Um extenso
relato sobre o município de Cícero Dantas está transcrito no livro de Tombo da
Igreja da mesma cidade. Aparentemente, a sua origem está ligada a um estudo
acadêmico feito por Bernardino Souza e João Mendes da Silva. Essa
documentação é parte do acervo do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia
(IHGBA) e foi produzida em 1916.
O
Padre Renato Galvão, estudioso da história do município, se encarregou de fazer
a transcrição a próprio punho de importantes documentos históricos. Entre eles
está o relato do Frei Apolônio de Todi, quando da construção da primeira capela
onde fica a igreja Matriz da cidade (1812) e uma série de documentos com as
descrições dos conturbados limites entre os municípios de Cícero Dantas e
Paripiranga.
O
manuscrito em questão, contudo, busca detalhar aspectos históricos,
geográficos, econômicos e culturais dessas terras no início do século XX e nos
serve como um farol na tentativa de compreender como era a vida cotidiana dos
nossos antepassados.
Tomando
como base o relato e aquilo o que já compreendemos sobre aqueles tempos remotos,
é possível concluir que a criação de gado e a agricultura de subsistência
estavam, já no princípio, intimamente ligadas à sobrevivência dos habitantes
dessa região.
Entre as
principais fazendas listadas e que à época compunham o município de Cícero
Dantas, algumas encontravam-se na área de Fátima, como Volta, Lagoa
da Volta (essa já de posse da família Correia, que ainda hoje habita aquela
região), Maria Preta (de Severo Correia), João Barbosa e Barriguda
e Tabuleiro. Em algumas dessas fazendas estavam também as principais
aguadas do município como o Tanque da Maria Preta, o do São Domingos, o da
Lagoa da Volta, o Sítio e o São Paulo Velho (na zona urbana da Fátima).
Com relação
aos acidentes geográficos, o documento lista a Serra do Mocó, essa mesma
que fica nas imediações da cidade e que abriga as torres de telefonia da sede
do município. Aqui cabe um adendo para lembrarmos que é o documento de 1916 e
que, é mais ou menos por essa época que Ângelo Lagoa chega à fazenda Boa Vista
(hoje parte da área urbana de Fátima) e constrói a primeira casa na atual Praça
Ângelo Lagoa.
No que
tange aos aspectos populacionais, o documento cita a composição étnica dos
nossos antepassados. De acordo com os autores, a população local era composta
de 17 mil almas (aqui referente a todo o então município de Cícero Dantas)
composta predominantemente por:
“Mestiços,
oriundos de caboclos e portugueses, Indígenas, Mulatos (cruzamento de Branco
com preto)”.
Note
que o negro não é documentado como componente da população local, apenas a
variante “Mulata”. É difícil saber se tal exclusão foi intencional ou
acidental.
Esse documento
é mais uma peça nesse quebra cabeça de contar as origens da nossa terra.
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