Sertão vem de “Desertão”

 

Imagem disponível em: https://www.facebook.com/sertaonordestinobrasil/ 


    

A palavra sertão tem origem no português arcaico e, nos primórdios da colonização, era originalmente grafada como desertão. Em textos portugueses antigos, datados dos séculos XV e XVI, são encontrados trechos que se referem às regiões do interior, distantes do litoral, como desertão.

Essa designação não se referia apenas às áreas secas, castigadas pela estiagem (deserto + desertão), mas também a regiões afastadas da zona litorânea, caracterizadas pela distância, pela dificuldade de acesso, pela cultura do gado e por outros elementos que, posteriormente, seriam associados ao que hoje conhecemos como sertão.

Com o passar do tempo, nota-se uma simplificação fonética muito comum na língua portuguesa. Assim, o que era designado como desertão foi reduzido para simplesmente sertão. Contudo, durante o período colonial, o termo ainda destoava bastante do sentido atual. Regiões muito distintas das áreas ensolaradas do Nordeste — como a Amazônia — também eram conhecidas como sertão.

Somente mais recentemente o termo sertão passou a designar a zona nordestina iniciada a cerca de 100 km do litoral, que avança em direção ao interior do continente. Essa área, mais do que por questões climáticas, se define por fatores históricos e culturais.

Do ponto de vista histórico, sua ocupação intensificou-se a partir de meados do século XVIII, com a expansão da pecuária bovina. Suas principais cidades formaram-se ao longo das estradas conhecidas como Caminhos do Boi, e esse processo produziu uma cultura singular em torno da criação de gado, dando origem ao que se convencionou chamar de sociedade do couro.

 

Moisés Reis é professor há 24 anos no município de Fátima (BA) e Membro da ABLAC (Academia Brasileira de Letras e Arte do Cangaço). Licenciado em História pela UNIAGES, com especialização em História e Cultura Afro-Brasileira pela UNIASSELVI, é mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Autor de diversas obras, entre elas Manual Didático do Professor de História, O Nazista, Fátima: Traços da sua História, O Embaixador da Paz, Maria Preta: Escravismo no Sertão Baiano e Últimos Cangaceiros: Justiça, Prisão e Liberdade. Também produziu a HQ Histórias do Cangaço e o documentário Identidade Fatimense. Sua pesquisa concentra-se na história do sertão baiano, com ênfase na sociedade do couro, nos processos de ocupação, nas relações de poder e nas memórias coletivas da região.

 

Contato: 75 999742891

 

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