José de Magalhães e Souza


 

Nasceu no município Celorico de Basto, uma pitoresca cidade portuguesa situada no distrito de Braga, na região do Norte, marcada por uma paisagem deslumbrante onde o verde dos vales e montes domina o horizonte. Conhecida pela sua rica tradição vinícola, aliada a um passado histórico evidente nas suas igrejas, solares e um ambiente rural acolhedor e tranquilo. Veio ao mundo às duas da madrugada do dia 19 de outubro de 1885.

Filho dos lavradores Manoel de Magalhães e Souza e Angélica Mendes da Costa, foi batizado a 22 de outubro do mesmo ano, na paróquia de São Clemente, na mesma cidade. Estudou no seminário de Braga e foi ordenado padre em 1908, quando assumiu a Capela de Nossa Senhora Aparecida, no município de Lousada, ainda em Portugal. No Brasil, antes de chegar em Jeremoabo passou por Morro do Chapéu, sendo nomeado vigário da Matriz de São João Batista de Jeremoabo em 18 de março de 1928. Faleceu aos 95 anos, 21 anos após retornar à terra natal, no dia 13 de maio de 1980.

José de Magalhães chega à Jeremoabo em 18 de março de 1928, alguns dias antes, havia sido nomeado para assumir a paróquia de São João Batista pelo Arcebispo da Bahia, D. Augusto.

Durante o seu paroquiar, teve que atender ao enorme município de Jeremoabo e ainda municípios vizinhos. Em 1933, foi nomeado vigário auxiliar da cidade de Cícero Dantas, naquela data, o velho padre Vicente Martins adoecera e o padre de Jeremoabo precisou assumir também aquele enorme território no qual construiu igrejas e realizou as suas atividades eclesiásticas.

Todas essas ações religiosas obrigavam o padre e estar em permanente movimento pelas estreitas estradas sertanejas, convivendo com a pobreza, a seca e com o iminente perigo de ataque de cangaceiros. É possível que tenha sido essa a principal motivação do vigário para o empenho intransigente que destinou à finalização do fenômeno Cangaço.

Da mesma forma que os remanescentes do cangaço perceberam a insustentabilidade da atividade bandoleira após a morte de Lampião, o vigário de Jeremoabo teve a mesma percepção. Tenho razões robustas para acreditar que ele via naquela ocasião, uma janela aberta para a finalização do banditismo ou, como ele mesmo afirmava, para a pacificação do sertão. Foi a partir da morte de Lampião que ele começou a intervir e buscar viabilizar as entregas ocorridas em Jeremoabo.


Para saber mais sobre o papel desse religioso no processo de entrega dos cangaceiros Zé Sereno, Balão, Juriti, Candeeiro e outros em 1938 em Jeremoabo e sobre a entrega do bando Ângelo Roque, leia os livros O EMBAIXADOR DA PAZ e ÚLTIMOS CANGACEIROS: JUSTIÇA, PRISÃO E LIBERDADE. 


Moisés Reis é professor há 24 anos no município de Fátima (BA) e Membro da ABLAC (Academia Brasileira de Letras e Arte do Cangaço). Licenciado em História pela UNIAGES, com especialização em História e Cultura Afro-Brasileira pela UNIASSELVI, é mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Autor de diversas obras, entre elas Manual Didático do Professor de História, O Nazista, Fátima: Traços da sua História, O Embaixador da Paz, Maria Preta: Escravismo no Sertão Baiano e Últimos Cangaceiros: Justiça, Prisão e Liberdade. Também produziu a HQ Histórias do Cangaço e o documentário Identidade Fatimense. Sua pesquisa concentra-se na história do sertão baiano, com ênfase na sociedade do couro, nos processos de ocupação, nas relações de poder e nas memórias coletivas da região.

 

Contato: 75 999742891


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