Sertão vem de “Desertão”
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A palavra sertão tem
origem no português arcaico e, nos primórdios da colonização, era originalmente
grafada como desertão. Em textos portugueses antigos, datados dos
séculos XV e XVI, são encontrados trechos que se referem às regiões do
interior, distantes do litoral, como desertão.
Essa designação não se referia
apenas às áreas secas, castigadas pela estiagem (deserto + desertão),
mas também a regiões afastadas da zona litorânea, caracterizadas pela
distância, pela dificuldade de acesso, pela cultura do gado e por outros
elementos que, posteriormente, seriam associados ao que hoje conhecemos como sertão.
Com o passar do tempo, nota-se
uma simplificação fonética muito comum na língua portuguesa. Assim, o que era
designado como desertão foi reduzido para simplesmente sertão.
Contudo, durante o período colonial, o termo ainda destoava bastante do sentido
atual. Regiões muito distintas das áreas ensolaradas do Nordeste — como a
Amazônia — também eram conhecidas como sertão.
Somente mais recentemente o termo
sertão passou a designar a zona nordestina iniciada a cerca de 100 km do
litoral, que avança em direção ao interior do continente. Essa área, mais do
que por questões climáticas, se define por fatores históricos e culturais.
Do ponto de vista histórico, sua
ocupação intensificou-se a partir de meados do século XVIII, com a expansão da
pecuária bovina. Suas principais cidades formaram-se ao longo das estradas
conhecidas como Caminhos do Boi, e esse processo produziu uma cultura
singular em torno da criação de gado, dando origem ao que se convencionou
chamar de sociedade do couro.
Moisés Reis é
professor há 24 anos no município de Fátima (BA) e Membro da ABLAC (Academia
Brasileira de Letras e Arte do Cangaço). Licenciado em História pela UNIAGES,
com especialização em História e Cultura Afro-Brasileira pela UNIASSELVI, é
mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Autor
de diversas obras, entre elas Manual
Didático do Professor de História, O Nazista, Fátima:
Traços da sua História, O
Embaixador da Paz, Maria
Preta: Escravismo no Sertão Baiano e Últimos Cangaceiros: Justiça, Prisão e Liberdade.
Também produziu a HQ Histórias
do Cangaço e o documentário Identidade
Fatimense. Sua pesquisa concentra-se na história do sertão baiano,
com ênfase na sociedade do couro, nos processos de ocupação, nas relações de
poder e nas memórias coletivas da região.
Contato: 75 999742891
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