O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

O que havia por aqui durante a primeira Guerra Mundial?

 


Um extenso relato sobre o município de Cícero Dantas está transcrito no livro de Tombo da Igreja da mesma cidade. Aparentemente, a sua origem está ligada a um estudo acadêmico feito por Bernardino Souza e João Mendes da Silva. Essa documentação é parte do acervo do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (IHGBA) e foi produzida em 1916.  

O Padre Renato Galvão, estudioso da história do município, se encarregou de fazer a transcrição a próprio punho de importantes documentos históricos. Entre eles está o relato do Frei Apolônio de Todi, quando da construção da primeira capela onde fica a igreja Matriz da cidade (1812) e uma série de documentos com as descrições dos conturbados limites entre os municípios de Cícero Dantas e Paripiranga.

O manuscrito em questão, contudo, busca detalhar aspectos históricos, geográficos, econômicos e culturais dessas terras no início do século XX e nos serve como um farol na tentativa de compreender como era a vida cotidiana dos nossos antepassados.

Tomando como base o relato e aquilo o que já compreendemos sobre aqueles tempos remotos, é possível concluir que a criação de gado e a agricultura de subsistência estavam, já no princípio, intimamente ligadas à sobrevivência dos habitantes dessa região.

Entre as principais fazendas listadas e que à época compunham o município de Cícero Dantas, algumas encontravam-se na área de Fátima, como Volta, Lagoa da Volta (essa já de posse da família Correia, que ainda hoje habita aquela região), Maria Preta (de Severo Correia), João Barbosa e Barriguda e Tabuleiro. Em algumas dessas fazendas estavam também as principais aguadas do município como o Tanque da Maria Preta, o do São Domingos, o da Lagoa da Volta, o Sítio e o São Paulo Velho (na zona urbana da Fátima).

Com relação aos acidentes geográficos, o documento lista a Serra do Mocó, essa mesma que fica nas imediações da cidade e que abriga as torres de telefonia da sede do município. Aqui cabe um adendo para lembrarmos que é o documento de 1916 e que, é mais ou menos por essa época que Ângelo Lagoa chega à fazenda Boa Vista (hoje parte da área urbana de Fátima) e constrói a primeira casa na atual Praça Ângelo Lagoa.

No que tange aos aspectos populacionais, o documento cita a composição étnica dos nossos antepassados. De acordo com os autores, a população local era composta de 17 mil almas (aqui referente a todo o então município de Cícero Dantas) composta predominantemente por:

 

“Mestiços, oriundos de caboclos e portugueses, Indígenas, Mulatos (cruzamento de Branco com preto)”.

 

Note que o negro não é documentado como componente da população local, apenas a variante “Mulata”. É difícil saber se tal exclusão foi intencional ou acidental.

Esse documento é mais uma peça nesse quebra cabeça de contar as origens da nossa terra.


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