O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Corisco Morto! Relatórios do combate, a versão da polícia da Bahia.

 

Imagem: Canal, No Rastro do Cangaço.

Em artigo publicado pela Universidade Federal da Bahia, UFBA, os pesquisadores Raimundo José Rocha Martins e Andrea Reis de Jesus, fizeram uso de documentação primária do Arquivo da Polícia Militar do Estado para tratar de temas ligados ao cangaço.

Entre os documentos importantes desse fenômeno, estão os ofícios trocados entre comandantes locais e o auto comando da polícia baiana acerca do desenrolar dos fatos que acarretaram na morte de Corisco e na prisão de Dadá em 1940.

A divulgação dessa documentação é de suma importância para todos aqueles que estudam e/ou se interessam pelo tema cangaço, uma vez que documentos históricos que não são estudados, analisados e interpretados não rendem novos estudos e pouco contribuem com a historiografia.

O que veremos agora, trata-se da versão da polícia do Estado da Bahia acerca dos fatos ocorridos naquele que ficaria conhecido como o último combate entre cangaceiros e volantes.

O trecho a seguir, é parte de um ofício endereçado ao auto comando da polícia detalhando o confronto, bem como, a morte de Corisco e a prisão de Dadá:

 

Honrados pela vossa confiança e do Exmo. Sr. Dr. Urbano Pedral Sampaio, Secretário de Segurança Pública de Estado para, na qualidade de comandante da D-NE e de delegado especial do Nordeste, dirigimos a campanha contra o banditismo, que como praga maldita assolava aquela região do nosso estado e os de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, há quase um quartel do século, vimos, no momento, relatar a última diligência que teve como feliz resultado a extinção total do banditismo, com a morte do famigerado bandoleiro Cristino Gomes da Silva, Vulgo “Corisco” e a prisão de Sergia Maria de Jesus, conhecida por Dadá, companheira do referido bandoleiro, a qual, pela coragem e sangue frio demonstrado nas lutas, se tornara tão ou mais respeitada e temida que o próprio Corisco.

 

          Já era de conhecimento de quem escreveu o referido ofício, que apenas Corisco ainda não havia se rendido às autoridades e, embora não estivesse mais em condições de combate, era considerado, junto com sua companheira Dadá, como cangaceiros em fuga. Resulta dessa percepção, a afirmação por escrito de que seria aquela a “última diligência que teve como feliz resultado a extinção total do banditismo”.

          O texto dá bastante destaque a Dadá, que é tratada pelo documento como Sergia Maria de Jesus, embora, em todos os outros documentos relativos à sua prisão, seu nome esteja grafado como Sergia Ribeiro da Silva. Dadá é descrita como mulher de grande valentia.

          Outra escritura importante sobre esse fato, foi emitida da cidade de Paripiranga, também na Bahia, no dia dezenove de março de 1940, mais especificamente do quartel instalado na cidade, onde o comandante do Destacamento do Nordeste escreve em forma de ofício ao Comandante Geral da Força Pública:

 

Para devido conhecimento, cientifica-se que:

[...] b) que o Sr. 2° Ten. José Osório de Farias, apresentou parte do combate no qual foi abatido o bandido Cristino Gomes da Silva, vulgo “Corisco” e capturada Sergia Maria de Jesus, vulgo “Dadá”, mulher de Corisco, apreendendo em poder desta a menor Josefa Erondina Almeida, residente de Bebedouro, Município de Jeremoabo. (BGO, n°129,p.277, de 16/07/1940)

          Embora trate do mesmo fato, essa correspondência trás informações da Menina Zefinha, que viajava junto ao casal naquele fatídico episódio e dos acontecimentos pós combate. De acordo com MARTINS e JESUS:

 

Ainda no mesmo ofício, o capitão informa que o corpo de Corisco fora transportado para a cidade de Djalma Dutra e que Dadá fora entregue aos cuidados médicos, pois recebera um tiro no pé e, em razão do ferimento precisou amputar uma perna. Em seguida, apresenta a relação de objetos em poder do casal de cangaceiros, como um Parabelum calibre 7 mm, uma pistola, dois punhais, além de outros objetos como joias e brincos de ouro, inclusive cinco burros, que deveriam ser entregues ao delegado responsável pela região.

 

 Moisés Reis, Professor há 22 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira pela UNIASSELVI, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista, Fátima: Traços da sua Histórias, O Embaixador da Paz, Maria Preta: Escravismo no sertão baiano, e da HQ Histórias do Cangaço.



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