O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Barão de Jeremoabo. Fidalgo.

 

            Etimologicamente, fidalgo significa filho d’algo. A expressão surge em Portugal, por volta do século XIII e significa literalmente filho de algo ou filho de alguém. Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo recebeu tal título de nobreza das mãos de D. Pedro II em 1880, em decorrência da construção de uma usina de açúcar (a primeira do Brasil) no recôncavo baiano.

            O título de nobreza, entretanto, no caso do Barão, foi somente uma espécie de oficialização para alguém cuja linhagem familiar sempre esteve intimidade com a dita alta sociedade imperial e posteriormente republicana.

            Como já abordado  em textos anteriores aqui no Blog História de Fátima, a linhagem dos Dantas é oriunda de Baltazar dos Reis Porto, português chegado ao Brasil no século XVIII que, ao se casar com Leandra Sancha Leite, origina uma prole que, mais tarde, carregaria o sobrenome Dantas.

            De acordo com NASCIMENTO (2008) Um dos netos de Baltazar, João Dantas dos Reis Portátil (Pai do Barão) se notabilizaria como homem de grande riqueza e foi, de fato, o homem que fez crescer de forma exponencial o patrimônio da família e construiu o berço de ouro no qual Cícero Dantas Martins viria a nascer.

            Nascido em 1773, no engenho Camurciatá, onde anos mais tarde o Barão ergueria um fabuloso sobrado que hoje abriga o museu com seu nome, João Dantas dos Reis herdou dos Ávila o ofício de grande criador de gado além de ter ocupado importantes cargos políticos no império e teve papel preponderante na independência do Brasil a partir da Bahia.

            Com sua morte, em 1873, os seus filhos herdaram grande fortuna em fazendas, gado e ouro. A pesquisadora Joana Medrado teve acesso ao inventário do pai do Barão no qual percebe-se que seus três herdeiros repartiram entre si 42 fazendas, 11.494 animais entre bois, cavalos e mulas e 91 escravos, dos quais, 55 eram homens com ofícios diversos.

            Tal fortuna, difícil de calcular em valores atuais, foi conduzida de forma distinta entre os filhos de João Dantas. Cícero Dantas, entretanto, se destacou nesse quesito por ter ampliado ainda mais aquilo o que recebeu dos pais. Ainda de acordo com Joana Medrado, ao falecer, em 1903, o Barão deixou para os seus herdeiros 54 propriedades, das quais 45 fazendas feitas e o restante em mata virgem. 25 dessas fazendas situavam-se na comarca de Cícero Dantas e algumas no município de Fátima, como Lagoa da Volta, São Domingos, Queimada Grande, Barriguda e outras.


Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 19 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe.


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