O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

CORDELIZANDO A HISTÓRIA E AS ESTÓRIAS


Autor: Cidney Nascimento
VOCÊ DIZ QUE É DE FÁTIMA E NÃO CONHECE...!?
Se tu és um(a) fatimense
Precisa a nossa história estudar
Se não conhecer teu passado
Vai ficar emocionado
Com o que vou te contar.
Memória, é a garantia
Da nossa identidade
É um sentimento de pertença
De valores, costumes e crenças
Da nossa querida cidade.
Se Você diz que é de Fátima
Tem que ter boas lembranças
Das pessoas, dos momentos
Alegrias, sofrimentos
Do seu tempo de criança.
Mocó, Monte Alverne e Feirinha
Foram os nomes recebidos
De uma Vila promissora
Hoje, cidade acolhedora
De um povo destemido.
Se és um bom fatimense
E conheces nosso chão
Sabes que foi Ângelo Lagoa
O seu nome ainda ecoa
Pela primeira construção.
Da independência política
Jamais devemos esquecer
De João Maria de Oliveira
Que sempre enfrentou os Vieira
Sem jamais retroceder.
A política desde sempre
Em Fátima foi uma agonia
João Maria e Augusto
Queriam a todo custo
Comandar a freguesia.
Isso não é proselitismo
Ninguém aqui foi igual
Zelavam da nossa Igreja
Sem salário, por sinal
Pra vocês estou falando
E a saudade aumentando
De Dona Izaura Borges e Seu Pascoal.
A Santa Missa sempre fez
Sentido pra vida do povo
Me permitam aqui aludir
À época da Santa Missão
Presidida pelo Padre
Monsenhor Renato Galvão
Era um químico sem formação
Mas de um conhecimento esplendoroso
Produzia vinagre, vinho e bebidas
É uma missão para incumbida
Lembrar do saudoso
Seu João Cardoso.
Será que ouvistes falar
Em Tonho de Tito e Liberino?
Esses dois fizeram parte
De algo muito importante
Foram membros da volante
Perseguindo o Virgolino.
A falta de água hoje
Não compara a antigamente
A bomba era o único meio
João Mota, pra administrar veio
Àquela enorme fila de potes
Pra encher de água e levar.
Cai, cai Tanajura
Na panela da gordura
E as crianças correndo atrás
Para a Saúva derrubar
E quando elas caíam
Aviãozinho eles faziam
Ou, davam pra alguém se alimentar.
Aqui, o verão foi quente
Faz um calor de escaldar
Mas, pra esfriar um pouquinho
Ia na sorveteria de Pedrinho
Picolé de coco ia chupar
Os mais antigos conhecem
E guardam no coração
Os que deixaram um legado
Pelos serviços prestados
Em favor da educação.
Diva a Primeira professora
Seu Domingos, Ana Mirena e Gracinha
Euza, Edna e Dona Marizete
Nalva e também Luzinete
E a querida Dona Chiquinha .
Outros personagens marcantes
Não professores, engenheiros ou Doutor
Cibite, Mercê, Rosalvo, Zeca de Antipa, Nita e Nô.
Mesmo na condição de especiais
Registraram nos anais
Enquanto pra eles o tempo durou.
Se dizes que é fatimense
De Pedrinho da Zabumba vai lembrar
Rezava, corria e cantava
E o povo, de longe o espiava
Correndo pra lá e pra cá.
A discoteca aqui em Fátima
Foi um sucesso arrasador
Como dizes que és daqui?
Se na discoteca de Temir
Nenhuma música dançou?
Faz parte da nossa infância
O banho de chuva e o guerrô
Nunca saiu da lembrança
Brincadeiras de criança
Lembrarei com muito amor.
Você que é de Fátima, sabe
E certamente saboreou
Os doces de Dona Totonha e Liquinha
A mudinha de Dona Chiquinha
E o bolo da muda, experimentou?
