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Mostrando postagens de 2023

A família Dantas substitui os Ávilas no sertão baiano.

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Disponível em: https://www.elo7.com.br/quadro-paisagem-regional-por-do-sol-no-o-sertao/dp/171E459   No livro CÍCERO DANTAS MARTINS, DE BARÃO A CORONEL, Álvaro Pinto Dantas de Carvalho Júnior, narra a chegada do jovem Cícero Dantas Martins, o futuro barão de Jeremoabo, ao sertão. Era dezembro de 1859, e o jovem Cícero, com 21 anos, retornava de um período de cinco anos no Recife, onde cursara a faculdade de direito na capital de Pernambuco. Após uma longa viagem, parte dela a bordo de um vapor, Cícero chegava ao sertão que se enchia de festa com a notícia de um sertanejo doutor. O poder político dos Dantas, naquele momento, já era consolidado no sertão, mas não somente em Itapicuru e Jeremoabo, como veremos no comentário que se segue na mesma obra:   De modo muito particular o recém formando Cícero simpatizava pelas terras em que a 8 de julho de 1812, o missionário capuchinho frei Apolônio de Todi fez erguer uma capela em homenagem a Nossa Senhora do Bom Conselho e e...

Estácio de Lima emite relatório favorável aos cangaceiros presos.

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  Disponível em: https://www.blogdotiaolucena.com/joel-silveira-entrevista-na-prisao-os-cangaceiros-volta-seca-angelo-roque-labareda-saracura-cacheado-deus-te-guie-e-caracol/        Em 16 de novembro de 1947, o então presidente do conselho penitenciário da Bahia, Estácio Luiz Valente de Lima (1897-1984), emitiu parecer, acatado pelo juiz João Baldoino de Oliveira Andrade, que resultou na emissão da carta de guia para liberdade condicional dos cangaceiros Ângelo Roque da Costa (Labareda), Benício Alves dos Santos (Saracura) e Domingos Gregório Rodrigues (Deus-te-Guie). Os condenados pelo triplo assassinato ocorrido em Paripiranga-Ba em 1939, tiveram as prisões registradas na penitenciária da Bahia a 13 de novembro de 1940 e, após relatório favorável escrito por Estácio de Lima, ganharam a liberdade após o cumprimento de 6 anos de um total de 30 a que foram condenados. O referido relatório ainda é desconhecido, contudo, a carta de guia para a liberdade ...

O Frade Italiano que construiu a capela da Serra do Capitão.

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  Capela construída no alto da Serra do Capitão.           Constrastando com o relevo plano da região, ergue-se a meio caminho entre Paripiranga e Adustina (ambos no estado da Bahia, mais especificamente na zona de Fronteira entre os dois Estados) um acidente geográfico majestoso, suas encostas escarpadas se erguem a vários metros de altura, chega a ter paredões tão íngremes que seriam escalados apenas por experientes profissionais.           A Serra do Capitão pode ser vista com dezenas de quilômetros de distância, como uma protuberância a se destacar em um chapadão até onde a vista alcança. Se observada de longe, toma uma cor azulada e fantasmagórica, quando vista de perto, apresenta as cores da estação do ano, acinzentada no período seco e tomada de um verde exuberante nos meses chuvosos.           Deve ter sido esses atributos que chamaram a atenção de missioná...

O frei Apolônio de Todi

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             Se você mora ou viveu por alguns anos na área de fronteira entre a Bahia e Sergipe, mais precisamente no território hoje classificado como Semiárido Nordeste II, você provavelmente já ouviu falar do Frei Apolônio de Todi.           Seu nome hoje está em praças, ruas, avenidas e repartições públicas, mas não se sabe muito sobre a sua vida, muito provavelmente pelo tempo decorrido da sua morte, ou seja, quase duzentos anos.           O Frei Apolônio, pertencia a uma subordem dos franciscanos denominados Capuchinhos. Essa ordem religiosa marcou profundamente a sua presença no sertão. O Frei Apolônio, por exemplo, foi o responsável pela construção do Santuário de Monte Santo - BA e da Igreja de Cícero Dantas-BA.           Nascido próximo à cidade Italiana de Todi, em 1747, chegou à Salvador, já ordenado...

Fazenda Barriguda, Fátima - BA

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  Fonte: Pinterest A Barriguda é uma propriedade rural antiga que ainda hoje conserva o mesmo nome, seus limites com a vizinha fazenda Maria Preta eram (e em grande medida ainda são) o riacho que corre entre as duas, trata-se do Rio Velho, que deságua no açude de Adustina. No fim dos anos 1800, Severo Correia de Souza, dono da Maria Preta, ordenou que seus escravos mudassem o curso do rio para beneficiar a si próprio. Consta que Severo orientou os seus cativos a corrigir o sinuoso curso do córrego que só ficava cheio com as enxurradas. Fazendo das curvas retas, Severo foi ganhando terras da propriedade vizinha. Consta que tal ação gerou muitos litígios entre os proprietários. Com a morte do Barão, em 1903, a fazenda passou ao seu filho mais velho, João da Costa Pinto Dantas e com a morte desse, em 1940, aos seus filhos Adelaide e Arthur da Costa Pinto Dantas. Foram esses dois descendentes de Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo, que desmembraram essa e outras propriedades,...

