Nos primórdios da colonização Portuguesa, toda a área que
compõe Fátima e municípios vizinhos era parte do enorme latifúndio da família
Ávila. Com o passar do tempo, povoações, freguesias e vilas foram se formando
ao longo dos caminhos abertos pelos vaqueiros em áreas mais propícias ao convívio
humano. Essas formações de povoados constituíram um processo extremamente lento
e teve dinâmica diferente em cada localidade.
Com o avanço do povoamento, a estrutura estatal foi sendo
aos poucos montadas nas áreas mais proeminentes do ponto de vista populacional.
Foi com esse intuito que os territórios foram divididos em sesmarias, como de
costume em territórios portugueses desde o século XIV.
Na primeira metade do Século XVIII, o primeiro indivíduo
com o sobrenome Reis chega às terras pertencentes à família Ávila. Baltazar dos
Reis Porto era português da cidade do Porto. Como procurador (uma espécie de
gerente da Casa da Torre), administrou essas terras. Com enorme influência, em
1754 compra da viúva da quinta geração da Casa da Torre um lote de terras em Itapicuru,
onde funda o engenho Camurciatá. Essa propriedade incluía a enorme extensão de
terras que se estendia até a Freguesia de Jeremoabo de cima, incluindo a área
onde hoje está Fátima. Nesse momento, essas terras deixam de pertencer a
Itapicuru e passam aos domínios de Jeremoabo.
Naturalmente, entre os pertences de Jeremoabo estavam também
as terras onde hoje situa-se a cidade de Cícero Dantas. Em 27 de setembro de
1817 é fundada a freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes do
Boqueirão, esta, em 1875 desmembrada de Jeremoabo, formando-se assim o
município de Bom Conselho por meio do alvará régio de 09 de julho.
Nesse momento, passávamos a fazer parte do agora
município de Bom Conselho, que mudaria de nome 1905, tonando-se a cidade de
Cícero Dantas, em homenagem ao Barão de Jeremoabo, morto 3 anos antes.
Em virtude dos arranjos políticos oriundos da revolução
de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, em 1931 o município de Cícero
Dantas é extinto e passa a ser (juntamente com Fátima) parte do município de
Paripiranga, situação que manteve-se até 1933.
Dessa forma, para que fique mais fácil a compreensão de
todo esse processo, assim resume-se a posse das terras onde hoje se situa Fátima
a partir da colonização portuguesa e excetuando-se a posse dos diversos povos
indígenas que habitavam essa área:
Período |
Pertencimento |
Até o século XVIII |
Itapicuru |
De 1875
a 1931 |
Cícero
Dantas |
De 1931
a 1933 |
Paripiranga |
De 1933 a 1985 |
Cícero
Dantas |
A
partir de 1986 |
Município
Autônomo |
Moisés Santos Reis Amaral,
Professor há 19 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela
Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em
Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe.
Que postagem legal, prof. Moisés! Estava pesquisando sobre a fazenda Maria-Preta, a qual sempre ouço nos dizeres dos mais velhos fatimenses, e vi uma relação com o Rio Itapicuru. Existem algumas pesquisas geológicas e geoquímicas sobre a região na BDTD.
ResponderExcluirhttps://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_a12765f0b9642b4ad5ef83c379d673d6
https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_30f25db626134677cc7c42e862238d31
https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_105d29cd9bc4ae170da2d4672dfa1c99
https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_cc00c12a0606122c3c0f1a11165e10bb
https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UFBA-2_9d425de91d286be1ae6860f302660431
O Rio Itapicuru fica a cerca de 100km de viagem de Fátima.
Só consigo supor que quando se fala de Maria-Preta em Fátima/Cícero Dantas, nos referimos a este mesmo território de Itapicuru. Parecia ser muito extenso.
Pedro, não sei te falar dessa relação entre a Maria Preta e o rio Itapicuru, na vdd, nossa região geográfica pertece às bacias doa rios vaza barris e rio real. Mas continue com suas pesquisas, onde há fumaça, há fogo. Abraço.
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