O bom fatimense se lembra
Que aqui tinha uma padaria
Tinha uma famosa bolacha de Corte
Prensada no bulinhote
Seu Isaias que fazia
Bufu, mexerico e alfenim
São Doces, que até hoje me fascinam
As doceiras se chamavam
Dona Bela, Dona Arnóbia
Dona Ismênia e Artelina
Quem é de Fátima conhece
O remédio Lambedor
Misturava tudo que é raiz
E o Rapé pra botar no nariz
Quem fazia era seu Nô.
Alguns fatimenses se lembram
De um circo que aqui passou
Do Palhaço Canelinha
Que animou nossa Feirinha
Muita saudade deixou
Se fores mesmo de Fátima
Vai sentir saudade no coração
Do Sítio tomando banho
Enquanto que alguém na nação
Na pedra ia esfregando com as mãos
As roupas que lavavam pra o ganho.
Era forma de sobrevivência
Lavar roupa na nação
Na cabeça uma bacia
Apoiada na rudia
Deuzinha e Maria de Dede
O esforço pra ganhar o pão.
Se és fatimense conhece
Desse tu não esqueces não
O popular Carinhoso
Que pra muitos um perigoso
Bateu, mas apanhou de montão
Mesmo sendo arreliento
Tinha um bom coração.
Algo meio paradoxo,
Aqui em Fátima existiu
Casal acima de 80 anos
Ela, toda formosa e gentil
Dona Nenem e Seu Jóvem
Se é que existe outro me provem
Nesse tão imenso Brasil.
Outra personagem marcante
Veio na lembrança agora
Valente com a bengala na mão
Oriunda da escravidão
Seu nome chamava-se
Dora.
Vou falar de outro homem
De cor morena e magrinho
Alvino Pinheiro, o chamavam
Numa carroça trabalhava
Puxada pelo um burro chamado Roxinho.
Dos comerciantes mais antigos
Que aqui, não mais estão
Zé da Lage, Seu Porfirio
E os demais que me refiro
Pedro Pipio e Seu Félix
Seu Sérgio, Seu Elias e Dão.
Nas festas de Outubro e Janeiro
Barracas tinham de montão
Com doces, salgados e pipoca
Até o perfuminhos de Seu Piroca
Exalava o cheiro no salão.
Zé de Aninha e Seu Badino
Os ferreiros do lugar
De vez em quando ia na tenda
Só pra ver o forno de fole soprar
Fundia o ferro e batia
Pra atender a freguesia
E a ferramenta moldar.
Segunda feira, era o dia
De pau de arara viajar
Pra Lagarto, o povo ia
Vendo o dia a clarear
Bispo, Detinho e Dão
Motoristas do caminhão
Que esse povo ia levar.
Você diz que é de Fátima
Mas nunca fez bala de barro
Para matar passarinho
Pegávamos na olaria
À Raimundo Oleiro pedia.
Ou, ao seu filho Toninho
O povo de Fátima também
É cheio de fé e de crença
Quando contraia uma doença
Logo queria se curar
Procurava uma rezadeira
Até mesmo uma benzedeira
Para o ramo ela passar.
Dona Nanzinha, especialista
Em espinhela caída
Dona Alzira, Belaniza
Domingão e Dona Zefa Cacheado
Rezavam pra dor de dente
Caxumba ou prisão de ventre
E dos que tinham mal olhado.
O Folclore é coisa nossa
Que no imaginário está
O Saci, Lobisomem e Caipora
Me arrepia até agora
Continuam fazendo parte
Da forte Cultura popular.
Quem é dessas bandas sabe
A lenda da Luzerna, vai lembrar
Eram duas luzes que se batiam
Os mais velhos pra nós diziam
Foram os Compadres
Que morreram sem se falar.
Remonta as histórias das ruas
A fundação do ASA e Expressinho
Ponta da Asa e Rua Nova
A Rivalidade sempre se renova
Até em jogo de palitinho.
Ao falar de Futebol
Logo me vem na memória
Um craque de todos os tempos
Na região, fez história
Refiro-me ao atleta ITA
Qualidades tinha de sobra
Talvez outro, aqui não o repita.
Se dizes que é de Fátima
Mas nunca comestes bufu?
Se Flamengo, Corinthians ou Botafogo
No dia que tivesse jogo
Assistíamos no salão de Zé de Bilu.