Fazenda São Domingos, Fátima- BA.

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            O que hoje é o povoado do São Domingos, no município de Fátima, é uma localidade com uma história que remonta às primeiras décadas do século XIX. Localizado na fronteira com o município vizinho de Cícero Dantas, o povoamento é composto por casas espaçadas entre si e por propriedades rurais de pequeno e médio porte. Como muitos povoamentos fatimenses, o São Domingos herda o nome de uma antiga fazenda que, antes de 1830, pertencia ao enorme latifúndio pertencente à Casa da Torre. A família Ávila, linhagem de Garcia D’Ávila, que possuía a maior parte das terras que hoje compõem o Nordeste brasileiro, vai entrar em decadência no século XIX, deixando espaço para a família Dantas, linhagem do Barão de Jeremoabo, adquirir grandes nacos de terras na área que hoje é Fátima e municípios vizinhos. João Dantas dos Imperiais Itapicuru (Avô do Barão).  Essa história começa em 1832, quando o avô do Barão, João Dantas dos Imperiais Itapicuru, adquir...

Rota da Ferrovia que passaria por Fátima

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                 Imagem criada a partir do Google Earth           Conforme tratei aqui no Blog alguns anos atrás, a Ferrovia Leste, como era conhecida pelo fatimense, foi um ramal ferroviário que buscava ligar o litoral de Sergipe ao canteiro de obras da usina hidroelétrica de Paulo Afonso.                Na ocasião, o governo federal, nos mandatos de Eurico Gaspar Dutra e Getúlio Vargas, liberou vultosas quantias para a construção da ferrovia durante os anos 1950.             As obras tiveram evolução diferente ao longo do percurso, em Lagarto, por exemplo, chegou-se a construir uma estação para o trem, enquanto em outros pontos, com Fátima, Adustina e Paripiranga, bancadas de nivelamento, pontes e valas de até 6 metros de profundidade ficaram para trás após o abandono da obra.         ...

O povoamento do nosso sertão

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  Para entender como a zona sertaneja do Nordeste brasileiro foi povoado pelo homem branco (a bem da verdade de maioria mestiça) é preciso compreender que, para o colonizador, toda zona situada distante do litoral era conhecida como sertão. Assim, o cerrado e mesmo a Amazônia entrava na classificação de “O grande Sertão”. Isso posto, é igualmente importante compreender que a sociedade colonial era baseada visceralmente no litoral e sua economia inicial era fundada no cultivo da cana-de-açúcar e na produção dos seus derivados, uma economia essencialmente fundamentada na exportação. Ocorre que, com o aumento da população dessa zona litorânea, percebeu-se a necessidade da produção de carne para o abastecimento interno e foi daí que um problema fez com que o colonizador voltasse seus olhos para o sertão ermo, seco e povoado por povos indígenas. As férteis terras litorâneas eram decerto muito valorizadas pelos senhores de engenho que faziam uso do seu potencial para produzir a can...

Labareda foi julgado em Jeremoabo?

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  Fonte: Blog Lampião Aceso.      Era alta madrugada do dia 8 de julho de 1939 quando um grupo de homens fortemente armados chega a uma modesta casa onde viviam os habitantes da fazenda Curral dos Altos, no município de Bebedouro (Hoje Coronel João Sá – Ba), os bandidos invadem a residência com facilidade, rendem os ocupantes do imóvel e iniciam a execução de um terrível plano de vingança.             Logo, tiros de parabélum ecoam pela caatinga imersa na escuridão da noite, três corpos caem mortos, são Olegário Bispo, filho da dona da fazenda e dois viajantes, que seguiam para Paripiranga-Ba e tomaram a infeliz decisão de pernoitar ali, foram friamente mortos, eram Antônio Elias e Nonato Terêncio.             O bando segue a sua romaria de crimes, viajam até a fazenda Logradouro, no mesmo município, e lá assassinam Jovina Maria de Jesus para logo em segu...

Povoado Panelas

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  No distante ano de 1918, um acontecimento brutal assinala o nome do povoado Panelas na história do município. Tudo teve início após um defloramento cometido por um certo João Porfírio dos Reis, este conhecido como João Grande, era nascido e morador das Pedrinhas. Sua data de nascimento remonta ao ano de 1896. João Grande, aparentemente, seduziu uma moça, sobrinha de João Lucindo de Souza. De acordo com o processo, João Lucindo, em ato de vingança, enviou um emissário à casa do sedutor sob pretexto de irem ambos em viagem das Pedrinhas para as Panelas. Em determinado momento do percurso, João Lucindo aguardava João Grande em tocaia para consumar seu plano de vingança. Consta dos depoimentos que João Lucindo dominou João Grande com certa facilidade e o espancou, para finalizar com um simbolismo macabro, castrou a sua vítima. Essa surra levaria, meses mais tarde, ao assassinato de João Lucindo nas imediações da igreja Assembleia de deus, na sede do município, quanto à castraçã...