos, se dirigia
para a casa de sua mãe acompanhada do seu irmão menor, quando foi abordado por
um indivíduo que saiu do meio do mato armado com um cacete, era Francisco da
Assunção do Nascimento, conhecido de todos, inclusive da vítima. Aparentemente
“Cenção”, como era conhecido, tinha problemas mentais, um “toleirão”, como
referido nos autos e nutria por Anna um amor doentio e diante da recusa da moça
a atacou com um golpe na cabeça, o irmão menor que a acompanhava, tentou intervir,
mas foi violentamente reprimido com algumas cacetadas. O garoto foi até uma
residência próxima e chamou por ajuda. Anna foi arrastada para o mato e morta a
pauladas, seu corpo fora localizado muito machucado, dada a brutalidade do
assassino.
No
processo que se formou em seguida, o próprio João Sacerdote serve de testemunha, diz ser natural da Vila do Bom
Conselho e contar na época com sessenta e seis anos de idade. Dessa afirmação
podemos depreender que João Sacerdote teria nascido no ano de 1808. É possível
igualmente depreender que, quando teve o contato relatado acima com Conselheiro
e seu povo em 1895, Sacerdote já era um idoso, contando com 87 anos de idade.
José dos Santos afirma, ainda
baseado em relatos contados por seus familiares, que a multidão chefiada por
Conselheiro ficou hospedada por oito dias na cajazeira, rezando e acompanhando
os sermões do beato. Antônio Conselheiro realizava sermões para sua gente e
muitos curiosos das redondezas que vinham vê-lo, por curiosidade ou em busca de
algum alento espiritual. Nesta ocasião, os filhos do velho Virgíneo, da vizinha
Fazenda Estrelo, foram tocados pela oratória do líder, e o acompanharam. Um
deles, Boaventura Alves de Santana, fora morto no conflito com alguns de seus
filhos, e sua esposa, Maria Paixão de Jesus, conseguira fugir, passando a
residir no povoado Duas Serras em Antas, até sua morte. Ela passou o resto da
vida com um projétil de arma de fogo alojado em seu tórax e afirmava ter sido
baleada durante a guerra.
Seguindo o relato, ele cita, que na
região de Duas Serras, atual distrito do município de Antas (na época, parte do
município de Bom Conselho), ficou refugiado o jagunço Ramiro, ascendente do
ex-prefeito de Antas, Tota Ramiro (1930-1995). Em Betânia, povoado de Cícero
Dantas, o célebre Norberto das Baixas, Norberto Alves Teixeira, residiu até sua
morte, deixando grande descendência.
Em Trindade, hoje um distrito de
Cícero Dantas, morou também até sua morte em 1949, o velho Isaias Lima de
Miranda, natural de Inhambupe-BA, casado em 1899, com Maria Carolina do
Nascimento, constituindo grande prole, havendo ainda inúmeros descendentes
vivos. Esse era homem de
confiança do Conselheiro desde a estadia deste pelos agrestes de Itapicuru,
percorrendo os sertões até a fixação em Canudos, e posteriormente fugindo no
auge do conflito. Ficando foragido no Bom Conselho, até o findo das
perseguições policiais, morreu idoso e em paz ao lado de filhos e netos.
Outra
entrevista, realizada no ano de 2023, traz informações repassadas por Maria
Zilma Castro Almeida, de 82 anos, residente na cidade de Cícero Dantas, acerca
das agressões causadas ao seu avô, Francisco Pires de Almeida, pelos
conselheristas, em dezembro de 1895, sendo este fato confirmado pela missiva do
Padre Vicente José Martins ao Barão, na qual ele cita:
[...]
Vamos ao meu paroquiano e compadre Francisco Pires. Entendia e entendo que quem
levou ao conhecimento de V. Exa. os sofrimentos de que ele foi vítima, e o
estrago de que também foi vítima sua propriedade [...].
O
citado Pires, na ocasião das agressões, comercializava uma casa de “secos e
molhados”, recorrendo de imediato, a justiça local, registrando os horrores
que ele e sua família haviam sofrido. Ele falecera com idade avançada em 1943,
deixando numerosa família, os quais ocuparam o organismo municipal, desde o
funcionarismo público até cargos eletivos. A história do encontro violento com
os homens de Antônio Conselheiro ainda hoje faz parte do rol de memórias da
família e foi amplamente comentado e passado de geração em geração pela
tradição oral.
Um conflito de grandes proporções
como a Guerra de Canudos, naturalmente, é muito repercutido pela mídia, aliás,
a guerra toma proporções nacionais por intermédio da imprensa. Euclides da
Cunha, por exemplo, teve grande participação nessa ressonância.
