Gigantes de metal em solo fatimense

 

Foto, Moisés Reis.

 

Usina de Xingó.

Quem passa pela BA-220, em direção a Paripiranga, nas imediações de Belém de Fátima, Aroeiras, pelo trecho próximo ao entroncamento de Adustina, pode se surpreender com uma cena pouco comum para essa região. Em meio às lavouras de milho que nesta época do ano exibem o tom seco e amarronzado do fim de safra, erguem-se estruturas metálicas que chamam a atenção de longe, especialmente na direção do povoado Jurema.

Essas torres de aço fazem parte de uma das maiores obras de infraestrutura elétrica atualmente em curso no Nordeste: a Linha de Transmissão Xingó–Camaçari. Trata-se de um empreendimento que ligará a usina hidrelétrica de Xingó, no município sergipano de Canindé de São Francisco, às margens do rio São Francisco, até o grande polo industrial de Camaçari, na Bahia.

Orçada em valores que variam entre 1,2 e 2,3 bilhões de reais, a linha terá cerca de 350 quilômetros de extensão, atravessando municípios baianos como Inhambupe, Aporá, Fátima, Adustina e Sítio do Quinto, além de seguir por Tobias Barreto, Poço Verde e Canindé de São Francisco em solo sergipano.

A motivação da obra vai além de simplesmente interligar dois pontos. O objetivo central é ampliar a capacidade de escoamento da energia gerada no Nordeste, especialmente de fontes renováveis como a eólica e a solar, reforçando o fornecimento de energia ao polo petroquímico de Camaçari e garantindo maior estabilidade ao sistema interligado nacional.

O projeto, de responsabilidade da empresa Pedras Transmissora de Energia, controlada pela espanhola Celeo Redes Brasil, prevê a implantação de um circuito duplo de transmissão em 500 kV, além da construção de subestações e reatores de linha, fundamentais para assegurar a confiabilidade e a estabilidade da rede elétrica. Embora ainda em andamento, a obra já deixa sua marca no horizonte sertanejo, transformando a paisagem e lembrando a todos que, entre lavouras e povoados, também passa o fio condutor do desenvolvimento.

 

Moisés Reis, Professor há 24 anos do município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira pela UNIASSELVI, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História - O Nazista - Fátima: Traços da sua Histórias - O Embaixador da Paz - Maria Preta: Escravismo no sertão baiano – Últimos Cangaceiros, Justiça, prisão e liberdade - da HQ Histórias do Cangaço e do documentário Identidade Fatimense.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quem foi Labareda?

Lampião matou uma criança com o seu punhal?

Sergipe e Bahia disputam território no sertão