Imagem: Antônio Carneiro |
Quando Cícero Dantas Martins,
o Barão de Jeremoabo faleceu a 27 de outubro de 1903, deixou em seu inventário
67 fazendas espalhadas pela Bahia e Sergipe. Na antiga região do Bom Conselho,
estavam listadas 12 propriedades, das quais, algumas, no atual território que
engloba o município de Fátima.
São elas: Barra do Dadá, Jurema ou Eixú, Cruz, São Domingos,
João Barbosa, Tabuleiro, Lage, cansanção, Poço da Onça, Barra, Capitão, Brejo.
Muitas das propriedades do Barão que passarem aos seus
herdeiros conservam ainda hoje o mesmo nome. Dentre as citadas acima, Barra do
Dadá, Cruz, Poço da Onça e Brejo, desconheço se ainda permanecem com a mesma
nomenclatura e a sua localização. Uma delas, contudo, me é dúbia a
interpretação, “Jurema”, como sabemos, é o nome de um dos povoados de Fátima, entretanto,
não me sinto seguro em afirmar se tratar da mesma propriedade citada acima.
Já as fazendas São Domingos, João Barbosa, Tabuleiro e Cansanção
conservam o mesmo nome ainda hoje. Exceto Cansanção, que compõem o território do
município de Cícero Dantas, as outras três, compõem o atual território de
Fátima e foram herdadas por João da Costa Pinto Dantas, filho mais velho do
Barão.
O São Domingos é, talvez, uma das mais antigas. No registro
de terras que consta no APEB, a São Domingos está registra em 1857 em nome de
João Dantas dos Reis, pai do Barão, a propriedade provavelmente foi herdade por
ele, do seu pai, João Dantas dos Reis Itapicuru, que adquiriu esse território
da família Ávila em 1832. João Dantas dos Reis Itapicuru (avô do Barão) foi personagem
importante na luta pela independência, criando um exército particular para
defender o imperador. Por seus feitos, recebeu do famoso General Labatu a
patente de Tenente Coronel do Regimento de Cavalaria de Milícias de Itapicuru,
patente confirmada em 16 de fevereiro de 1824. João Dantas Faleceu em 07 de agosto
de 1872 e deixou imenso patrimônio para o Barão e seus irmãos.
Ainda tratando da São Domingos, a fazenda que passou para o
Barão foi arrendada por Severo Correia de Souza no final do século XIX. Em 9 de
outubro de 1898, Severo escreve ao Barão e entre outros assuntos, trata de uma obra
na fazenda, a limpeza da fonte de água da propriedade.
Em 12 de dezembro de 1949, um processo fronteiriço entre
Paripiranga e Cícero Dantas que reivindicavam a posse do território que hoje é
Fátima, nos dá mais algumas informações sobre essa mesma fazenda. Neste, Maurício
José de Santana, faz o seguinte relato:
Eu,
Maurício José de Santana, com 70 anos de idade, nascido na fazenda São
Domingos, propriedade do Barão de Jeremoabo, Residente na Fazenda Monte Alegre
(atual município de Fátima).
A partir dessa afirmação, Maurício José de Santana, nascido
em 1879, nos informa ter nascido na propriedade pouco tempo após ela ter
passado para o Barão como herança de seu pai.
O mesmo caso se aplica ao João Barbosa que em 1857 também
aparece em nome do pai do Barão que já recebeu a propriedade do seu pai. O João
Barbosa também foi adquirida pelo avô do Barão junto à família Ávila em 1832
Como já referido acima, com o falecimento do Barão em 1903,
seu filho mais velho, João da Costa Pinto Dantas passou a ser o proprietário
dessas terras. Quando esse faleceu, em 25 de fevereiro de 1940, a São Domingos,
o Tabuleiro e o João Barbosa, passaram por herança para dois dos seus filhos,
Adelaide e Artur, que aparecem na foto abaixo ao lado dos pais em 1911.
Imagem: Álvaro Dantas Jr.
Uma das fazendas do Barão por essa área me intriga pelo
nome, é a fazenda Capitão. Esse incômodo, o tenho por saber que vastas áreas de
terras que hoje compõem o município de Adustina, também pertenceram à família
Dantas, assim como o acidente geográfico conhecido como Serra do Capitão, que foi
registrada como fronteira entre Bom Conselho e a província de Sergipe Del Rei no
século XIX. Seria essa fazenda que, como vimos, passou às mãos dos Dantas em
1832 a propriedade que deu nome à Serra do Capitão? Difícil dizer.
Sabe-se, contudo, que a tradição oral afirma que o nome Serra
do Capitão, foi adotado a partir da instalação de um suposto capitão do exercido
na região. Para mim, entretanto, se o tal capitão realmente existiu, é muito
mais provável que tenha sido um integrante da Guarda Nacional, não do exército.
Esse texto teve, entre suas
referências os seguintes livros:
·
O Barão de Jeremoabo e a política do seu tempo –
Álvaro Dantas de Carvalho Júnior;
·
Entre Padres e Coronéis – Antônio de Santana
Carregosa;
·
Adustina, sua história – Roberto Santos de
Santana;
·
Fátima, Traços da sua História – Moisés Reis
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