Sempre me questionei sobre como os nomes de alguns
povoados da nossa cidade surgiram. Até pouco tempo eu imaginava que nomes um
tanto exóticos como Paus Pretos, Serra Velha, Panelas
e outros teriam surgido recentemente, isto é, algumas gerações atras.
Pesquisando na base de dados de registro de terras da
Freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes do Boqueirão,
documentação de posse do Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB), tive acesso
a alguns registros de terras da nossa região do período 1856/1857 e para a
minha surpresa, lá estão muitos dos nomes de povoados que ainda perduram na
linguagem do fatimense, isso mesmo, alguns desses nomes já existem há, pelo
menos, 164 anos. Surpreso?
Se por um lado é bastante interessante ver esses registros
tão antigos das terras que hoje compõem o município de Fátima, por outro, isso,
na prática, inviabiliza determinar a origem exata desses nomes, nos deixando
apenas com suposições, uma vez que isso acabou caindo no esquecimento mesmo dos
habitantes mais velhos de alguns povoados como pude apurar em recentes pesquisas.
Mas isso,
absolutamente, não tira de nós (fatimenses) o prazer pelas descobertas, visto
que agora ficamos sabendo um pouco mais sobre esses povoados tão conhecidos por
uns e que são o torrão natal de muitos dos leitores aqui do Blog História de
Fátima.
Não por acaso, muitas vezes, ao se dirigir a determinada
comunidade da nossa zona rural, muitas vezes nos referimos a elas como
fazendas. Fazendas Paus Pretos, Fazenda Mundo Novo,
etc. isso ocorre porque, de fato, boa parte dos povoamentos que temos na zona
rural do nosso município se originaram de antigas fazendas.
Nos documentos do Arquivo Público constam quem eram os
donos dessas fazendas no período 1856/1857 e isso não é sem razão. No ano de
1850 foi promulgada pelo governo imperial a Lei de Terras. Na prática, o
governo tomava para si a responsabilidade de registrar a posse das terras,
tarefa antes realizada pela igreja católica e optava pela grande propriedade
rural, uma vez que decidia com a referida lei que o acesso à terra seria
exclusividade de quem tivesse dinheiro.
Nessa
quadra, por exemplo, a antiga fazenda denominada Serra Velha
pertencia um certo Antônio Anastácio de Ferreira, a Gurema (Assim
mesmo, com “G”, de acordo com a grafia da época) pertencia a Jorge de Souza
Pereira, o João Barbosa a João Dantas dos Reis – esse, certamente
um parente do Barão de Jeremoabo – a Queimada Grande, pertencia a
Maria de Santa Ana.
Todas essas terras
já tinham a mesma dominação atual desde a segunda metade do século XIX e foram
se formando, provavelmente, como núcleos familiares como é o caso da Fazenda
Mundo Novo, pertencente na época a um certo José de Souza Quirino. A
proximidade entre as atuais localidades de Mundo Novo e Quirinos
me leva a crer que o sobrenome Quirino foi introduzido na região já por essa
época, sendo esse indivíduo o provável patriarca dessa família numerosa cujos
membros residem no povoado de mesmo nome e na sede do município.
Caso semelhante ocorre no Mundo Novo, onde os
moradores de sobrenome Cruz ainda residem naquela área. Essa família também
possuía o sobrenome Quirino entre os seus membros mais antigos.
O processo de formação desses povoados, provavelmente se
deu a partir dessas famílias que foram construindo suas moradias próximo aos
parentes mais antigos formando os pequenos conglomerados de casas que vemos
hoje.
Outros povoados atuais ainda constam nos arquivos do APEB
como Lage da Boa Vista, Lagoa do Viado (provavelmente a atual
localidade de Lagoa Dourada) Quixabeira e cajazeira,
além do vizinho povoado de Cícero Dantas, Mandacaru. No caso da fazenda Paus
Pretos, constam registros de, pelo menos, 30 propriedades no antigo
território de Cícero Dantas com esse nome, o que me leva a acreditar que, ou a
fazenda com tal denominação era muito grande ou existiam outras fazendas
homônimas no território em análise.
Outros nomes de povoados atuais também são datados do
século XIX como Araçás, João Grande (também pertencente na época
à família Quirino), Marmelada, Pau de Colher, Cutia e Fazenda das
Bananas (provavelmente a atual localidade de Bananeira).
Outros nomes foram provavelmente substituídos ou surgiram
mais recentemente. É o caso de Belém de Fátima, antes provavelmente parte da
antiga fazenda Volta. Belém de Fátima (ou Bandinha), foi assim batizada
possivelmente pelo Padre Renato nos anos 1960.
Que história interessante sobre o município de Fátima amei .
ResponderExcluirA história da construção da igreja.
ResponderExcluirMuito importante conhecer as histórias do nosso município.
ResponderExcluirParabéns pelas pesquisas e suas descobertas. Sou neto de Antonio Cruz, do Povoado Mundo Novo. Valdir de Zé de Valério.
ResponderExcluirMuito obrigado, amigo.
ResponderExcluirMassa. Parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho! Muito bom
ResponderExcluirMuito obrigado
ExcluirParabéns pelo trabalho e por nos proporcionar um pouco da história de Fátima
ResponderExcluirObrigado, cara
ResponderExcluir