O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Fátima: Heranças da cultura do gado vacum




Nos primórdio da colonização portuguesa no Brasil, ainda nos anos 1500. Garcia de Souza D’Ávila, patriarca da família da casa da torre, introduz na colônia o gado bovino. Mal sabia ele que aquele animal trazido à duras custas deixaria tão profundas marcas entre o povo nordestino.
Através dos seus colaboradores, as fazendas de gado ligadas à Garcia D’Ávila e seus descendentes povoariam boa parte do nordeste. Utilizando o leito dos rios como estradas, os vaqueiros abriram caminho entre a caatinga em busca de áreas para pastagem, expulsaram os índios das terras desejadas e estabeleceram povoações que, séculos mais tarde, se tornariam cidades.
Em artigo publicado no jornal aracajuano “A cidade” em 13 de agosto de 2011, o professor do departamento de história da UFS, Francisco José Alves, analisa as heranças da cultura da criação de gado entre a gente sergipana e é impressionante como tais marcas culturais se assemelham às nossas, mostrando como é forte a identificação do fatimense e de municípios vizinhos com o estado de Sergipe.
No campo simbólico, temos na região diversas localidades com nomes que remetem ao boi. Em Fátima, temos a localidade da “Vaca Brava” e "cabeça do boi", por exemplo.
Na culinária os traços são ainda mais visíveis, além das diversas formas de consumo da carne bovina, o queijo, o requeijão e a manteiga à venda nas feiras livres são o DNA da cultura bovina entre nós. No vestuário do nordestino, algumas peças como as botas e as sandálias de couro também são traços dessa herança.
Provérbios como o que diz, "Amigo é boi de carro, que anda junto e não briga" são exemplos da cultura bovina entre nosso povo.
Para além disso, no campo do folclore, diversas ocasiões festivas têm centralidade na cultura do boi como as cavalgadas (tão em voga na atualidade) a sempre presente vaquejada e, as já não muito comuns, Missa do vaqueiro e Pegas de Novilhas.
Quando criança, me lembro de ir assistir a um evento de “Pega da Novilha” na fazenda tabuleiro, município de Adustina. Lembro-me, também, das missas de vaqueiro na cidade de Fátima, ocasiões festivas onde as heranças dos costumes relacionados ao boi emergem como um lembrete de uma passado muito distante.

Um comentário:

  1. Fazenda Tabuleiro em Adustina?
    Só conheço um lugar com esse nome, aqui próximo a fazenda Lajes.

    ResponderExcluir