Etimologicamente, fidalgo significa filho
d’algo. A expressão surge em Portugal, por volta do século XIII e significa
literalmente filho de algo ou filho de alguém. Cícero Dantas
Martins, o Barão de Jeremoabo recebeu tal título de nobreza das mãos de D.
Pedro II em 1880, em decorrência da construção de uma usina de açúcar (a
primeira do Brasil) no recôncavo baiano.
O título de nobreza, entretanto, no caso do Barão, foi
somente uma espécie de oficialização para alguém cuja linhagem familiar sempre
esteve intimidade com a dita alta sociedade imperial e posteriormente
republicana.
Como já abordado em textos anteriores aqui no Blog História
de Fátima, a linhagem dos Dantas é oriunda de Baltazar dos Reis Porto,
português chegado ao Brasil no século XVIII que, ao se casar com Leandra Sancha
Leite, origina uma prole que, mais tarde, carregaria o sobrenome Dantas.
De acordo com NASCIMENTO (2008) Um dos netos de Baltazar,
João Dantas dos Reis Portátil (Pai do Barão) se notabilizaria como homem de
grande riqueza e foi, de fato, o homem que fez crescer de forma exponencial o
patrimônio da família e construiu o berço de ouro no qual Cícero Dantas Martins
viria a nascer.
Nascido em 1773, no engenho Camurciatá, onde anos mais
tarde o Barão ergueria um fabuloso sobrado que hoje abriga o museu com seu
nome, João Dantas dos Reis herdou dos Ávila o ofício de grande criador de gado
além de ter ocupado importantes cargos políticos no império e teve papel
preponderante na independência do Brasil a partir da Bahia.
Com sua morte, em 1873, os seus filhos herdaram grande
fortuna em fazendas, gado e ouro. A pesquisadora Joana Medrado teve acesso ao
inventário do pai do Barão no qual percebe-se que seus três herdeiros
repartiram entre si 42 fazendas, 11.494 animais entre bois, cavalos e mulas e
91 escravos, dos quais, 55 eram homens com ofícios diversos.
Tal fortuna, difícil de calcular em valores atuais, foi
conduzida de forma distinta entre os filhos de João Dantas. Cícero Dantas,
entretanto, se destacou nesse quesito por ter ampliado ainda mais aquilo o que
recebeu dos pais. Ainda de acordo com Joana Medrado, ao falecer, em 1903, o
Barão deixou para os seus herdeiros 54 propriedades, das quais 45 fazendas
feitas e o restante em mata virgem. 25 dessas fazendas situavam-se na comarca
de Cícero Dantas e algumas no município de Fátima, como Lagoa da Volta, São
Domingos, Queimada Grande, Barriguda e outras.
Moisés Santos Reis Amaral,
Professor há 19 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela
Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em
Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe.
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