Em dezembro
de 2021, eu postei aqui no Blog Histórias do Sertão, um texto que tratava da
personalidade considerada como o fundador da cidade da Fátima. Na oportunidade,
com a ajuda do pesquisador Juan Kléber Menezes, juntei tudo o que se sabia sobre
Ângelo Lagoa a partir dos relatos orais que ficaram guardados na memória do
povo fatimense.
Na época,
sabia-se que seu nome de batismo é Ângelo José de Souza, que teria nascido em
algum lugar próximo à fronteira com Heliópolis e que a sua esposa se chamava Porfiria.
Foi exatamente através Porfiria Maria de Jesus (esse é o seu nome de batismo)
que conseguimos mais informações acerca de Ângelo Lagoa.
Em pesquisa
recente junto à documentação de posse do Arquivo público da Bahia, pude ter
acesso ao inventário de Porfiria e acessar informações interessantes. Ela faleceu
antes do marido, a 17 de junho de 1942. Na época, o inventário foi feito por
Ângelo, que contava com 74 anos de idade (A data de falecimento de Ângelo é
estimada em meados dos anos 1950).
Essa é
a primeira informação importante a nos revelar dados desconhecidos até hoje,
isto é, se ele tinha 74 anos em 1942, entende-se que o ano de nascimento foi
1868, evidenciando o quanto a colonização dessa região é antiga.
Os bens
de Porfiria foram detalhadamente relacionados no processo, até mesmo a mobilha.
O total do seu patrimônio, entre casas, terras e gado, contabilizou oito contos
e dez mil réis, o que, de acordo com o conversor de Réis para Reais, daria um
valor de aproximadamente 20 mil reais em valores atuais.
A lista
de herdeiros, certamente, impressiona mais que a dos bens. Além do esposo,
Porfiria deixou 15 filhos, relacionados abaixo por idade:
1- Josefa
Maria de Jesus – 54 anos;
2- Antônio
Virgílio de Sousa – 53 anos;
3- Maria
de Sousa Pires – 52 anos;
4- Petronila
Maria de Jesus – 50 anos;
5- Emília
de Souza Reis 48 anos 48 anos;
6- Francisco
Virgilio de Sousa – 47 anos;
7- João
de Souza Sobrinho – 46 anos;
8- Joana
de Sousa Trindade – 45 anos;
9- Manoel
Virgílio de Sousa – 44 anos;
10- Josefa
Maria de Jesus – 42 anos;
11- Josefa
Benigna de Souza – 41 anos;
12- José
Virgílio de Souza – 40 anos;
13- Dautro
Virgílio de Souza – 39 anos;
14- Sabrina
Enedina de Souza – 38 anos;
15- Maria
Soledade Campos – 36 anos;
A
surpresa aqui está por conta do nome e idade da minha bisavó, que dá nome à creche
Emília Maria. De acordo com o inventário, seu nome era Emília de Souza Reis,
casada com Manoel Reis do Nascimento. Ela tinha 48 anos na época, nascida,
portanto, em 1894. Sua dada de nascimento era desconhecida, quanto ao nome, é possível
que tenha sido grafado de forma incorreta no inventário, contudo, seu nome
aparece mais de uma vez, grafado dessa forma, Emília de Souza Reis, sem o “Maria”.
Ainda haviam
os netos herdeiros, filhos de Ana Maria de Andrade, que havia falecido antes da
mãe. Eram esses:
1- Manoel
de Souza Andrade – 19 anos;
2- José de
Souza Andrade – 18 anos;
3- Maria
de Souza Andrade – 16 anos.
Um
outro documento de posse do APEB que nos ajudou muito nessa história foi o
processo do assassinato de João Lucindo, ocorrido em 18 de dezembro de 1919. A análise
desse processo nos revelou que Ângelo Lagoa chegou à fazenda Boa Vista, onde
hoje é a Praça Ângelo Lagoa, por volta do ano 1885, pelo menos 30 anos antes do
que se acreditava.
Porfiria
era da família dos “Canoas”, muito numerosa na cidade, sobretudo na região da
Surjoa, área já povoado por volta dos anos 1850. Na construção que foi a
primeira casa da cidade, o casal concebeu sua numerosa família que hoje se enraíza
por boa parte dos fatimenses contemporâneos.
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