O documento,
que transcrevo aqui em parte, foi levantado por Santana (2008) junto ao acervo
do Arquivo Público do Estado da Bahia. Trata-se de uma declaração feita por um morador
da atual comunidade do São Domingos, no município de Fátima, datado de 12 de
dezembro de 1949.
A finalidade
da declaração era ajudar na elucidação das dúvidas referentes à linha que
dividia os municípios de Bom Conselho (Cícero Dantas) e Paripiranga. A razão do
litígio era a fazenda Queimadas (atual Adustina).
Vejamos:
Eu, Maurício José de
Santana, com 70 anos de idade, nascido na fazenda São Domingos, propriedade do
Barão de Jeremoabo, Residente na Fazenda Monte Alegre (atual município de
Fátima), declaro em sã consciência, a bem da verdade e sob juramento:
·
Que a fazenda de João Vieira de Andrade, ponto de referência no decreto
da criação da freguesia e município de Patrocínio do Coité, Hoje Paripiranga,
desmembrado da freguesia do Bom Conselho a 22 de maio de 1871, foi sempre a
antiga Fazenda Queimada, onde residiu Francisco Vieira até bem pouco tempo. Eu
conhecia a antiga casa da fazenda de João Vieira de Andrade, à margem direita
da estrada real de Bom Conselho à Paripiranga, passando pela Vila de Adustina.
A
análise cuidadosa das linhas acima transcritas, nos leva a, ao menos, duas
importantes conclusões acerca da história de Fátima.
A
primeira está explícita logo na parte inicial, no trecho que diz: “Eu, Maurício José de
Santana, com 70 anos de idade, nascido na fazenda São Domingos, propriedade do
Barão de Jeremoabo. Se considerarmos que o senhor narrador
nasceu ainda no século XIX, período no qual as terras dessa região estavam
sendo desmembradas das posses da família Dantas e gerando pequenas fazendas
que, como veremos mais a diante, conservam ainda hoje os mesmos nomes, temos um
magnífico registro indiciário a nos mostrar as origens do nosso município.
A
outra conclusão está implícita no seguinte trecho: Eu conhecia a antiga casa da fazenda de João Vieira
de Andrade, à margem direita da estrada real de Bom Conselho à Paripiranga,
passando pela Vila de Adustina.
Mais
uma vez, uma análise cuidadosa nos ajuda a trazer
à luz uma suspeita que já vinha me incomodando há muito tempo. A narração é
bastante clara ao dizer que a estrada real partia de Bom Conselho à Paripiranga
passando pela antiga Fazenda Queimadas.
Mesmo
não citando a fazenda Monte Alegre (Fátima) nos é possível concluir, fazendo um
cruzamento de dados já elencados aqui no Blog em textos anteriores, que a
estrada real, narrada por antigos moradores de Fátima, Vinha de Cícero Dantas,
passando pela atual Lage da Boa Vista (na comunidade conhecida como “Os
rodrigues”) chegando até a atual Rua Raimundo Oleiro, de onde seguia para
Adustina e, posteriormente, para Paripiranga.
Isso
explica não só o traçado da estrada, que já dava indício de seguir essa itinerário,
mas explica porque a região da atual Serradinha abrigou diversas famílias
abastadas da nossa cidade.
Outro trecho do documento merece
nossa atenção. Vejamos:
Distinguia três fazendas
com a denominação Queimadas: Queimada do Vítor, Queimada de João Vieira e
Queimada do Quinto. Eu nunca ouvi dizer que os limites entre Patrocínio do
Coité e Bom Conselho tenham sido na Queimada Grande.
Na minha interpretação, a atual
comunidade fatimense de “Queimada Grande” por sua localização geográfica, pelo
nome peculiar e pelas informações aqui colhidas, pode ter seu nome oriundo das
fazendas com nomes de Queimadas citadas acima.
Particularmente, eu já conhecia o fato de
serem todas as terras do atual município de Fátima, originárias das posses de
Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo. Entretanto, esse documento nos
serve como prova nominal para tal informação.
Sou obrigado a dizer, contudo, que
as pesquisas voltadas ao processo de desmembramento de todas as terras que
originaram os municípios de Fátima, Cicero Dantas, Adustina, Sítio do Quinto e
outros, perante às posses da família Dantas, ainda carecem de muitos detalhes
aos quais buscaremos com muito esforço.
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