Esse menino é “os pé de Zé Sereno”!



Quem cresceu em Fátima e região, provavelmente já escutou essa expressão. Aplicada à crianças traquinas, danadas em demasia, é uma expressão que remonta, provavelmente às origens da cidade, mais precisamente, ao tempo em que cangaceiros e cangaceiras perambulavam por essas caatingas que nos cerca.  
            Zé sereno foi um dos grandes nomes do cangaço. Compadre de Lampião, ele e sua companheira, Sila, estiveram entre os poucos sobreviventes do massacre de Angico, onde morreram, Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros.
            José Ribeiro Filho, o Zé Sereno, nasceu no dia 25 de agosto de 1913 em Chorrochó, Bahia. Zé sereno entra para o bando de Lampião após intriga com um policial. Combate ao lado do capitão Virgulino por vários anos, quando finalmente é autorizado a criar seu próprio grupo.
            Já era um chefe de subgrupo no dia 28 de julho de 1938, dia do massacre da grota do Angico. Em depoimento concedido a Antônio Amauri para o livro GENTE DE LAMPIÃO: SILA E ZÉ SERENO afirmou que reclamou muito ao capitão da vulnerabilidade do local do último coito, mas que foi ignorado por Lampião.
            Na noite que antecedeu o combate mortal entre cangaceiros e volantes em Angico, sua companheira Sila chegou a avistar luzes estranhas em meio à caatinga quando conversava com Maria Bonita, mas não deram a devida atenção ao sinal.
            Na manhã daquele 28 de julho, o violento tiroteio tinha como alvo principal o maior dos cangaceiros. O numeroso grupo de bandidos foi dizimado, apenas poucos conseguiram sobreviver. Zé Sereno, aliás, foi um dos sobreviventes do cangaço enquanto movimento social. Foi anistiado pelo presidente Getúlio Vargas durante o estado novo e foi viver com sua esposa em São Paulo, criou numerosa família e trabalhou por muitos anos como um pacato porteiro de escola na capital paulista, onde faleceu em 16 de fevereiro de 1981, aos 68 anos.
            A expressão que envolve o seu nome, provavelmente faz menção à esperteza e a agilidade do cangaceiro, capaz de percorrer enormes distancias a pé sob o sol causticante do sertão. Não se sabe porque Zé sereno foi o escolhido e nem quem primeiro cunhou a famosa expressão. Mas essa é mais uma característica da tradição popular da nossa gente.


Zé Sereno na época do cangaço
Zé Sereno já idoso, em hospital de São Paulo

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