O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 9 de maio de 2023

População indígena do sertão baiano no século XVIII.

Imagem ilustrativa.

 

    Os indígenas viveram em paz por esse seco sertão até meados do século XVII. Após a fundação da vila de Massacará em 1639, outras missões foram sendo estabelecidas na área.

          Nas disputas de abordagem entre jesuítas e colonos, os índios perdiam duplamente. Para os primeiros, perdiam a liberdade, o direito de seguirem suas crenças originárias e mesmo o direito de ir e vir. Para o segundo grupo, perdiam a preciosa terra, cobiçada por sesmeiros sedentos de áreas para produzir sua riqueza.

          Por falta de terras ou de liberdade, os indígenas foram desaparecendo, diminuindo paulatinamente o contingente populacional à medida que a estrutura colonial se fortalecia no sertão, sobretudo durante o século XVIII.

          De acordo com Mônica Dantas, na vila de Natuba (atual Nova Soure) em 1717 registrava-se 800 índios, em 1759, esse número caiu para apenas 105 casais. O mesmo fenômeno se repetia na vila de Canabrava (Ribeira do Pombal) que, em fins dos anos de 1700, registrava 900 índios, número que despencou em 1850 com apenas 94 casais de indígenas.

          Com as mudanças impostas na colônia pelo Marquês de Pombal, encorajava-se a criação de vilas para que a população de colonos pudesse aumentar. A incorporação de índios à população colonial também configurou artimanha para subjugar os indígenas.

          A miscigenação tornou mais palpável o argumento de que ali não existia mais “índios puros” e foi possível atribuir a eles os estereótipos até hoje utilizados contra essas etnias.

          A eles atribuíam-se características pejorativas como preguiça, indolência e selvageria. Enquanto a retórica buscava a validação, as ações de bastidores se encarregavam de confinar os índios em áreas cada vez menores.

          Essas populações, hoje habitam uma pequena fração das áreas de terras que “possuíam” no início da colonização. Se a terra não faz parte do arcabouço da sua herança, as caricaturas a eles imputadas permanecem como um fardo do legado a eles deixados.


Moisés Reis, Professor há 21 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço e dos livros Fátima: Traços da sua Histórias e O Embaixador da Paz.

 

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