Quem
cresceu em Fátima e região, certamente já encontrou com uma senhora nas ruas ou
mesmo tem uma tia ou avó que costuma cobrir os cabelos com fino lenço de pano. Mas
de onde vem esse costume?
Esse adereço não tem a finalidade,
como costumamos pensar, de proteção contra o sol ou, tampouco, serve para
carregar objetos sobre a cabeça. Sua origem, supreendentemente vem da distante
cultura árabe.
A tradição de cobrir os cabelo é
muito comum na cultura árabe, é um sinal de recato feminino. Os cabelos são
considerados demasiadamente íntimos para serem mostrados em público. Originalmente
as mulheres muçulmanas utilizam a burca, traje feminino que só deixa, quando
muito, os olhos das mulheres à mostra.
De acordo com o historiador
Francisco José Alves, esse costume chegou até o nordeste com a expansão da
colonização, do litoral para o interior. Tal tradição provavelmente foi herdada
das escravizadas de origem Malê, etnia que protagonizou a maior revolta de
escravos do Brasil colonial, ocorrida em Salvador em 1835.
Os Malês eram escravos muçulmanos,
diferenciavam-se por serem alfabetizados e por terem uma unidade cultural muito
forte e o hábito do lenço feminino era, como não poderia deixar de ser, um
traço da indumentária das mulheres escravizadas que chegaram ao Brasil.
O costume de usar o lenço para
cobrir os cabelos foi amplamente difundido em todo o nordeste e, embora venha
perdendo força com o passar dos anos, ainda se faz presente entre as mulheres
sertanejas. Algumas senhoras (me arriscaria dizer que negras, em sua maioria)
ainda conservam o costume de só sair de casa com a peça de pano, ou lenço,
cobrindo seus cabelos.
Outra herança da cultura árabe entre
nós está na culinária. Falo do cuscuz, cujo nome é uma variação da palavra
Árabe Kuskus, uma comida feita com semente de sêmola cozida no vapor. O milho,
como se sabe, é originário das américas e foi fundido à receita para originar o
cuscuz de milho que tanto amamos.
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