O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

A comunidade da Serradinha e suas heranças africanas.


A comunidade fatimense cognominada Serradinha, por várias gerações, foi povoadas por uma dúvida. Seria aquela comunidade, composta majoritariamente por negros, um resquício de um quilombo que ali se desenvolvera nos anos do escravismo no Brasil?
Em 2010, um trabalho encabeçado por acadêmicos do curso de história da UNIT levou a cabo esse questionamento. Na oportunidade, os pesquisadores fizeram um profundo levantamento das origens da Serradinha que virou um documentário, hoje disponível gratuitamente no Youtube cujo link está exposto abaixo.
As informações obtidas na ocasião da pesquisa dão conta de que os moradores possuem laços de parentescos, rastreados para um ancestral em comum. Seu nome era José Cirilo dos Santos, conhecido como Zé Grande.
De acordo com relatos dos próprios descendentes de Zé Grande, os fundadores da Serradinha nasceram em Simão Dias, na localidade Mata do Cajueiro. São, basicamente, a família do senhor Zé Grande que migrou para a região, já nó pós escravidão. Estabelecendo-se como mão de obra nas terras que pertenciam ao fazendeiro Joaquim Borges de Santana, Nascido em 1897 e falecido em 1960
Zé grande e sua família compunham a mão de obra da fazenda açucareira denominada Mercador (No atual municípios de Simão Dias), Fundada em 1842. Por aquele período a economia açucareira já não gozava mais dos seus melhores anos que foram o final do século XVI e meados do XVII) pode residir aí o motivo da saída daquelas pessoas do referido engenho.
O trabalho de Zé Grande na fazenda Mercador, cuja enorme chaminé do antigo engenho ainda hoje pode ser vista próximo à Simão Dias, consistia nas atividades diretamente ligadas à lida da produção açucareira. O corte da cana, a moagem, o processo de purgar e a produção do açúcar como um todo.
De acordo com o apurado, a família de Zé Grande, composta, inclusive por escravos libertos, migrou para a atual região da Serradinha onde seus descendentes ainda hoje vivem em pequenas propriedades adquiridas ao longo dos anos.
A pesquisa citada trouxe à tona a origem daquela comunidade. Assim sendo, é possível concluir que a Serradinha não foi um quilombo nem foi fundada por escravos. Sua população negra foi formada à partir da família de descendentes de escravos que passou a ali viver no início do século XX.
A biocenose que hoje Vive predominantemente da agricultura Luta para manter as suas tradições, sofrendo com as anos de abandono das autoridades que dela só lembram em ano eleitoral. Tal abandono é provocador de um cenários lastimável no qual vivem aquelas pessoas.
A despeito das adversidades enfrentadas pelos moradores da Serradinha, estes ainda conservam as tradições de seus ancestrais traduzidas em danças e cantos, compostas por um forte sincretismo religioso.

Link do documentário:



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