Por
intermédios dos correspondentes, os jornais de todo o país levavam aos leitores
notícias daquele conflito em pleno sertão baiano. Entre essas reportagens,
algumas acabaram citando o Bom Conselho. Na edição de número 23, do periódico Diário
de Notícias, temos o destaque:
“Consta que no sítio Batoque, entre
Jeremoabo e Bom Conselho, vivem reunidos mais de 300 jagunços ostensivamente
armados, em manifesta desobediência à lei, timbrando em não reconhecer poder
nas autoridades. Pelo que dizem, estão à espera de um novo Conselheiro. Atendendo
a que já por si este grupo de fanáticos constitui um perigo, registramos esse
simples consta, no intuito de serem feitas as averiguações necessárias”. A
Imprensa (RJ). Edição de 29 de novembro de 1898.
Esse nota expõe o cenário pós guerra
e reflete o comportamento dos conselheiristas após a devastação de Belo Monte e
da morte do Conselheiro, mas pormenoriza, sobretudo, a preocupação da sociedade
da época de que surgisse alguém, dentro do círculo de seguidores, que assumisse
a liderança e reiniciasse o movimento messiânico e, por consequência, a guerra em
si, ou que, o dito fanatismo perdurasse ainda por muitos anos, à sombra da
figura morta do Conselheiro, como evidenciado em carta de José Américo Camelo
de Souza Velho, endereçada ao Barão de Jeremoabo, datada de 15 de outubro de
1987, alguns dias após o fim de Belo Monte:
Os
jagunços estão nas caatingas, dizendo que o infeliz tem de ressuscitar para vir
mostrar que é deus, já vi, portanto, que o fanatismo não se acabou destes
malvados e ficando sem serem perseguidos nestes pontos onde estão, muito pior. (corpus
eletrônico Documentos do Sertão).
Tanto a fala de José Américo, um
ferrenho antagonista do Conselheiro, quanto a notícia de jornal acima citada,
são exemplos eloquentes de como a imprensa tratou o conflito e estereotipou os
conselheiristas, essas notícias tendenciosas potencializaram os embates e
atiçaram as animosidades entre os conselheiristas e a sociedade local e o resto
é história.
Todas as evidências aqui
apresentadas, contudo, nos mostram a influência que o movimento de Canudos representou
para essa parte do sertão baiano. Essa mesma influencia é fartamente
documentada em diversas publicações, contudo, é justo que a antiga Vila de Bom
Conselho (hoje cidade de Cícero Dantas) e povoações a ela pertencentes como
Duas Serras, Antas, Cajazeiras, Trindade e outras, sejam registradas nos anais
da história como territórios de influência do Conselheirismo. Acreditamos ser
demasiadamente importante que a historiografia registre que os habitantes dessa
área, nossos ancestrais, também compunham a população sofrida que foi instigada
pelo exemplo de Antônio Conselheiro à resistência, que viu em sua figura um
ínfimo fio de esperança frente às agruras da vida naquele final do XIX.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICAS:
DELGADO,
Lucilia de Almeida Neves; FERREIRA, Jorge (Orgs). O Brasil Republicano:
Primeira República (1889 – 1930). Volume I. 10ª ed. revisada. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira Editora, 2018. IBSN: 978 - 85 - 200 – 1357 - 1.
NOVAES, Consuelo. Canudos: Cartas
para o Barão de Jeremoabo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
1999.
Corpus Eletrônico, documentos do
Sertão – Universidade Estadual de Feira de Santana.
FONTES,
Oleone Coelho. O TREME - TERRA: Moreira César, a República e Canudos. 1ª
Ed. – Petrópolis: Vozes, 1995. IBSN: 85 - 326 – 1578 - 3.
REIS,
Moisés. Fátima, traços da sua história. Aracaju: Infographics, 2023.
SILVA,
José Calazans Brandão da. Cartografia da Canudos. Salvador: Secretaria
da Cultura e Turismo, Conselho estadual de Cultura, EGBA. 1997.
JORNAIS
IMPRENSA,
A. Rio de Janeiro - RJ. [29 de novembro de 1898].
BAHIA,
Diário da. Salvador – BA. [12 de dezembro de 1895].
ENTREVISTAS
José
dos Santos Souza. 78 anos. – Entrevistado aos 02 de abril de 2023.
Maria
Zilma Castro Almeida. 82 anos – Entrevistada aos 03 de abril de 2023.
Moisés Reis, Professor há 22
anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com
especialização em História e Cultura Afro-brasileira pela UNIASSELVI, Mestre em
Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual
Didático do Professor de História, O Nazista, Fátima: Traços da
sua Histórias, O Embaixador da Paz, Maria Preta: Escravismo no
sertão baiano, e da HQ Histórias do Cangaço e do documentário Identidade
Fatimense.
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