O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 28 de abril de 2020

Documento mostra que o território de Fátima pertencia à família do Barão de Jeremoabo




O documento, que transcrevo aqui em parte, foi levantado por Santana (2008) junto ao acervo do Arquivo Público do Estado da Bahia. Trata-se de uma declaração feita por um morador da atual comunidade do São Domingos, no município de Fátima, datado de 12 de dezembro de 1949.
A finalidade da declaração era ajudar na elucidação das dúvidas referentes à linha que dividia os municípios de Bom Conselho (Cícero Dantas) e Paripiranga. A razão do litígio era a fazenda Queimadas (atual Adustina).
Vejamos:
Eu, Maurício José de Santana, com 70 anos de idade, nascido na fazenda São Domingos, propriedade do Barão de Jeremoabo, Residente na Fazenda Monte Alegre (atual município de Fátima), declaro em sã consciência, a bem da verdade e sob juramento:
·         Que a fazenda de João Vieira de Andrade, ponto de referência no decreto da criação da freguesia e município de Patrocínio do Coité, Hoje Paripiranga, desmembrado da freguesia do Bom Conselho a 22 de maio de 1871, foi sempre a antiga Fazenda Queimada, onde residiu Francisco Vieira até bem pouco tempo. Eu conhecia a antiga casa da fazenda de João Vieira de Andrade, à margem direita da estrada real de Bom Conselho à Paripiranga, passando pela Vila de Adustina.
A análise cuidadosa das linhas acima transcritas, nos leva a, ao menos, duas importantes conclusões acerca da história de Fátima.
A primeira está explícita logo na parte inicial, no trecho que diz: “Eu, Maurício José de Santana, com 70 anos de idade, nascido na fazenda São Domingos, propriedade do Barão de Jeremoabo. Se considerarmos que o senhor narrador nasceu ainda no século XIX, período no qual as terras dessa região estavam sendo desmembradas das posses da família Dantas e gerando pequenas fazendas que, como veremos mais a diante, conservam ainda hoje os mesmos nomes, temos um magnífico registro indiciário a nos mostrar as origens do nosso município.
A outra conclusão está implícita no seguinte trecho: Eu conhecia a antiga casa da fazenda de João Vieira de Andrade, à margem direita da estrada real de Bom Conselho à Paripiranga, passando pela Vila de Adustina.
Mais uma vez, uma análise cuidadosa nos ajuda a trazer à luz uma suspeita que já vinha me incomodando há muito tempo. A narração é bastante clara ao dizer que a estrada real partia de Bom Conselho à Paripiranga passando pela antiga Fazenda Queimadas.
Mesmo não citando a fazenda Monte Alegre (Fátima) nos é possível concluir, fazendo um cruzamento de dados já elencados aqui no Blog em textos anteriores, que a estrada real, narrada por antigos moradores de Fátima, Vinha de Cícero Dantas, passando pela atual Lage da Boa Vista (na comunidade conhecida como “Os rodrigues”) chegando até a atual Rua Raimundo Oleiro, de onde seguia para Adustina e, posteriormente, para Paripiranga.
Isso explica não só o traçado da estrada, que já dava indício de seguir essa itinerário, mas explica porque a região da atual Serradinha abrigou diversas famílias abastadas da nossa cidade.
            Outro trecho do documento merece nossa atenção. Vejamos:
Distinguia três fazendas com a denominação Queimadas: Queimada do Vítor, Queimada de João Vieira e Queimada do Quinto. Eu nunca ouvi dizer que os limites entre Patrocínio do Coité e Bom Conselho tenham sido na Queimada Grande.
            Na minha interpretação, a atual comunidade fatimense de “Queimada Grande” por sua localização geográfica, pelo nome peculiar e pelas informações aqui colhidas, pode ter seu nome oriundo das fazendas com nomes de Queimadas citadas acima.  
         Particularmente, eu já conhecia o fato de serem todas as terras do atual município de Fátima, originárias das posses de Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo. Entretanto, esse documento nos serve como prova nominal para tal informação.
            Sou obrigado a dizer, contudo, que as pesquisas voltadas ao processo de desmembramento de todas as terras que originaram os municípios de Fátima, Cicero Dantas, Adustina, Sítio do Quinto e outros, perante às posses da família Dantas, ainda carecem de muitos detalhes aos quais buscaremos com muito esforço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário