O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

As fazendas do Barão de Jeremoabo na região.

 

Imagem: Antônio Carneiro


            Quando Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo faleceu a 27 de outubro de 1903, deixou em seu inventário 67 fazendas espalhadas pela Bahia e Sergipe. Na antiga região do Bom Conselho, estavam listadas 12 propriedades, das quais, algumas, no atual território que engloba o município de Fátima.

          São elas: Barra do Dadá, Jurema ou Eixú, Cruz, São Domingos, João Barbosa, Tabuleiro, Lage, cansanção, Poço da Onça, Barra, Capitão, Brejo.

          Muitas das propriedades do Barão que passarem aos seus herdeiros conservam ainda hoje o mesmo nome. Dentre as citadas acima, Barra do Dadá, Cruz, Poço da Onça e Brejo, desconheço se ainda permanecem com a mesma nomenclatura e a sua localização. Uma delas, contudo, me é dúbia a interpretação, “Jurema”, como sabemos, é o nome de um dos povoados de Fátima, entretanto, não me sinto seguro em afirmar se tratar da mesma propriedade citada acima.

          Já as fazendas São Domingos, João Barbosa, Tabuleiro e Cansanção conservam o mesmo nome ainda hoje. Exceto Cansanção, que compõem o território do município de Cícero Dantas, as outras três, compõem o atual território de Fátima e foram herdadas por João da Costa Pinto Dantas, filho mais velho do Barão. 

          O São Domingos é, talvez, uma das mais antigas. No registro de terras que consta no APEB, a São Domingos está registra em 1857 em nome de João Dantas dos Reis, pai do Barão, a propriedade provavelmente foi herdade por ele, do seu pai, João Dantas dos Reis Itapicuru, que adquiriu esse território da família Ávila em 1832. João Dantas dos Reis Itapicuru (avô do Barão) foi personagem importante na luta pela independência, criando um exército particular para defender o imperador. Por seus feitos, recebeu do famoso General Labatu a patente de Tenente Coronel do Regimento de Cavalaria de Milícias de Itapicuru, patente confirmada em 16 de fevereiro de 1824. João Dantas Faleceu em 07 de agosto de 1872 e deixou imenso patrimônio para o Barão e seus irmãos.

          Ainda tratando da São Domingos, a fazenda que passou para o Barão foi arrendada por Severo Correia de Souza no final do século XIX. Em 9 de outubro de 1898, Severo escreve ao Barão e entre outros assuntos, trata de uma obra na fazenda, a limpeza da fonte de água da propriedade.

          Em 12 de dezembro de 1949, um processo fronteiriço entre Paripiranga e Cícero Dantas que reivindicavam a posse do território que hoje é Fátima, nos dá mais algumas informações sobre essa mesma fazenda. Neste, Maurício José de Santana, faz o seguinte relato:

 

Eu, Maurício José de Santana, com 70 anos de idade, nascido na fazenda São Domingos, propriedade do Barão de Jeremoabo, Residente na Fazenda Monte Alegre (atual município de Fátima).

 

          A partir dessa afirmação, Maurício José de Santana, nascido em 1879, nos informa ter nascido na propriedade pouco tempo após ela ter passado para o Barão como herança de seu pai.

          O mesmo caso se aplica ao João Barbosa que em 1857 também aparece em nome do pai do Barão que já recebeu a propriedade do seu pai. O João Barbosa também foi adquirida pelo avô do Barão junto à família Ávila em 1832

          Como já referido acima, com o falecimento do Barão em 1903, seu filho mais velho, João da Costa Pinto Dantas passou a ser o proprietário dessas terras. Quando esse faleceu, em 25 de fevereiro de 1940, a São Domingos, o Tabuleiro e o João Barbosa, passaram por herança para dois dos seus filhos, Adelaide e Artur, que aparecem na foto abaixo ao lado dos pais em 1911.

 

Imagem: Álvaro Dantas Jr.

         Foram Adelaide e Artur que venderam esses terenos para fatimenses como Joaquim Borges e Camilo Bento.

          Uma das fazendas do Barão por essa área me intriga pelo nome, é a fazenda Capitão. Esse incômodo, o tenho por saber que vastas áreas de terras que hoje compõem o município de Adustina, também pertenceram à família Dantas, assim como o acidente geográfico conhecido como Serra do Capitão, que foi registrada como fronteira entre Bom Conselho e a província de Sergipe Del Rei no século XIX. Seria essa fazenda que, como vimos, passou às mãos dos Dantas em 1832 a propriedade que deu nome à Serra do Capitão? Difícil dizer.

          Sabe-se, contudo, que a tradição oral afirma que o nome Serra do Capitão, foi adotado a partir da instalação de um suposto capitão do exercido na região. Para mim, entretanto, se o tal capitão realmente existiu, é muito mais provável que tenha sido um integrante da Guarda Nacional, não do exército.

         

Esse texto teve, entre suas referências os seguintes livros:

 

·       O Barão de Jeremoabo e a política do seu tempo – Álvaro Dantas de Carvalho Júnior;

·       Entre Padres e Coronéis – Antônio de Santana Carregosa;

·       Adustina, sua história – Roberto Santos de Santana;

·       Fátima, Traços da sua História – Moisés Reis

Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 21 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço e dos livros Fátima: Traços da sua Histórias e O Embaixador da Paz.

 

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