Se é de Fátima ainda se lembra
Que a Rua Melo Bico existia
E o curral que abatia animais
Lembranças tristes demais
Ao ver os bichinhos que caem
Quando o machado na cabeça batia.
Diz que és- um fatimense
Nunca em bicicleta montou
Não conheceu Zé de Diomédio
Que amenizou o meu tédio
Quando sua bicicleta me alugou.
Você diz que é de Fátima
Mas não consegue lembrar?
De um tal de Papa figo
Que para os pais era o perigo
Do fígado dos filhos roubar.
Fatimense de verdade se lembra
Dos doces que antigamente tinha
Quando o carro da Campineira Chegava
As crianças imediatamente compravam
Pirulito zorro, Chiclete Ping pong e Juquinha.
Outra lembrança marcante
Pra quem se diz fatimense
Ao pensar em viajar
A passagem ia compra
Na Viação Bonfinense.
Quando se fala em transporte
Dá saudade e emoção
De um ônibus que passava
E o povo que aqui morava
O chamava de Boião.
Aqui também teve um beiju
Que ganhou notoriedade
O Sarôio de Itabaiana
De sabor muito bacana
Que conquistou a cidade.
Baré Cola, Fratelli vita e Crush
Tiveram momentos de fama
Fogo Paulista, 88, e Cavalinho
Bastava tomar um pouquinho
Com ressaca ia pra cama.
Não sei se alguém tá lembrado
Vendia na feira daqui
Botava no cabelo uma banha
E ia comprar aratanha
E um colar de Licuri.
Dizes que é de Fátima
Música no Parque Silva nunca ofereceu
Era recadinho do coração
O nome não devia revelar
Para ninguém desconfiar
A sua oculta paixão.
Lembro-me da minha cidade, e sinto saudade
De tudo que nela vivi
Lembro quando dela parti
Pra morar em Salvador
Um sonho eu tinha em mente
Estudar, ser persistente
Para ser um dia professor.
Finalizo esses meus versos, rogando
A Deus Pai e Criador
Que a nossa terra proteja
Nossa Senhora de Fátima esteja
Intercedendo em nosso favor.
....................................
* Ângelo Lagoa: Fundador de Fátima
* João Maria de Oliveira: Primeiro prefeito e Emancipou Fátima de Cícero Dantas
* Augusto Borges: Liderança Política e desafeto de João Maria
* Vieira: Família que dominava a política na época
* Pedrinho da Zabumba: Deficiente mental que vinha a pés da Mata de Paripiranga tocando o seu tambor.
* Barriguda: Uma árvore, e uma Fazenda que ainda existe em Fátima.
* Bufu: Doce feito da raiz do Umbuzeiro
* Mexirico: Um doce feito de farinha, açúcar e pimenta do reino.
* Bomba: Chafariz que abastecia a população fatimense.
* Rapé: É Tabaco ( fumo ) em pó para inalar
* Lambedor: Um tipo de xarope de diversas raízes do mato.
* Canelinha: Proprietário do Circo.
* Sítio: Tanque que servia para o banho público.
* Nação: Tanque que o pessoal utilizava para lavar roupa e abastecia a Vila com água.
* Seu Piroca: Um Senhor que vendia perfumes em épocas de festas.
* Carinhoso: Foi a pessoa mais odiada pelos jovens das cidades vizinhas; gostava muito de confusão.
* Bala de barro: Bolinhas feitas com argila, que servia para matar passarinho com o badogue.
* Mau olhado e Espinhela caída: Tipos de doenças de antigamente.
* Papa Figo: No imaginário das crianças e dos pais, era uma pessoa que sequestrava as crianças para roubar o fígado.
* Campineiro: Era o Carro que trazia Doces pra vender no comércio ( nas budegas )
* Juquinha: Um tipo de bala.
* Boião: Era o nome dado a um ônibus que passava em Fátima. ( motorista era Lourinho de Cícero Dantas ).
* Banha de Porco: Creme que usava no cabelo.
* Aratanha: Um tipo de Camarão de água doce.
* Colar de Licuri:
Fátima-Bahia, 01 de Abril de 2020


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