O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Quem construiu a igreja matriz de Fátima?

 


            A resposta para essa pergunta passa por um longo percurso e infelizmente ainda carece de elementos e evidências. Desde que iniciei esse projeto, que culminará no livro História de Fátima, este já em fase final, contei com a generosa parceria do meu ex-aluno, hoje pesquisador/historiador, Juan Kléber Menezes.

            Nesse interim, ouvi pela primeira vez do próprio Juan a dúvida que nomeia esse artigo. Quem teria sido o responsável pela conclusão da Igreja Matriz, o templo maior do católico fatimense?

            Buscando fundamentação na história oral, Juan entrevistou diversas pessoas e constatou que essa informação havia se perdido na memória dos idosos fatimenses. Em outras palavras, ao menos entre os diversos entrevistados, não há a lembrança da primeira construção que, ao longo dos anos e de diversas reformas, tornou-se a igreja matriz de Fátima, situada na Praça São Francisco De Assis.

            Na busca pela elucidação de tal mistério, duas fotos importantes foram descobertas, uma do acervo pessoal de Dona Nivalda e outra perdida nos arquivos da igreja.  Se considerarmos por um momento apenas as fotos, datadas dos anos 1950, podemos concluir que, por essa época, havia uma pequena capela, com uma arquitetura que até lembra a atual, uma torre ao centro ergue-se como o marco do catolicismo na então Monte Alverne.


Acervo pessoal de D. Nivalda.

Acervo da Igreja.

 

            De acordo com os levantamentos feitos por Juan, a construção da igreja aqui em Monte Alverne não era bem vista por alguns em Cícero Dantas, tal obra aparentemente era vista lá como um sinal de prepotência por parte dos de cá.

            É sabido também, e ainda de acordo com os levantamentos do referido pesquisador que algumas famílias tiveram engajamento especial na construção como a família Borges o senhor Tóta André, o saudoso Aprígio com seus leilões, a Família Reis e outros.

            Como a finalidade desse Blog é, além de preservar e divulgar a nossa história, servir como um diário de bordo para as pesquisas em andamento, decidi partilhar o andamento desse processo em curso. Vamos aos fatos até agora levantados por Juan e por mim nessa odisseia:

            Primeiramente, é preciso discorrer acerca de como as igrejas, por via de regra, eram construídas na primeira metade do século XX. O pontapé inicial para a construção era a existência de uma comunidade organizada e atuante no que diz respeito à religiosidade. A partir daí, ou a comunidade ou o líder da paróquia (nesse caso, o padre de Cícero Dantas) tomava a iniciativa de construir uma capela onde deveriam acontecer as celebrações. Em seguida, a depender da prosperidade do local, a capela era ampliada e reformada com o passar dos anos.

            Pensando historicamente, seria muito difícil saber, tomando como base o que temos até o momento, se a decisão de construção da igreja partiu da comunidade de Monte Alverne e quais membros específicos o fizeram. Dessa forma, nos resta buscar informações sobre quem era o Padre da época e como a obra ocorreu.

            Recentemente eu estive na secretaria paroquial de Cícero Dantas e tive acesso aos Livros de Tombo, os livros de registros da paróquia. Em uma análise ainda preliminar, penso que já é possível traçar um caminho para o esclarecimento desse caso.

            No Livro de Tombo de 23 de março de 1949, o Padre Renato Galvão anota entre outras providências:

 

“Benção do sino da Igreja de Monte Alverne”

 

            Parece pouco, mas, ao juntarmos com o que já sabemos, é possível chegar a algumas conclusões: Sabendo que o Padre Renato, que assumiu a paróquia em 1945 sucedeu o padre Vicente Martins, que esse segundo esteve por 50 anos a frente da mesma paróquia e que a igreja de Fátima foi construída por volta dos anos 1940, a “responsabilidade” da construção da Paróquia de São Francisco de Assis só pode ter sido obra de um desses dois vigários.

            Como dito, os estudos dos Livros de Tombo ainda estão em fase inicial e muita informação ainda deverá ser extraída deles. Em que pese a dificuldade de compreensão dos textos em português arcaico e da grafia dos registros, estamos tentando trazer a luz mais esse importante aspecto da nossa história.


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